sexta-feira, setembro 05, 2008

A minha mesa espiritual

Tenho, num recanto da minha casa, uma mesa muito especial.
Na falta da tal capela que não cheguei a poder comprar, a Madame Peciscas reuniu ali alguns símbolos relacionados com a quietude, a serenidade, a tranquilidade.
De certo modo, uma ligação entre a mente e a natureza.
Um candeeiro com uma lâmpada que brilha entre pedras de sal-gema e liberta vapores, que ao que dizem, têm efeito balsâmico para a respiração, uma formação mineral conhecida por "flor do deserto",que a natureza, pacientemente urdiu, ao longo do lento escorrer dos tempos, um pavio de incenso, oriental, uma estatueta de Buda, uma vela odorífera encastrada num pedaço de granito, uma improvisada "árvore da sabedoria" e uma fonte onde circula água, com um agradável e cantante murmúrio.
Naqueles dias em que a agitação e o chamado "stress" mais me tocam, recolho-me um pouco por aquelas serenas bandas.
Não sei se, afinal, aquela mesa não acaba por ser uma espécie de altar...

Para quem puder ouvir, aqui está o murmúrio da fonte:

quinta-feira, setembro 04, 2008

Estudos e mais estudos 1

Nos tempos que correm, abundam os estudos, os inquéritos, as pesquisas.
Mais ou menos sérios, mais ou menos científicos.
Estudos sobre isto e aquilo. Sobre coisas importantes, ou sobre futilidades.
Por exemplo, este fala sobre um gene responsável pela infidelidade masculina...
Outro, visa a qualidade dos autocarros...
Ou sobre a posição do Francês na Internet...
Estudos para todos os temas e para todos os gostos.
Agora vejam este, desenvolvido por cientistas da Universidade de Liverpool, afirmando que o uso da pílula anticoncepcional afecta o olfacto das mulheres e tal anomalia conduz a uma escolha "errada" do "parceiro".
Lendo os argumentos adiantados nas conclusões do estudo, até parece haver alguma lógica nesta ideia.
No entanto...
No entanto, dou por mim a interrogar-me sobre eventuais desígnios subjacentes a este estudo. Não haverá por aqui uma mãozinha que pretende reavivar a campanha contra o uso da pílula em particular e da contracepção em geral?
E essa história da escolha do" parceiro certo" ser apenas fundamentada por razões reprodutivas, não será demasiado "tecnicista"? Quer dizer que os sentimentos, a inteligência, o amor, não serão os factores decisivos de uma "boa escolha"?
Já não falando na preocupação que, a valer este estudo, as mulheres passariam agora a ter: antes de se apaixonarem, deveriam farejar adequada e minuciosamente o candidato a "parceiro".
Posso estar a exagerar, mas, às vezes, nas coisas aparentemente mais inocentes, a velha discriminação da mulher, continua a estar presente.
De facto, vejam bem a diferença: há homens infiéis? Coitados, que culpa têm? É uma questão genética.
Há mulheres que não escolhem o parceiro certo? Culpa sua; deixem de tomar a pílula e tudo se resolverá...

quarta-feira, setembro 03, 2008

Uma história verídica

Um jovem casal, que está a dar os primeiros passos numa vida em comum, depara-se com um pequeno vulto no meio da estrada. Param o carro e vão ver do que se trata.
Era uma gatinha, ainda jovem, mas em muito mau estado. A tiritar, desnutrida,remelosa, suja e parasitada. É quase certo que tinha sido abandonada naquele local ermo.
O animal, vendo que ali poderia estar uma hipótese de sobrevivência, enroscou-se nas pernas da jovem.
Ao contrário do que, se calhar, muita gente faria, os jovens colocaram a gata dentro de um saco e rumaram directamente a uma veterinária.
A bichana foi observada, limpa, alimentada. Saiu com um diagnóstico de "constipação" e uma prescrição de antibiótico. E estava cega de um olho.
Os jovens aviaram a receita, compraram uma pequena casota, alimentos,areia sanitária, toalhetes, soro fisiológico. Gastaram dinheiro que, nesta fase da sua vida, não abunda particularmente.Com um pobre e insignificante animal.
Durante dois dias, não pararam de velar pela recuperação da gata. Dia e noite , estiveram ao pé dela, na tentativa de a recuperarem para a vida.
A Lucky (já tinha nome e tudo) nem sequer era um animal bonito.
Mas os jovens diziam:
-Deixa lá! Os feios também têm direito à vida.
Mas, infelizmente, o animal não resistiu.
Os jovens, sentiram o golpe, de uma forma particularmente intensa.
Ficaram pesarosos por não terem levado a" sua missão" a bom termo.
Esta história verídica mostra que, por muito que se diga em contrário, ainda há, felizmente, muitos jovens com sensibilidade, espírito solidário. Porque quem trata bem os animais, demonstra, desde logo, que possui valores humanos a que, infelizmente, muita gente é alheia.
São histórias como esta que me fazem acreditar que o futuro, afinal, pode não ser tão escuro como às vezes suponho.
Que, no fundo, vale a pena acreditar nas novas gerações e que nem tudo está perdido.

terça-feira, setembro 02, 2008

Vou ser proprietário de uma capela.

Há dias, o JN anunciava que a Direcção-Geral de Impostos, tinha à venda diversos bens penhorados. Entre a longa lista figuravam diversos automóveis, um estádio de futebol (mais propriamente o do Bessa) e, pasme-se uma capela.
Possuir um estádio, talvez fosse aliciante. Mas o preço-base de 28,3 milhões de euros, dissuadiu-me imediatamente da hipótese de o adquirir.
Mas, no que se refere à capela, considero que estou a um passo de concretizar um sonho antigo da minha cara-metade.
É que o imóvel vai a hasta pública por 9,40€.
Não! Não é mesmo gralha!
Por menos de 10 euros, já me vejo proprietário de uma capela privativa, com a Madame Peciscas a desfrutar, finalmente, dessa mordomia.
Afinal, parece que não é difícil constituir património em Portugal.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Esquilos

foto Fernanda Marinho
Foto de Fernanda Marinho

Há uns bons dez anos, passeando pelo parque das Pedras Salgadas, minha aldeia natal, avistei, numa das árvores, um simpático esquilo.
Fiquei algo surpreendido porque julguei que a espécie tinha desaparecido de Portugal.
O animal esteve, de facto, extinto mas voltou, a partir da Galiza. E caminha para sul.
Em 1992, quando o esquilo voltou a ser avistado e fotografado na serra do Gerês, isso foi motivo de festa, sobretudo para os biólogos.
Desde que foi confirmada a sua presença acima do Douro, no final dos anos 80, a espécie expandiu-se e progrediu para sul no território continental, adaptando-se bem à floresta e a zonas de paisagem humanizada.
O exemplar que vos mostro, foi fotografado, um destes dias, perto de um parque de campismo em Belinho, junto à Foz do rio Neiva, em pleno Minho.