sexta-feira, março 09, 2007

Histórias da tropa 4


Durante uma fase do meu percurso militar estive colocado nos Açores, mais precisamente em Ponta Delgada.
Inicialmente, tive algumas dificuldades de adaptação, designadamente no que se refere à compreensão da linguagem particular daqueles compatriotas.
Ora, na primeira vez em que estive de oficial de dia ao Quartel-General, fui solicitado por dois soldados, que pertenciam à banda militar e que se pegaram à pancada na respectiva caserna.
Cada um vinha acusar o outro da responsabilidade da refrega.
Falavam os dois ao mesmo tempo e eu não entendia nada.
Ordenei que falasse um de cada vez.
Já de si, aquele modo de falar era de todo difícil para mim, mas, com o nervosismo próprio da situação, expressavam-se tão depressa, que eu entendia ainda menos.
Assim, ao fim de duas tentativas para decifrar o discurso, achei por bem, mandá-los. com ar severo regressar à caserna, vociferando que se me voltassem a aparecer, iria participar de ambos.
O que é certo é que, com o decorrer dos dias fui-me habituando à fala dos açorianos e, de hoje em dia, até sou capaz de arremedar o sotaque micaelense.
A propósito, aqui vos deixo um exito musical oriundo daquela bela ilha de S. Miguel, para ver se conseguem entender a mensagem do artista.
Aqui, talvez seja preciosa a ajuda do António José Faria, amigo de Ponta Delgada, que é capaz de contribuir para a descodificação da letra da cantiga.

ExitoMusical_Acore...

quinta-feira, março 08, 2007

Técnicas de venda 2


A segunda das experiências que vos quero contar relacionada com aqueles telefonemas que vamos recebendo, anunciando ofertas mirabolantes, tem a ver com um contacto em que me diziam ser um dos privilegiados que iria ter direito a uma estada de uma semana, no Algarve, para um casal.
Fui logo dizendo que não estava interessado em comprar fosse o que fosse e que não acreditava que houvesse alguma empresa que desse de mão beijada semanas de férias sem querer primeiro vender um produto.
A menina do telemarkting argumentou que não tinha a obrigação de fazer qualquer aquisição e que nunca sairia de lá tem o tal vale-oferta, tendo apenas que presenciar uma pequena exposição de produtos da empresa.
Pela segunda vez, resolvi vivenciar uma experiência de que já tinha ouvido relatos, designadamente na ProTeste.
O local onde a coisa funcionava era uma moradia, com bom aspecto,perto da Boavista, aqui no Porto, onde fomos recebidos cordialmente e encaminhados para uma pequena sala onde um jovem vendedor nos iria atender.
A primeira parte da conversa durou cerca de meia hora e apenas se referia a trivialidades e rodeios, que nada tinham a ver com o assunto que ali nos trazia.
Findo este preâmbulo, fui avisando o vendedor de que não iria adquirir nada e que iria perder o seu tempo, se imaginava que nos iria convencer do contrário.
Depois,e mesmo assim, o jovem foi falando, durante mais cerca de uma hora, sobre diversos destinos de viagens, enquanto ia enchendo folhas de papel, de esquemas, números, desenhos.
Finda esta parte, começou a desvendar o objectivo da arenga. Queria popor-nos a aquisição de um cartão, que nos permitiria adquirir pacotes de férias a preços extremamente aliciantes.O cartão custaria cerca de 6000 euros.
Repeti que não compraria nada e que estavam a perder tempo comigo, pelo que me deveriam entregar o tal vale e acabarem com a sessão.
O jovem disse que iria já terminar, mas que tinha uma proposta que, excepcionalmente, sublinhava, me iria apresentar. Tratava-se de adquirir o cartão em suaves prestações.
E, novamente, para empatar mais tempo, pois estava à vista que a estratégia era minar a resistência do potencial cliente através do cansaço, foi enchendo mais duas folhas com novos cálculos.
Continuei a repetir que compreendia que ele estava a fazer o seu trabalho, mas que não me conseguiria convencer a comprar o tal cartão.
Já tinham decorrido duas hora e meia, quando o jovem esgotou os argumentos e ligou para o "chefe de vendas" para que ele me fizesse chegar o prémio que me tinha sido prometido.
Decorreram mais cerca de vinte minutos, preenchidos por mais alguma conversa "de chacha". Até que lá chegou o tal chefe, desculpando-se pois tinha estado a fechar um contrato com outro casal.
E, após mais alguns minutos de "paleio", pegou, ele próprio, de uma folha de papel e disse algo como, "não sei se o meu colega já lhe tinha referido o preço do cartão". E , então, atirou para cima da mesa uma verba de cerca de três mil euros, para que eu julgasse que ele se tinha enganado e que eu iria colher um preço consideravelmente mais baixo.
Continuando a afirmar a minha irredutibilidade quanto à aquisição do produto, o tal chefe, abrindo-se num largo e generoso sorriso, disse que iria perder a cabeça e fazer algo que não deveria fazer.
E escreveu, numa outra folha, com algarismos garrafais , o preço final: pouco mais de dois mil euros.
E rematou:- claro que, perante isto...!
Nem perante aquilo.
Já com ar imapciente disse-lhe que queria o tal vale e que iria bater em retirada.
E aí, tudo mudou. A amabilidade deu lugar à secura, à carranca fechada.
Mas, passados cerca de mais quinze minutos, agora do mais absoluto silêncio, lá veio o tal vale, assinado e carimbado, onde me era concedida estada de uma semana num hotel algarvio. É claro que, as viagens e os pequenos-almoços, seriam à minha conta.
Ainda conservo esse papel, como recordação da pachorra com que aguentei as quatro horas que durou o assédio, já que nunca pretendi usufruir da oferta.
E fiquei a compreender melhor como é possível que pessoas, que até não são tolas de todo, por vezes são enroladas com estas tenebrosas técnicas de venda. São vencidas pelo cansaço e, às tantas, assinam seja o que for, só para acabarem com aquele martírio.
De modo que, agora, quando recebo um desses telefonemas aliciantes, respondo, invariavelmente, interropendo o discurso da menina:
- Muito obrigado, mas diga lá ao seu patrão que já conheço essas técnicas há muito tempo, pois até já tive uma empresa do género.

