quarta-feira, janeiro 14, 2009

Nem 7 nem 70

Os jornais e os noticiários televisivos de ontem foram dominados pela consagração de Cristiano Ronaldo como o "Melhor Jogador do ano de 2008".
Gosto de futebol e sou português. Por isso, fiquei satisfeito em saber que um compatriota foi distinguido pela excelência na sua profissão.
No entanto, penso que haverá em tudo isto uma certa dose de exagero.
O jornal que habitualmente compro, trazia nada menos do que 6 páginas sobre a matéria.
E os outros alinhavam pelo mesmo diapasão.
Quando José Saramago foi distinguido com o Prémio Nobel, será que se fez tanto eco?
Será que a literatura tem menos valor social do que o futebol?
Ou será que o futebol tem o condão de desviar mais a atenção de outros problemas do que a literatura? A qual, se calhar, pelo contrário, pode fazer ganhar maior consciência desses problemas.
Enfim, nem 8 nem 80.
Ou melhor, neste caso, nem 7 nem 70...(esta, só quem segue a carreira do jogador entenderá...).

terça-feira, janeiro 13, 2009

Haja decência!

A Caixa Geral de Depósitos tinha um presidente que foi demitido pelo Governo.
Dois dos administradores, negociaram com o novo presidente a sua saída da Caixa.
Um negociou uma suspensão da actividade. Outra, uma pé-reforma.
Pouco tempo depois, ambos estavam reformados, por motivos de saúde.
Apesar de tudo isso, estão actualmente a trabalhar em diversas empresas, designadamente, em bancos concorrentes da CGD.
Confrontados com esta situação, declararm que foram reformados "por motivos de saúde psicológica" mas que tal não os impedia de trabalhar.
Pelos vistos só os impediria de trabalhar na Caixa Geral de Depósitos.
Moral da história: com um pouquinho de habilidade, sempre é possível escapar à crise.
A esta e a todas as outras...

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Os tempos de crise são bons para alguma gente...

Na passada quarta-feira, a Fatyly referia-se á crise que se vive e à forma como alguma gente habilidosa e sem escrúpulos se aproveita dela para "se encher".
É bem verdade.
As épocas de crise, são sempre excelentes oportunidades para se fazerem bons negócios.
Eu nasci num tempo em que a Segunda Guerra Mundial ainda grassava na Europa (vejam lá como sou cota...).
Pois, embora Portugal (graças ao "nosso" Salazar) não vivesse directamente o conflito, foi claramente afectado por carências várias, designadamente em bens de primeira necessidade.
Ouvi várias vezes os meus pais falarem do racionamento do azeite, do açúcar, do pão.
Havia senhas que eram distribuídas às famílias, para irem às lojas comprarem o que aparecesse.
É claro que tais carências foram aproveitadas para alguma gente vender esse tipo de artigos no "mercado negro" obtendo com isso chorudos lucros.
Lembro-me também de me contarem que tinham um amigo proprietário de uma padaria. Vivíamos, então no Alentejo. E sabe-se como o pão é essencial aos alentejanos.
Então, o povo acorria a essa padaria, onde se formavam filas de gente á espera de poder levar alguns nacos de pão para matar a fome.
O meu pai ia ajudar o amigo. Este, ao reparar que o meu progenitor deixava parar a balança onde pesava o pão, logo lhe fez ver que esse procedimento não deveria ser seguido. Ou seja, o pão deveria ser posto no prato da balança e ser retirado quando o ponteiro atingia o máximo. Assim se ganhavam mais uns gramas que o cliente , afinal, não levava para casa.
Esse amigo do meu pai, quando a guerra acabou, ainda teve o desplante de dizer:
-Se a guerra tivesse durado mais uns dois anitos, ninguêm tivesse pena de mim!
Mesmo assim, acabado o conflito, já era proprietário de um bairro inteiro na cidade onde vivia.
E, quando o conheci, já só vivia dos rendimentos.