sexta-feira, agosto 07, 2009

Letreiros 15 - Especial francesinhas

O nº15 da minha série de letreiros exóticos, tem uma edição especial dedicada às francesinhas.
Para quem não saiba (se calhar pouca gente), estou a referir-me a uma iguaria típica aqui do burgo. É assim:

Um pouco por todo o lado, quando chega o Verão, há festivais de francesinhas.
Montam-se umas barraquinhas, põem-se umas mesas e lá vai muito pessoal dar ao dente e à goela.
Pessoalmente, embora goste deste petisco (e até faço em casa), nunca fui a nenhum destes festivais. Pela indicações que tenho, aí comem-se francesinhas de pior qualidade.
Mas, aqui perto, está montado mais um destes certames.


Dando uma volta pelo recinto, encontrei matéria para nova série de letreiros mais ou menos extravagantes. De facto, os "fabricantes" presentes, competiam não só com a qualidade das ditas francesinhas como pelo arrevesado dos nomes das suas empresas.
Ora vejam:







quinta-feira, agosto 06, 2009

Eleições à porta, seja Deus louvado...

foto Peciscas
foto Peciscas
foto PeciscasDuas pequenas ruas de Rio Tinto.
Por onde passa relativamente pouca gente, pois não são vias de acesso a outras vias. São duas pacatas zonas residenciais, já bem antigas.
A Câmara Municipal, pressurosamente, coloca outdoors (não são simples placas informativas), a anunciar obras naquelas ruas.
Como se vê, as obras ainda nem sequer começaram.
Mas a publicidade foi afixada numa rua que, essa sim, tem grande movimento. Por ali passam milhares de veículos e peões, diariamente.
Enfim, eleições à porta, o que quer dizer que a propaganda eleitoral, se faz de muitas formas.
E à custa do dinheiro dos munícipes, claro!

quarta-feira, agosto 05, 2009

Irritante...

foto Peciscas Falei-vos. no último fim de semana, nos espectáculos de ópera que a Câmara de Valongo promove.
No passado sábado, lá fui, assistir à edição 2009 que, desta vez não foi ao ar livre, dada a instabilidade do tempo.
Foi um excelente espectáculo, que correu muito bem, à excepção do momento em que, no meio da interpretação de uma ária, se ouve na sala,sobrepondo-se à orquestra, o irritante e insistente toque de um telemóvel. Ainda por cima fazendo soar uma daquelas musiquinhas arrevesadas que o utente da maquineta acha, certamente, muito bonitas...
Imediatamente o maestro suspendeu o concerto, ficando ele, os músicos e os cantores, imóveis, durante largos segundos.
Não sei se, para o(a) utente do telemóvel, o acontecimento serviu de lição. Mas não serviu, certamente, para outro(a) espectador(a) que, mais adiante, recebeu um toque a acusar entrada de mensagem.
Bolas! Desliguem lá essas coisas e consigam passar um tempinho sem esses "cordões umbilicais tecnológicos " que parece que já fazerem parte do nosso organismo...

terça-feira, agosto 04, 2009

Amoras silvestres

foto Peciscasfoto Peciscas Estas amoras silvestres com que me deparo num dos locias por onde passo nas minhas caminhadas diárias trazem-me evocações.
Recordam-me as épocas dos inícios da Humanidade, onde as populações eram essencialmente colectoras, vivendo sobretudo dquilo que a terra produzia expontaneamente.
Recordam-me os meus tempos de menino, quando as apanhava, quentes, cheias de pó, mas que saboreava com deleite, doces e sumarentas.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Adeus B.

Conheci o B. no último ano em que estive na direcção da escola onde trabalhei.
Era um "aluno problemático", oriundo de uma "família desestruturada".
Frequentemente, o B. vagueava pela escola (onde vinha sobretudo para almoçar e merendar), não ia às aulas e praticava pequenos delitos. Era agressivo (principalmente quando o tratavam pelha alcunha que já vinha da família, pois pouca gente conhecia o seu nome próprio), subtraía objectos e mentia sobre tudo e nada.
Diga-se de passagem, que os professores da turma onde estava colocado, preferiam vê-lo fora da sala. Por isso, quando eu o apanhava a "vadiar" e o obrigava a ir para a aula,os meus colegas "torciam o nariz".
Quando o B. era conduzido ao meu gabinete, porque tinha atirado mais uma pedra a um colega ou porque tinha roubado uma esferográfica ou um estojo ou um relógio, era certo e sabido que começava por gritar a sua inocência, ao mesmo tempo que tremia quase convulsivamente.
Reparava, então, que na velha e suja mochila, não havia mais do que uma capa de argolas sebenta, com duas ou três folhas com algumas garatujas.
O B. , ao fim de seis anos de escolaridade no 1º ciclo, quase não sabia escrever.
Tive de o castigar, mais do que uma vez, aplicando os regulamentos disciplinares em vigor. Algumas vezes o levei a casa, situada num bairro social.
Mas eu sabia que o B. estar uns dias suspenso da frequência da escola, pouco adiantava. Ele regressava e voltava a prevaricar.
Aliás, este comportamento desviante, era estimulado pela própria família. O pai, alcoólico e a mãe, vivendo apenas do rendimento mínimo, davam cobertura aos "desvios " do filho, de que até tiravam partido.
Recusei-me a acreditar que o B. não tinha solução.
Assim, quando deixei o cargo de Presidente do Conselho Executivo, fiz questão de colocar o B. numa classe. de que seria professor e director de turma.E enfrentar o desafio que o B. constituia.
E aí, com a colaboração da excelente equipa de professores que me acompanhava, com avanços e recuos, conseguimos, pouco a pouco, que o B. se fosse modificando.
Por exemplo, arranjei-lhe um cacifo, de que só eu e uma funcionária tínhamos a chave, para guardar o material escolar que lhe era distribuído. Assim, o B. teve cadernos e livros durante todo o ano pois não os levava consigo no fim das actividades escolares.
Nas aulas, que passou a frequentar assiduamente, todos ajudavamos o B. a superar as imensas dificuldades de aprendizagem que carregava.´Foi transitando de ano. Certamente que, não tenho problemas em o reconhecer, concedendo-lhe o "facilitismo" que era condição básica para que o B. sentisse algum sucesso e subisse um pouco a sua auto-estima.Aliás, ainda um dia hei-de aqui falar sobre essa candente questão do facilitismo...
Estive com ele dois anos.
O B. transfigurou-se. Deixou de cometer esses delitos de outrora. A comunidade escolar deixou de ter motivos para trazer o B. sempre "debaixo de olho". "Quem o viu e quem o vê" dizia muita gente.
Ultimamente estava a tentar concluir um Curso Profissional.
Mas, decididamente, o B. nasceu do lado errado da vida.
Na semana passado, foi até à praia. A notícia que veio no jornal, falava de um jovem, aparentando 18 anos, que para ali fora sozinho, sem qualquer documento. Morreu afogado e foi conduzido para o Instituto de Medicina Legal. Só mais tarde seria identificado.
Ao fim do dia, uma colega ligou-me a dar a triste novidade.
O B. chegara ao fim da sua rápida e atribulada existência.
Fui levar-lhe um ramo de flores.
O B. estava com ar sereno. De gravata.
Terá sido a única vez que usou gravata.
Adeus B.
Tentámos ajudar-te. Mas há coisas que parecem não se poder contrariar.