sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Post sonoro 19 - para Flavia

O post sonoro deste fim de semana tem como destinatária a Flavia, uma menina que muitos de vocês já conhecem. A sua mãe, a nossa Odele, diz-nos que, muitas vezes, fica junto da cama onde a filha permanece, lendo-lhe histórias, fazendo-a ouvir música, falando com ela. Aliás, segundo indicação médica, isso é benéfico para a menina.
Por isso, gravei esta singela mensagem, que vou pedir à Odele que faça reproduzir junto da Flavia.
Será a minha forma de, atravessando o mar e mar que nos separa, falar um pouco com esta jovem amiga.

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quarta-feira, janeiro 30, 2008

Outros tempos...

foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas
Este é um dos edifícios mais antigos de Rio Tinto.
Aqui funciona uma associação de socorros mútuos que, a avaliar pelos dísticos, é mais do que centenária, tendo sido instalada ainda sob a monarquia.
Mas, para mim, este edifício éstá associado a uma memória imperecível.
Com efeito, foi aqui que, nos anos sessenta, exerci pala primera vez o direito de voto.
Em pleno Estado Novo, naqueles arremedos de eleições que o regime encenava.
A Oposição, concorria, sabendo de antemão que tudo aquilo era uma farsa. Desde a censura que impedia a saída de comunicados ou notícias oriundas dessa área, até às provocações e perseguições que a polícia política praticava sobre os activistas das respectivas candidaturas.
Então, aos eleitores não era fornecido o boletim de voto junto da urna, já que era enviado para casa de cada inscrito nos cadernos eleitorais (já de si sabiamente elaborados, cortando-se, com frequência, o nome de "quem não interessava"), ou entregue a cada eleitor. Aos funcionários públicos e militares, por exemplo, eram os chefes que entregavam o papelinho. De realçar que às mulheres, a menos que provassem ser "propietárias", não era concedido o direito de voto.
O facto de o boletim não ser entregue pela "organização" tinha a ver com outra artimanha. Os boletins de voto não tinham, como agora, listados todos os partidos concorrentes, para o cidadão escolher um. Cada concorrente, tinha de imprimir o seu próprio boletim, e fornecê-lo ao votante.Ou seja, era introduzido na urna apenas o voto com os nomes em quem se votava. Ora, um dos segredos que o partido único do regime melhor guardava nessas alturas, era o nome da tipografia onde imprimia os seus boletins bem como a qualidade dos papel utilizado.
Asssim, quando o eleitor do "reviralho" entregava o voto ao chefe da mesa, era possível, desde logo, identificar o sentido da opção do cidadão.O que, era factor dissuasor para muita gente que não se queria arriscar a ser identificado como oposicionista.
Mas, apesar de saber tudo isso, foi, com emoção, que, certo dia, lá fui votar, neste edifício que vos mostro.
E, quando entreguei o papel ao homem, vi-o, claramente, a apalpar, a esfregar, a espreitar. E o comparsa que descarregava o nome na lista de votantes, lá deve ter feito a anotação do costume. Ou seja, mais um para a "lista negra". pois a qualidade do papel, era como o tal algodão. Não enganava...

terça-feira, janeiro 29, 2008

figuras públicas

foto Peciscasfoto Peciscas Cada época tem as suas "figuras públicas".
A maior parte, são como os cometas: surgem, brilham, depois desaparecem.
Por exemplo, os cantores.
Quem sabe, ou se lembra, que António Calvário foi o "rei da rádio", aclamado e seguido, em Portugal por legiões de admiradores (essencialmente do sexo feminino)? Ou Gabriel Cardoso? Ou...
No entanto, há cantores que ultrapassam o seu tempo.Brel,Amália, Sinatra, Zeca,...
Mas,hoje, como sempre, cá temos, os outros, os tais "cantores" da moda.
Que agora ganham rapidamente discos de platina e esgotam concertos.
Mas que, muito provavelmente, mais tarde ou mais cedo, acabarão, mergulhados na águas estagnadas do esquecimento.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Um €, um voto

Quando comecei a acreditar que a democracia é o menos imperfeito dos sistemas de governar as sociedades, aprendi que um dos seus princípios essenciais se consubstancia na divisa: "um homem (ou uma mulher), um voto".
No entanto, este é um princípio que, como nas guitarradas, admite variações.
Por exemplo, na recente Assembleia Geral do banco Millenium BCP que determinou a eleição do novo Conselho de Administração, estavam na sala 560 accionistas que apoiavam Cadilhe e 283 que apoiavam Ferreira. No entanto, quem venceu, e com a esmagadora maioria de 97,76%, foi Ferreira.
Isto porque, nestes casos, quem tem mais acções, ou seja, mais euros investidos, tem mais votos. Dir-me-ão que é lógico que assim seja e eu aceito.
No entanto, esta situação mostra que, no fundo, quem manda, é quem pode. Ou seja, quem detém o poder económico.
Ou seja, ainda, que o tal velho princípio democrático pode, às tantas transformar-se nestoutro:
"Um euro, um voto".