sexta-feira, abril 29, 2005

VALERÁ A PENA?

No tapume de madeira que escondia a construção de mais um prédio, naquela rua sem graça, alguém desenhou, com giz branco, uma flor.
Nem sequer era muito original ou belo o desenho. Uma rosa, talvez, em traço estereotipado de postal ilustrado.
Quem ali a abandonou, não deixou assinatura, nem qualquer outra mensagem.
Por isso, invento histórias a propósito daquela flor sem tempo nem identidade.
Teria sido um namorado que extravasou uma súbita ternura que já não cabia no peito?
Ou um vagabundo, sem eira nem beira, que apenas queria abanar um pouco o seu quotidiano sem horizontes?
Ou teria sido a criança que tirou do bolso o pedaço de giz que sorrateiramente trouxe da escola e apenas quiz dar corpo à inocente transgressão?
Pessoas que passam, apressadamente, naquele fim de tarde, a caminho de casa. Quem repara na florzeca sem importância? Que valor tem?
Tão efémera que o tempo facilmente a apagará. Amanhã, talvez já não exista.
Valerá a pena, por isso, inventar histórias a seu respeito?

quinta-feira, abril 28, 2005

CUIDADO COM OS COLETES

Segundo o que li no JN, há por aí quem tenha comprado coletes reflectores, que vão ser obrigatórios, pelo novo Código da Estrada, a partir de 23 de Junho, que não estão dentro das normas.
Quem quiser conhecer, com maior profundidade a norma E 471 que regula os coletes tem de comprá-la (!) no Instituto Português da Qualidade. Também pode ir ao site da DGV e ler o esclarecimento que lá se encontra sobre o assunto.
Muito importante - o colete tem de ter uma etiqueta, sem o qual não será válido junto das autoridades.
Image hosted by Photobucket.com
Indicações que têm de constar nesta etiqueta:
1 - nome, marca comercial ou outro meio que permita identificar o fabricante ou o distribuidor;
2 - marca de certificação CE;
3 - organismo de certificação;
4 - níveis de desempenho, ou seja limites das dimensões do corpo a que pode ser aplicado;
5 - pictograma que indica a classe da área do material de grande visibilidade e a do material reflector; no caso desta etiqueta, refere também a norma europeia e a composição do tecido;
6 - designação do tamanho;
7 - recomendações de lavagem;
8 - designação do tipo de produto, nome comercial ou código (é este o caso da etiqueta reproduzida).
Como houve gente que se precipitou a comprar o produto, antes de haver normas para o mesmo, corre agora o risco de ter gasto o dinheiro e não estar servido ( a Brigada de Trânsito já disse que não iria contemporizar) .
Por isso, já vi, numa grande superfície, coletes que estavam à venda, sem etiqueta, que se notava ter sido arrancada. Presumivelmente por algum chico-esperto que levou a etiqueta, para a aplicar num colete que a não teria...

quarta-feira, abril 27, 2005

ANIMAIS E TRIBUNAIS

Algumas histórias que nos mostram como, sendo os animais "nossos amigos", se podem tornar em motivos de lutas judiciais.
GALINHAS

Image hosted by Photobucket.com
Os donos de um galinheiro foram acusados por um vizinho de danos de insalubridade e incomodidade. Foram absolvidos em tribunal. O vizinho recorreu para a Relação, a qual negou o recurso, afirmando "todos temos de pagar algum preço por andarmos vivos".
POMBOS

Image hosted by Photobucket.com
Uma mulher ameaça ir a tribunal por causa do pombal de um vizinho que a incomoda.

OVELHAS E CARNEIROSImage hosted by Photobucket.com
Um rebanho de ovelhas e carneiros esteve penhorado dez anos por causa de um processo inataurado por um organismo público.
Quando o tribunal decidiu que os animais deveriam ser restituidos aos proprietários, a maioria já tinha morrido.
CÃES
Image hosted by Photobucket.com
A duas famílias calhou ter desaparecido, no mesmo dia, dois cães da mesma raça e com o mesmo aspecto. Mais tarde, um desses cães apareceu e foi reinvindicado pelas duas famílias. Cada qual dizia que era o seu cão. A GNR tentou resolver a questão colocando o animal perante a resposta ao chamado de uma e outra das reclamantes. O cão decidiu-se por uma delas, mas nem assim as coisas se resolveram. A preterida continuou a insistir na propriedade do canídeo, colocando mesmo a questão de se realizarem testes de ADN.
Pergunto eu - será que os que continuaram a protestar querem provar que o cãozinho tem o mesmo ADN da família?

terça-feira, abril 26, 2005

O MEU 25 CHEGOU A 26

Deveria ser hoje a minha comemoração do Dia da Liberdade.
Com efeito, há 31 anos, estava em Timor. E foi já na madrugada do dia 26 de Abril (não se esqueça que lá são 7 horas e meia mais tarde do que aqui) que fui acordado por um colega que tinha ido comandar uma coluna de abastecimentos à montanha e, ao regressar ao quartel tinha sabido que "havia qualquer coisa em Lisboa".
É claro que lá em casa, ninguém mais dormiu. Mas só sabíamos que "havia qualquer coisa e que o Spínola estava metido nisso".
Nesse momento, sem mais informações, colocávamos todos os cenários possíveis. Seria um golpe de direita? Seria a almejada revolução?
De manhã, já no quartel, as informações continuavam a ser escassas. Os oficiais de maior patente, silenciosos e inquietos.
Quando tal, através das comunicações militares, ouvimos a proclamação da Junta de Salvação Nacional. Que tentámos interpretar nas linhas e entrelinhas. Era, naquele momento, a única informação disponível.
E só, pouco a pouco é que se foram conhecendo os verdadeiros contornos dos acontecimentos.
Mas, mesmo assim, só passados dois ou três dias é que se começou a falar mais abertamente da queda do regime.
Não sem que alguns oficiais, mais comprometidos com a anterior situação, tentassem, o mais possível, retardar a alegria que começou a ser evidente nos soldados e nos oficiais milicianos.
Um desses oficiais, um tenente-coronel irmão de uma alta figura política do regime deposto, chegou mesmo a dizer. " Por enquanto, é melhor bater palmas para os dois lados".
Foi por isso que as instalações da pide em Dili ainda funcionaram, normalmente, até 28 ou 29 de Abril, imaginem!

segunda-feira, abril 25, 2005

SEMEAR ABRIL

Image hosted by Photobucket.com
Neste dia, muita gente vai escrever coisas sobre o 25 de Abril.
Poderia, também, escrever bastantes palavras, contar experiências, recordar pessoas.
Outros o farão hoje, e melhor do que eu.
Eu hei-de fazê-lo noutros dias.
Porque o 25 tem de ser todos os dias.
Para hoje só queria uma imagem para assinalar aqui a data histórica.
Procurei. Encontrei muitas.Conhecidas.Ou não.
Mas,de repente,apareceu uma que era diferente. Pela mão da colega Piedade, de que apenas fico a conhecer o nome e o nome de uma escola onde trabalhou. Mas fiquei a saber que a Piedade é uma das pessoas que semeia Abril naquele que pode ser o melhor e mais produtivo canteiro - as crianças.E foi aqui , afinal, que encontrei a melhor imagem de Abril