sábado, abril 02, 2005

CAMUS, O FUTEBOL E OS INTLECTUAIS DE PACOTILHA

Albert Camus, grande escritor e pensador francês do século passado, disse um dia que tinha aprendido muito sobre os homens assistindo a jogos de futebol.
Vem isto a propósito de certos pseudo-intlectuais (usam os grandes vultos da cultura como referências superficiais, já que deles pouco ou nada sabem) que desdenham daquilo que consideram gostos menores dos outros mortais.
Conheci, em tempos, um desses exemplares que passava a vidinha a falar de teatro, de cinema, de revistas culturais, de livros (se calhar dos quais lia pouco mais do que as badanas).
Image hosted by Photobucket.com Certo dia, encontrei-o, num autocarro, a caminho do defunto estádio das Antas, onde eu ia ver um jogo para uma competição europeia. Primeiro tentou fazer de conta que não me estava a ver. Mas, não teve sorte porque eu chamei-o :" Tens aqui lugar".
Ele lá veio, e, sem que eu dissesse mais nada, lá se foi justificando. Citou a referida frase do Camus e explicou que só ia para as redondezas do estádio, para ver o ambiente e estudar o comportamento dos adeptos. Eu só lhe disse que ia ao futebol, simplesmaente porque gostava...
Lá saímos do autocarro, ele:"Então bom jogo!" e eu :"Então, boa observação"!
Resta apenas dizer que, alguns minutos depois, descortinei o dito cujo num pequeno magote de pessoa, que tentava comprar bilhetes para o jogo... a um candongueiro!

sexta-feira, abril 01, 2005

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Um amigo do peito acaba, nem mais nem menos, de me ceder cinco bilhetes para o concerto dos U2 em Lisboa, já que, muito brevemente, vai para um país asiático cumprir um contrato de trabalho de um ano..
Um dos bilhetes, será para o meu herdeiro, como é óbvio.
Como não sou muito fã desta banda, lembrei-me de dar a possibilidade aos meus amigos da blogosfera que estejam interessados, de assistirem a este evento.
Assim, quem estiver interessado, deverá deixar, hoje, a sua candidatura na caixa de comentários, conjuntamente com uma definição, curta e objectiva de "peciscas".
As quatro frases que eu considerar como mais sugestivas, darão direito ao seu autor a um bilhete para o concerto, cedido a preço de custo.

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quinta-feira, março 31, 2005

EVOLUÇÕES

Moita Flores, criminalista e escritor, como é agora habitualmente designado, apresentou-se, na passada terça-feira, como candidato à Câmara Municipal de Santarém, pelo PSD.
Está no seu direito, como é óbvio.
O que não deixa de ser curioso é registar o percurso deste guru das séries e telenovelas da RTP (levando normalmente consigo a consorte). Saíu da PJ, para ingressar no mundo do audiovisual. Politicamente, era tido como simpatizante da Esquerda. Agora, aparece ao lado de Miguel Relvas, secretário-geral social democrata, a prometer coisas como "libertar Santarém" da "política mesquinha, que chantegeia pelo subsídio, que amedronta pela intriga, que amesquinha pelo boato, que coloca algemas na inteligência, que escorraça a crítica, que nega o direito à liberdade da diferença" e da " anestesia da vontade colectiva".
A seu lado, entre outros, estava o cantor Carlos Mendes. Também com um percurso interessante. Após o 25 de Abril, militante empenhado e fogoso do PCP. Mais tarde, a apoiar iniciativas do PS. Agora, junto do PSD. Onde irá ainda?
Evoluções...

quarta-feira, março 30, 2005

POR UM CONSUMO SUSTENTÁVEL

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Acabo de receber um guia editado pela DECO e pela LIPOR intitulado "UM DIA DE CONSUMO SUSTENTÁVEL".
Nele se enumeram mais de cem regras a seguir, ao longo de um dia, nos mais variados locais (casa de banho, transportes, trabalho, escola, comunidade,...) E mesmo para o fim de semana existem princípios a observar por todos quantos querem contribuir para que se pratique um Consumo Sustentável.
Folheando o livrinho, e inventariando as situações que se adaptavam ao meu agregado familiar, dei conta que, de 119 "gestos simples" recomendados, praticamos 73. Ou seja, um pouco mais de 60%. O que quer dizer que, cá em casa, apesar de procurarmos ter comportamentos que contribuam para a defesa do ambiente, ainda teremos bastante a rever.
Mas, infelizmente, a generalidade das famílias portuguesas, andará abaixo desses 60%.
No entanto, como se diz no guia:
"O futuro do nosso planeta está nas nossas mãos e não há tempo a perder. Agir é um compromisso de todos nós, que ninguém pode recusar"

