sexta-feira, dezembro 11, 2009

Projecto Viva





No nosso dia a dia, há pequenos acontecimentos , que de tão habituais e mecânicos, já não assumem qualquer significado especial para nós.
Por exemplo, abrir uma torneira, lavar as mãos, ou beber um copo de água, ou encher uma panela para cozinhar.
No entanto, mais perto ou mais longe, há outros seres humanos , para quem esse tipo de acontecimentos representam um drama diário.
Porque há locais da terra onde a água é um bem quase inacessível. Obter o precioso líquido (e quantas vezes em condições totalmente insalubres) exige esforços e sacrifícios quase inacreditáveis (como, por exemplo, andar 42 km a pé).
E nós, que abrimos a torneira mecanicamente e só nos damos conta de como a água nos é indispensável quando há avaria na rede e ela deixa de jorrar, que poderemos fazer?
Pequenas coisas, tais como evitar desperdícios inúteis.
Ou, como tive oportunidade de fazer, colaborar numa campanha, como o Projecto Viva.
No supermercado, no momento em que ia pagar as minhas compras, vi que poderia registar mais um artigo: uma garrafa de rótulo azul, vazia, colocada num pequeno escaparate.
Paguei 1 euro pelo registo. Recebi em troca um cartão, que aqui reproduzo.
Será que este gesto sossegou a minha consciência?
Nem tanto. Pelo contrário. Vim do supermercado a pensar em tudo isto. Nas disparidades que ainda subsistem no mundo. E de como são limitadas as capacidades de intervenção dos "comuns mortais" como eu.
Posso supor que aquele euro, junto com outros, poderão ajudar a abrir um poço, numa localidade distante, que nem sei ao certo onde fica. Mas será apenas um poço, que minorará o sofrimento de alguns semelhantes.
Eu sei que estes pequenos gestos, contam.
Mas, mais ainda do que isso, é urgente engrossarmos um largo movimento de opinião e de pressão, para que os "senhores do mundo" sejam capazes dos "GRANDES GESTOS" que esses sim, sejam capazes de alterar significativemte estas tão injustas como injustificadas disparidades.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Ainda a propósito de "tralhas".

Há dias falava aqui sobre a minha dificuldade em me desfazer de algumas tralhas que tenho em casa.
A propósito desse texto, foram-me deixados alguns comentários que sugeriam possíveis destinatários desses materiais, que a eles não podendo aceder por razões económicas, os utilizariam, ainda de modo proveitoso.
Devo dizer que é uma prática a que muitas vezes recorro.
Ou seja, quando sei que tenho algo de que já não preciso e que ainda está em condições de servir a outros, encaminho-o para que não acabe no lixo.
Por exemplo para a associação Emaús que tem um armazém aqui bem próximo.Roupas, mobílias, electrodomésticos, telvisores, já lá deixei bastantes artigos. Eles próprios, quando os objectos são de maior porte, vêm a casa recolher.Por exemplo, quando a minha mãe faleceu, a maior parte do recheio da casa, foi doada a esta instituição.
Por outro lado, no que se refere a artigos de vestuário, já há por aqui perto, contentores, instalados pela autarquia, onde se podem deixar as peças que já não vestimos.
Mas, em tudo isto, há uma condição que eu procuro seguir. Só encaminho o que ainda está em relativo bom estado. Roupa que não está rota. Televisores que ainda funcionam. Mobílias que não estão escavacadas.
Quando se trata de um "mono" já sem serventia, então, chamo os serviços da Cãmara que os recolhem, ou, então, no caso de ter comprado algo novo, peço aos vendedores que levem a peça avariada (são obrigados por lei a fazerem essa remoção).
É que, mesmo quem precisa da nossa solidariedade, tem uma dignidade humana a preservar. Dar-lhes algo que já está significativmente degradado, é, a meu ver, atentar contra essa dignidade.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Guarda-chuvas ecológicos

Nestes tempos de intempérie, dependemos de alguns equipamentos para evitarmos, o mais possível, molhadelas nada agradáveis.
O guarda-chuva ( que os amigos lisboetas e outro pessoal  lá do sul insiste em chamar "chapéu de chuva") é um desses equipamentos.
Mas trata-se de algo que só transportamos quando não pode mesmo deixar de ser. Em geral, se quando saímos de casa não chove, é certo que o dito cujo não segue viagem connosco.E esse facto tem muito  a ver com o facto de ser um objecto incómodo, que se esquece em qualquer sítio e também algo frágil. Basta ver a quantidade de destroços de cabos, varetas e panos que ficam pelas ruas em dias em que os aguaceiros são acompanhados de maior ventania.
Não era esse um problema para os timorenses.
Quando  vivi nesse longínquo território, dei conta de que as populações locais dispensavam guarda-chuvas. Pelo menos esses que se compram nas lojas e são produzidos industrialmente.
De facto, quando a chuvada era maior, os timorenses resolviam o problema muito facilmente. Iam-se a uma bananeira e cortavam uma das suas largas e impermeáveis folhas, mantendo o longo pé.
Assim se abrigavam. Com a vantagem de, passado o temporal, a folha poder ser abandonada, sendo facilmente decomposta pela natrureza.
Era, então, uma protecção prática e ecológica.