quarta-feira, março 07, 2007

Técnicas de venda 1


Aqui há dias, li um post de uma das amigas que visito com frequência, que falava de uma abordagem telefónica, com aquela costumeira técnica "venha levantar o prémio a que tem direito, ..."

No comentário que lá deixei, prometi relatar duas experiências que vivi nessa área.

Deixo-vos hoje aqui a primeira delas.

Um dia, perto do Natal, recebi mais um desses ataques, neste caso afirmando que eu tinha preenchido um inquérito sobre enchidos e que poderia ir receber um electrodoméstico.Embora já soubesse que estava a ser alvo de uma tentativa para me venderem algo, resolvi ir ver como é que aquilo funcionava, "ao vivo".

Assim, à hora marcada, dirigi-me, acompanhado da minha mulher, ao hotel X, onde me encaminharam para a sala Y.

Quando lá cheguei, deparei-me com uma porta semi-fechada e ninguém à vista.

Então, como ouvia conversas lá dentro, resolvi entrar.

Era uma grande sala onde estavam, estrategicamente espalhadas várias mesas. Em cada uma, um vendedor tendo à frente, um casal, em regra já não muito jovem.

Ao ver-nos entrar, o chefe da sessão, veio logo ter connosco, um bocado inquieto por não termos sido recebidos à porta. E retirou-nos da sala.

Logo a seguir perguntou-nos a idade e a profissão. Quando lhe respondemos que éramos professores, disse rapidamente:

-Sabem, agora não tenho ninguém para vos atender. De modo que vos vou entregar o vosso prémio e, bom Natal!

Resta dizer que o electrodoméstico...era uma balança de quarto de banho, chinesa, do mais rasca que havia.

terça-feira, março 06, 2007

Para a história...




