
Por estranho que pareça, quando vivi em Timor, durante dois anos, raramente comi peixe.
Isto, apesar de Dili ficar situada à beira-mar, ter um porto, praias.É que a sua indústria de pesca era menos do que artesanal. Pequenos barcos (quase sempre umas canoas rudimentares designadas por "beiros", algumas redes de pequena dimensão e era tudo.
Aliás, quando cheguei ao território e comecei a dar aqueles tradicionais passeios pela marginal que nos ocupavam as noites, via no mar, à distância de uns 100 metros da praia, uma luzitas a tremeluzir. Perguntei aos colegas que me acompanhavasm sobre o significado daqueles clarões.
Foi-me, então, explicado, que eram os pesacadores que usavam os candeeeiros conhecidos por "petromax", para encandearem os peixes, que, assim, vinha até à superfície. Então, o pescador dava-lhes uma paulada e pronto. Ou seja, pescava-se à cacetada.
É claro que havia quem pescasse com rede. Mas era pouco o pescado que se capturava.
Assim o pouco que aparecia era sobretudo encaminhado para os hotéis. Fora deles, era raro haver possibilidades de se comprar um peixito.
A música com que ilustro este post, chama-se Ina Lou (Mãe querida) e foi gravada, nos anos setenta, por um grupo de timorenses residentes em Portugal , os "Loro Sa´e".