terça-feira, março 29, 2005

O PROGRESSO, ÀS VEZES, TAMBÉM CRIA PROBLEMAS

Vivemos um tempo de contradições.
O progresso tecnológico constante é um dado adquirido e está presente no nosso dia-a-dia.
Por exemplo, nos automóveis.
O primeiro carrito que tive era um saudoso Mini, cujo equipamento era o mais elementar possível. Para abrir e fechar os vidros, era preciso fazer como quem corre os caixilhos de uma janela de casa. Mas, durou, nas mãos da família cerca de vinte e oito anos, galhardamente, sem avarias de monta.
Hoje, os automóveis têm mil e uma coisinhas, que são muito bonitas e úteis, enquanto... não se estragam. Por exemplo, um carro que tive depois, cujo tecto de correr automático certo dia se recusou simplesmente a fechar. Felizmente não estava a chover. E este que tenho agora em cujo computador de bordo, por vezes aparecem com umas mensagens esquisitas que nada têm a ver com a realidade...real e que só nos obrigam a passar mais uma vez pela oficina.
E por falar em computadores. O primeiro com que trabalhei era um Spectrum (se calhar os mais novos nunca ouviram falar), que tinha um tamanho pouco superior ao das actuais agendas electónicas e que, externamente, quase se limitava ao teclado. Não havia placas gráficas, nem de som. E muito menos internet. O progresso trouxe tudo isso. As máquinas são cada vez mais sofisticadas. Mas também cada vez mais frágeis. E lidar convenientemente com elas vai sendo, igualmente, cada vez menos fácil.
Hoje, se calhar estou um pouco de candeias às avessas com estas coisas do progresso porque acabo de levar o computador "principal" à oficina pois, mais uma vez, está seriamente constipado (esses bastardos que andam para aí a inventar vírus deviam ser... - proponham vocês o castigo pois hoje, se calhar, seria demasiado severo). Fico, pois, limitado ao portátil.
Mas, agora há portáteis e isso é progresso.
Mas que o progresso às vezes complica as coisas, também é verdade.
PS- isto hoje está mesmo a correm bem; até o Blogger está com birras- já fiz quatro tentativas para colocar o post e... nada. O servidor deve estar farto de nos aturar a todos .Coisas do progresso...

segunda-feira, março 28, 2005

A MATEMÁTICA COMO CASTIGO

"Quando me partava mal, o que era frequente, (o meu pai) castigava-me com infindáveis exercícios de Matemática"
Esta frase é de Rodrigo Santiago, em entrevista à "Pública" de ontem.
Faz pensar.
Faz pensar que muito do insucesso que os nossos jovens revelam perante esta disciplina, tem a ver com razões sociais.
Considera-se, muitas vezes, que a Matemática é uma pena que tem de se transportar ao longo de parte da nossa vida e que, logo que possível, se deve atirar para bem longe. E isto passa de pais para filhos, passa de boca em boca e entra na cabeça da grande maioria dos estudantes.
E, infelizmente, esta ideia é reforçada por actuações de professores que, em vez de contribuirem para o desfazer desse mito, bem pelo contrário o reforçam.
Tenho para mim que, grande parte do referido insucesso tem a ver com o modo como esta ciência é apresentada aos alunos, sobretudo os das idades mais tenras.
Lembro-me, com muita frequência, de um professor que tive no liceu, que me fez detestar pura e simplesmente a disciplina. Para mim, a maior parte das coisas que ouvia na aula, eram incompreensíveis porque me surgiam acabadas, cozinhadas, prontas a comer. E depois, lá vinham os intermináveis exercícios de aplicação (havia cadernos , comos os célebres Palma Fernandes, que tinham centenas de exemplos que eram para se chegar à exaustão).
Ora, considero que essa é a pior maneira de se aprender.
A Matemática é um longo processo de construção em que, quem aprende, tem de participar activamente. Enfrentando desafios, trabalhando em conjunto com outros, construindo hipóteses, argumentando, criticando, partindo sempre do que já se sabe, para se descobrir o que ainda não se sabia. Com a chamada tentativa e erro. E, nos primeiros tempos de aprendizagem, com uma forte ligação à chamada "vida real".Costumo exemplificar esta perspectiva com o processo como se aprende a andar de bicicleta - ninguém aprende ao ver os outros andar...
Os jovens têm que entender que a Matemática está presente na vida de todos os dias e existe para nos resolver problemas e não para nos criar problemas.
É claro que, à medida que se progride no seu estudo, a abstracção cresce e as dificuldades aumentam. E o trabalho e o esforço são imprescindíveis.
Mas é possível contrariar a ideia de que a Matemática é um castigo, para passar a ser algo que se faz com algum entusiasmo e prazer.
É preciso ainda muita coisa para que isto passe a ser assim. Para tal, não bastam apenas as boas intenções e o dizer-se que é preciso alterar a situação.
São precisas medidas concretas. E um passo importante é investir, a sério, na formação dos professores que ensinam Matemática. Com particular incidência para os primeiros anos do Ensino Básico.