(clicar na imagem para ampliar)

Para a história, aqui fica o último bilhetinho da longa série constituída pelo material que fui apreendendo aos alunos, durante a minha carreira docente.
Neste, uma jovem ia travando um diálogo escrito com uma colega que estava ao lado.
Repare-se na elegância da forma, na correcção do estilo linguístico e... está tudo dito!

segunda-feira, março 05, 2007

Resposta a um desafio

Normalmente, pego em poucos desafios, desses que circulam na blogosfera.
Mas, a uma amiga como a Fatyly, não se pode dizer que não.
Por isso, aqui ficam as respostas possíveis…
1- Altura? 1,76 m.
2 - Que sapatos estás a usar? Estou de pantufas.
3 - Medo? Sobretudo, de ficar sem medo, pois isso significaria um adiantado estado de demência,…
4 - Objectivos a alcançar? Ter netos.
5 - Frase que mais usas no messenger? Como raramente ando por lá, se calhar a frase é “boa noite!”.
6 - Melhor parte do corpo? O interior do crânio.
7 - Palavrões? Todos os que vêm no dicionário, os que não vêm e os que invento (sou um homem do Norte, ca…rago!).
8 - Lado da cama? À direita de quem entra.
9 - Tomas banho todos os dias? Claro! (pobrezinho, mas limpinho!).
10- Gostas de toalhas quentes? Dispenso, mas não enjeito.
11- Ursinhos de pelúcia? Já passei essa fase….
12- Acreditas em ti mesmo? É verdade que sim,tal qual o Zé Mourinho (presunção e água benta, cada qual toma a que quer!).
13- Dás-te bem com os teus pais? Já cá não estão os dois. Mas dou-me bem com os meus sogros.
14- Gostas de tempestades? Desde que não abanem muitos as árvores aqui do lado e o vento não assobie demasiado, suporto-as razoavelmente..
15- Desporto? Ando todos os dias a pé e vejo futebol…
16- Passatempos e hobbies? Escrever, ir a umas jantaradas, com a família e os amigos, ler, ouvir música,andar por estes antros de perdição da Internet, blogosfera e afins, fazer umas bricolages simples, ….
17- Fobias e manias? Não gosto de ver as horas, mas tenho a mania da pontualidade.
18- Quantas vezes o teu nome apareceu nos jornais? Algumas vezes, como entrevistado, como autor de pequenos artigos ou em uma ou outra notícia. Mas, atenção, sou um insignificante e anónimo cidadão!.
19- Cicatrizes no corpo? Algumas. Umas na pele, resultantes de um espalhanço de moto e outras, no esqueleto, recordações de um atropelamento ( para além de mais umas ninharias menores…)
20- De que te arrependes de ter feito? De muita coisa e de nada. Porque o arrependimento, nesses casos, será um sentimento de todo inútil, já que o tempo não recua. Bom, ainda assim, posso dizer que me arrependo de não ter conhecido a minha mulher antes de a ter conhecido, muito embora não tivesse culpa nisso…
21- Cor favorita? Azul, para ter que falar numa só, a qual escolho, sobretudo por razões futebolísticas..
22- Um lugar em que nunca estiveste e gostarias de ir? Paraíso (mas só quando tiver de ser…).
23- Manhãs ou noite? Sempre fui uma ave nocturna, embora, actualmente, tenha de me resignar em ir para a cama relativamente cedo..
24- O que tens nos bolsos? Cotão, papéis velhos, lenços, chaves, telemóvel, comando da garagem, … (chega?).
25- O que farias se fosses Primeiro Ministro? Fechava o país para obras e ia de férias.
26- Se ganhasses o Euro Milhões que farias ao dinheiro? Repartia pela família. O que, obviamente, me incluiria. Da parte que me tocasse, compraria um computador e uma Internet que não fossem, tão arreliadoramente lentos como agora…
27- Se te caísse a lâmpada de Aladino o que farias? Que desejos pedirias? Se me caísse na tola, abria o dicionário a que aludi no ponto 7. Desejos, deixar de ouvir as palermices que me obrigam a ouvir dia a dia.
28- Se o mundo acabasse hoje às 23h59m que farias até lá? Como, sobretudo à noite, nunca olho para relógios, chegaria ao momento fatal sem dar conta...
29- Se tivesses um filho sem saber como, sem razão nenhuma, que farias?Até posso ter algum filho sem saber. Se for esse o caso, ele que apareça e logo se vê (se não for dragão, será automaticamente rejeitado). Mas esta da “sem razão nenhuma” é que não entendo. Se as coisas ainda são como antigamente, os bebés não nascem por geração espontânea nem vêm de França…

Depois das respostas, era suposto deixar aqui desafios a outras três pessoas,
No entanto, em vez de especificar quem serão esses amigos ou amigas, prefiro deixar as coisas em regime de voluntariado. Por isso, se alguém que por aqui passar, quiser pegar na deixa, sirva-se…