sexta-feira, janeiro 06, 2006

NÃO ME MINTAS

Portugal está a transformar-se, paulatinamente, numa terra de gente passiva, conformada, sem curiosidade, sem necessidade de ultrapassar as fronteiras que lhes impõem.
E isso é mau. Conduz à estagnação, ao deixar andar, ao imobilismo.
Uma das responsabilidades disto, cabe à Escola, à Educação.
Estamos a formar jovens sem sentimento crítico, sem capacidade de descobrir, sem empenhamento no enfrentar de desafios, abúlicos, em resumo, no sentido mais amplo do termo "preguiçosos".
Este admirável poema do Tê que o Rui musicou impecavelmente, fala um pouco disso.
Temos de inverter o rumo. Fazer crer aos nossos jovens que é importante "perceber os pássaros", "saber por que dão seda os casulos", no fundo, que é decisivo para o seu futuro colectivo saber "saltar muros e fronteiras"!

Eu queria unir as pedras desavindas
Escoras do meu mundo movediço
Aquelas duas pedras perfeitas e lindas
Das quais eu nasci forte e inteiriço

Eu queria ter amarra nesse cais
Para quando o mar ameaça a a minha proa
E queria vencer todos os vendavais
Que se erguem quando o diabo se assoa

Tu querias perceber os pássaros
Voar como o Jardel sobre os centrais
Saber porque dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais

Conta-me os teus truques e fintas
Será que os Nike fazem voar?
Diz-me o que sabes e não me mintas
Ao menos em ti posso confiar

Agora diz-me o que aprendeste
De tanto saltar muros e fronteiras
Olha para mim e vê como cresceste
Com a força bruta das trepadeiras

Põe aqui a mão sente o deserto
Cheio de culpas que não são minhas
Ainda que nada à volta bata certo
Eu juro ganhar o jogo sem espinhas

Tu querias perceber os pássaros
Voar como o Jardel sobre os centrais
Saber porque dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais


Letra -Carlos Tê
Música -Rui Veloso

quinta-feira, janeiro 05, 2006

HISTÓRIA DE UMA CLEMENTINA

Fazer o filho
Escrever o livro
Plantar a árvore

Tive o privilégio de já ter conseguido cumprir estas três metas que o Eça definia para a vida de um homem.
E, entre elas, há todo um mundo de pontos de contacto.
Fazer o filho, começando no amor que é o seu prenúncio, a euforia da notícia do teste positivo, a primeira ecografia onde se fica a conhecer o sexo,depos, o primeiro grito para a vida.
Escrever o livro, começando na ideia, nas palavras que brotam dia a dia, às vezes sofridas, às vezes fluentes,as primeiras provas, e o primeiro exemplar que nos chega, colorido, cheirando a tinta.
Pantar a árvore, começando por escavar a terra, adubá-la,ver nascer as folhas e depois as flores, palco de bailados de insectos que as vão fecundar e logo as flores a murchar, os carpelos a crescer, o fruto a colorir-se até ao momento da colheita.
Em todos estes três acontecimentos, a magia e o encantamento da criação.

Aqui fica a história da clementina cujo nascimento e crescimento acompanhei e que colhi a família saboreou no dia de Natal.







quarta-feira, janeiro 04, 2006

PORTUGUÊS EXPEDITO


Um cidadão tem carro mas não tem garagem.
Tem gosto na viatura e não quer deixá-la ao relento.
A solução é fácil.
Ocupa um passeio, monta um toldo, coloca mesmo umas pequenas rampas para facilitar o estacionamento e... tem o problema resolvido.
Como se vê pela imagem anexa...
Pimba!

terça-feira, janeiro 03, 2006

segunda-feira, janeiro 02, 2006

UMA HISTÓRIA (quase) INFANTIL - 5

(continuação)
Episódios anteriores:
- primeiro
- segundo
- terceiro
- quarto
Perante a revolta popular que estava em crescendo, a aristocrática tia moveu as suas influências mais fortes, junto dos que mandam na "defesa da ordem pública".
Era preciso cortar o mal pela raiz.
Então foram destacadas forças de segurança para repor as coisas no seu devido lugar, ali na cozinha do Senhor Peciscas.


Até os guardas se sentiam tocados por aquele amor simples de duas pessoas que, afinal,eram gente do povo, como eles próprios o eram.
Mas, que fazer? Ordens são ordens.
E lá foram aconselhando os populares a retirarem-se dali.
E eles lá continuaram, a caminho do mercado, ainda resmungando e olhando de soslaio.


(continua)

domingo, janeiro 01, 2006

TODOS OS ANOS, NA SALA DOURADA...

...bem no centro de Viena, realiza-se o tradicional Concerto de Ano Novo, normalmente composto por peças dos Strauss e que a televisão transmite (este ano, estranha e lamentavelmente, a RTP só o apresenta à 1 da manhã) .



No Verão passado tive a oportunidade de assistir, nessa sala,a um concerto com músicas de Mozart e Strauss (que, alás, hoje integraram ambos o programa da Filarmónica de Viena já que, 2006, na Aústria, é o ano Mozart, comemorando-se os 250 anos do seus nascimento).
Como é habitual , tudo termina com a Marcha Radetzky acompanhada pelas palmas do público.
Ouçam a música e vejam a imagem que obtive na minha passagem por lá (neste caso sem a magnífica decoração de flores naturais que lá aparece no primeiro dia do ano).