sexta-feira, junho 19, 2009

Artimanhas do consumismo

Conta-se que, há uns anos, um homem contactou o grande fabricante de pastas dentífricas Colgate, oferecendo-lhe uma estratégia que faria aumentar os lucros da empresa de modo significativo.
Após algumas reservas da multinacional, o homem lá conseguiu convencê-la a assinar um contrato. O homem ganharia uma percentagem dos lucros, se conseguisse subir as vendas da pasta em x%. Se não, nada ganharia.
Depois de estabelecido o acordo, chegou a altura de o homem revelar qual seria o segredo para o acréscimo de vendas. Então, o inteligente cidadão disse apenas isto:
-Aumentem em 1 milímetro o diâmetro do tubo por onde sai a pasta.
De facto, a ideia comprovou-se ser genial. Realmente, os consumidores lançavam sobre a escova sempre o mesmo comprimento de pasta. Aumentando o diâmetro, é claro que se gastava mais pasta. O consumidor, que só reparava no comprimento da pasta que espremia para a escova, apenas dava conta que o tubo chegava ao fim mais depressa...
Não sei se a história é verídica.
No entanto, continuo a descobrir estratégias dos fabricantes para nos "levarem no embrulho".
Reparem nesta imagem, que representa o interior de um tubo de pasta dentífrica, perto da saída.

foto Peciscas Como vêem, o fabricante mandou colocar ali uma pequeno tubo que se prolonga para o interior. Assim, quando se chega perto do fim, ficará ali sempre retida uma certa porção de pasta, que já não será utilizável, a não ser que se corte o tubo (coisa que a maioria das pessoas não fará, mas que eu aprendi a fazer: dá para mais uma meia dúzia de lavagens).
Quando a gente compra a pasta, o tubo parece grande. Mas, vistas bem as coisas, pelo menos um centímetro é para desperdiçar.
Enfim, artimanhas do consumismo...

quinta-feira, junho 18, 2009

Recomendações pouco menos do que inúteis

Estamos em plena época de exames do 12º ano.
O GAVE, gabinete do Ministério da Educação que superintende nesta área, achou por bem divulgar um conjunto de informações e recomendações dirigidas aos alunos, que, muitas vezes, raiam a menorização das capacidades intelectuais dos jovens a quem é suposto exigir um mínimo de maturidade à entrada para um curso superior (p. ex."visitar a página do GAVE para verificar a hora a que tem início o exame" ...).
Por outro lado, a quem está nesse gabinete, falta a experiência de campo para entender que , na esmagadora parte dos casos, os alunos não ligam grande coisa a discursos e recomendações, que mal escutam ou mal lêem.
Vejam, por exemplo em
"avaliar criticamente o resultado a que se chegou (a resposta que vai ser apresentada é razoável?)."
Era bom que o aluno comum, ainda por cima, nas condições de tensão determinados pela situação de exame, possuísse, bem apurada, a capacidade de avaliar criticamente a resposta. Aliás, a aquisição dessa capacidade só pode ocorrer perante metodologias de ensino abertas, estimuladoras do exercício do raciocínio, da argumentação, da investigação, da liberdade de contraditar. Ora, o que cada vez mais predomina nas nossas escolas é a repetição monocórdica de informações, em exposições unilaterais que tendem a transformar os jovens em passivos depositários de conhecimentos.
Mas isto o Ministério (e muitos professores, por arrasto ou por imposição) , está longe de entender, pois o que lhe interessa fundamentalmente, são números, estatísticas.
Por tudo isto, estas "recomendações" do GAVE, até poderão ficar "bem na fotografia" para quem está menos informado sobre a realidade do Ensino. Mas, de facto, para quem sabe o que se passa, só poderão merecer um sorriso condescendente.

quarta-feira, junho 17, 2009

Se puderes ver...

