sexta-feira, janeiro 21, 2005

APROVEITEM! VOU NOMEAR AMIGOS(AS) PARA CARGOS IMPORTANTES!

Como se sabe, generalizou-se o salutar hábito de, os políticos que estão em vias de abandonar o poder, procederem à nomeação dos seus amigos e correligionários, para cargos importantes. E fazem-no, até ao último minuto dos seus mandatos.
Inspirado por essa tão louvável atitude, também, não quero ficar atrás!
Assim, comprometo-me, desde já, a nomear, amigos, familiares ou simples conhecidos, para cargos de chefia, existentes ou a criar. Com carácter de urgência e por conveniência inadiável de serviço.
Tenho ao vosso dispor muitos lugares. Director-Geral, Presidente de Instituto, Assessor, ... Repito, de organismos existentes ou a criar.
Por exemplo, o Finúrias, do Blogue do Cagalhoum, se não se puser de fora, será nomeado para a Direcção Geral da Evacuação Social. A Helena, do Soshana no Céu e na Terra, irá para o Instituto da Terra e do Ar. O Pedrolopes do Cumentarius Ingnurantes, sera, inevitavelmente, Director-Geral do Ensino Básico.Para a Seila dos Intervalos, estava a pensar na assessoria do Ministério dos Assuntos Lúdicos ( a criar) . E por aí fora.
Deste modo, apelo a todos os visitantes deste blogue, amigos, membros da família ou público em geral - se queres aproveitar a onda, enquanto é tempo, deixa aí, na zona de comentários, o teu cartão de visita.
Podes contar com a nomeaçãozinha!
Se calhar vai ser dificíl bater os recordes que têm sido divulgados por aí nos órgãos de comunicação de quem já fez ou fará este tipo de coisas.
Mas não custa nada tentar...
Conto convosco!

Nota - Brevemente, neste mesmo local, em DP (Diário das Peciscas) será publicada a lista completa das nomeações e respectivos cargos, para quem aqui se fizer lembrado(a).

quinta-feira, janeiro 20, 2005

OS HOMENS-ESTÁTUA ANDAM POR AÍ!

Piazza Navona Roma

Aparecem onde menos se espera.
Misturam-se com os outros.
Mas estão parados. No tempo e no espaço.
Porém, usam de algumas habilidades, para que os outros pensem que estão em movimento.
Parecem caminhar, resolutamente, em direcção ao futuro.
Sorriem. Sorriem sempre.
Aguentam o sorriso durante longos minutos.
Porque treinam, porque conhecem as técnicas, ou alguém lhas ensina.
Por vezes, usam pequenos estratagemas, para aliviar a tensão que a imobilidade prolongada acaba por lhes provocar.
Compõem a imagem.Optimista, para cativar quem esteja ao seu alcance. Para prender a atenção.
Parece que falam mas estão em silêncio. Porque as palavras não são importantes.
Importante é a imagem.
O fato. O estilo.O ar confiante. O gesto convincente.
E convencem muita gente.
Que passa, pára e fica atraída.
À frente, têm uma caixa.
A caixa é o objectivo principal.
Nela, conforme o previsto, acabam sempre por cair as moedas.
Ou,
...os votos.
Reparem bem! Eles andam por aí.
Os homens-estátua.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

OBSCENIDADES...

Por coincidência (ou talvez não...) na primeira página do Jornal de Notícias de ontem, dois pequenos subtítulos.

O primeiro:
"Um sexto da população mundial vive com menos de 1 euro por dia"

O segundo:
"Nova lei duplica subvenções estatais.
Cada voto rende 2,5 euros ao partido"

Depois, já no interior do jornal (página 3):

"20% da população é pobre" (dois milhões de portugueses vivem abaixo do limiar europeu da pobreza)

Peço desculpa aos leitores do PECISCAS, pelas obscenidades contidas neste "post"



terça-feira, janeiro 18, 2005

AS ESCOLAS NÃO PODEM FICAR À ESPERA DE DECRETOS PARA MUDAR AS SUAS PRÁTICAS



Para quem se interessa pelo ramo,
recomenda-se a leitura da
entrevista de Manuel António Silva
à Página da Educação.

AINDA HÁ POR AÍ QUEM PENSE...


Em Portugal, a inveja não é um sentimento, é um sistema. E não é apenas individual: criam-se grupos de inveja. Várias pessoas manifestam-se simultaneamente contra a sua iniciativa. Cria-se um ambiente de inveja. Um grupo determinado age segundo os regulamentos da inveja."
... ...
"Nós temos uma pobreza enorme de expressão em relação à nossa existência. O que sabemos de nós, hoje, é pouquíssimo. Por exemplo: o que uma mulher pode sofrer, com a sua condição de inferioridade social, com os dramas domésticos... Tudo o que se diz, mesmo o que aparece na literatura, não exprime o que ela poderia sentir, e acaba por fazer com que ela não possa sentir o que verdadeiramente sente."

José Gil, português, considerado pela revista "Nouvel Observateur" um dos grandes 25 pensadores de todo o mundo, em entrevista à "Pública" de 16 /01/2005

segunda-feira, janeiro 17, 2005

SARILHOS DE FRALDAS

Veio-me à memória este título batido (como diria o Sérgio Godinho), a propósito do afã com que o ministro Bagão defende a redução do IVA para as fraldas descartáveis. Era o título de um filme piroso (os mais novos nunca terão ouvido falar) com duas vedetas do nacional-cançonetismo da época.
Invoca o ministro, designadamente, que não se conforma com o facto de os preservativos terem um imposto de 5% e as fraldas de 19%.
Vou, desde já dizer que não tenho nada contra, até porque não quero contra mim os pais dos bebés que as consomem com abundância. Mas, a minha mãezinha, se fosse viva, diria qualquer coisa como isto "No meu tempo, as fraldas eram de pano, lavavam-se à mão, o que era muito mais ecológico. Não só não se poluia a natureza, como se contribuia para evitar o abate das árvores". Mas. adiante.
O que eu digo é que se baixa o imposto das fraldas, porque é preciso cuidar da saúde das crianças, por que não baixam outros IVAS ? Por exemplo de gravações e instrumentos musicais, de certos medicamentos, de inúmeros produtos alimentares e por aí fora...
É que é preciso cuidar de outras saúdes ,incluindo a mental, que é, muitas vezes considerada como um bem menos precioso. Com os resultados que estão à vista...

domingo, janeiro 16, 2005

ATÉ NA DESGRAÇA É PRECISO TER SORTE!

Por esse mundo fora vai uma grande onda de solidariedade a favor dos povos do sudeste asiático, martirizados pela catástrofe de todos conhecida.
Um pouco por todo lado (inclusivamente na blogosfera), multiplicam-se apelos e iniciativas, mobilizam-se meios e recursos. Individualidades do meio político, artístico, empresarial, aparecem a dar a cara nestas campanhas, que pretendem gerar, nas opiniões públicas, sentimentos de comiseração que as levem a participar nessas campanhas.
Nada tenho contra esses movimentos e até, em alguns casos, para eles contribuo. No entanto, é preciso não esquecer que, no dia- a - dia do mundo em que habitamos, há milhões de seres que vivem tragédias igualmente terríveis. Mas perante as quais, ou porque elas não conseguem o mediatismo de outras situações, ou , então, porque, por serem tão quotidianas, a elas já nos habituámos, reagimos com alguma indiferença, passandos-lhe ao lado .
E poderíamos falar na fome, nos muitos milhões de seres cuja existência se arrasta na mais penosa miséria, no problema da SIDA, por exemplo no continente africano. E poderíamos falar em tantas coisas mais. Como as guerras que, ao contrário do maremoto e onda gigante, não são catástrofes naturais, mas sim catástrofes criadas por homens, deliberada e friamente. Sem falar, por agora em tantos dos nossos compatriotas que vivem abaixo do limiar da pobreza, como agora se diz (ainda hei-de voltar a isto).
E, nestas campanhas, há sempre uma certa dose de hipocrisia. Ouvimos gente importante a pedir aos cidadãos comuns a sua dádiva. Muito bem - se eu ganhar, por exemplo 1000 euros mensais, e der 20 euros, estarei a contribuir com 2% do meu rendimento. Será que essas pessoas importantes e ricas do mundo farão o mesmo tipo de esforço. E todas o farão ? Com quanto, por exemplo, teria de contribuir o Bill Gates? Ou os príncipes árabes donos de parte do petróleo do planeta. Ou o Senhor Abramovitch ? Para só apontar meros exemplos.
É por isso que, para além destas campanhas, que, para muitos que as promovem acabam também por redundar em proveitosas acções de marketing, fica-me sempre uma sensação de injustiça relativa. Pois há muita gente a quem a solidariedade não chega, talvez por não terem a sorte da sua desgraça ser tão exposta como a de outros.