A urbanização onde moro, vai para dez anos, foi implantada numa antiga quinta, de grande extensão.
É um local calmo, tranquilo, onde ainda é possível escutar o canto dos pássaros e onde a natureza ainda consegue ser desfrutada com alguma qualidade.
No entanto, tudo pode mudar a breve trecho.
Com efeito, há um projecto para a construção de um grande canil, que ficará bem perto das residências, num espaço onde, para além do mais, há linhas de água que, de acordo com a lei, deveriam ser protegidas.
Os moradores andam preocupados. Nada os move contra os animais. Pelo contrário. Pensamos que o seu direito a uma existência digna e saudável deve ser assegurado. Espaços como o que se pretende construir, são indispensáveis a esses propósitos.
No entanto esse direito não pode colidir com o direito à tranquilidade dos cidadãos.
É que um equipamento desse tipo, todos sabem, traz consequências: desde logo o ruído (sabe-se que um conjunto numeroso de cães a ladrarem simultaneamente, provocam um efeito sonoro, em cadeia, bastante incomodativo). Mas há outras que são quase inevitáveis: odores desagradáveis, atracção de insectos, ...
Por isso, compreendendo a razão de ser do canil, pensam os moradores desta zona que haveria muitos outros espaços disponíveis, longe de áreas residenciais, onde os animais ficariam protegidos e tranquilos, com vantagens para todos.
Aliás, este projecto já foi recusado no Porto e em Gaia. Mas, no reino do Major Valentim, as coisas sempre se arranjam. Até porque o senhor vive, tranquilamente, numa das mais caras avenidas do Porto. Se ele morasse por aqui...
E as coisas são de tal forma que, na própria Câmara Municipal de Gondomar, não facultam (contra o que a lei define) a consulta do projecto, nem dão quaisquer informações sobre o que se passa. Anda tudo envolvido em mistério, o que não prenuncia nada de bom.

Para amanhã, quinta-feira, no programa "Nós por cá"da SIC, entre as 19 e as 20 horas, está prevista uma reportagem em directo, no local onde parecem já ter começado as obras, para se falar nesta questão. Os moradores vão lá estar presentes.
Como diz o cartoonista Onofre Varela, que também mora aqui:

"Nós gostamos de animais.

Mas não vivemos na selva".

terça-feira, junho 16, 2009

Só duas estações

Dantes, havia por cá quatro estações, com características bem marcadas.
Actualmente, com o avanço da poluição, as condições climatéricas estão em acentuada mutação. Como é bem visível nos dias que correm.
De tal modo que, aqui em casa, já concluímos que, muito em breve, bastarão duas estações para caracterizar a metereologia.
E até já temos nome para essas duas estações.
Qualquer coisa como Outerno e Primerão.

segunda-feira, junho 15, 2009

Ronaldo e a Matemática

Muita gente se espantou com desmesurado volume de euros envolvidos na transferéncia de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid.
Mas, no mínimo, houve aqui um factor positivo.
É que esta situação determinou um conjunto de exercícios matemáticos que não posso deixar de realçar.
Em jornais, em revistas, em televisões, na rádio, foram apresentados os mais variados cálculos.
Quanto vai ganhar Ronaldo, por minuto, por hora por dia, por mês.
Quantos Ferraris se poderiam comprar com a verba envolvida. Quantos relógios Rolex. Quantos Maradonas. E também quantas escolas se poderiam construir com esse dinheiro.Quantos etíopes poderiam ser alimentados até ao final do ano (8.6 milhões). Quantos parques naturais poderiam ser geridos.
Como antigo professor de Matemática, só tenho que me congratular com esta exercitação matemática que pode contribuir para a melhoria dos conhecimentos nesta área.
Aliás, se o Ministério da Educação estiver atento, não deixará de aproveitar esta oportunidade, incluindo este tema no chamado Plano de Acção para a Matemática.
E, como penso que o Ministério está mesmo atento, lá mais para diante, quando constatar, novamente, que os resultados em matemática melhoraram (bruxo...), vai acrescentar aos seus tão (auto)apregoados méritos a benéfica transferência do jogador madeirense.
Bem hajas Cristiano, que ainda vais ser considerado um vulto da cultura nacional.