quinta-feira, outubro 19, 2006

Títulos

Hoje, um post preguiçoso. Só títulos do jornal:

Governo corta no subsídio ao arrendamento jovem

Alterações fiscais penalizam pensionistas.

Poucas verbas para estender metro ( Porto)

Área Metropolitana sofre redução de 16,1 milhões ( Porto)

Consumidores e empresários contestam subida dos preços ( electricidade)

Diferença entre salário mínimo e médio sobe

Preço do arroz deverá subir em Novembro

Fecho da urgência do hospital vai afectar 50 mil habitantes (Peso da Régua)

Sá a via de acesso a aviário de autarca foi beneficiada (Sever do Vouga)

8505 assinaturas contra fecho da maternidade (Figueira da Foz)

Aumenta contestação ao fecho da urgência (Montijo)

E ainda, ouvido na rádio:

Três scut´s (na zona norte do país) vão passar a vias com portagens pagas.

Comentem vocês, que a mim não me apetece...

terça-feira, outubro 17, 2006

Uma voz insuspeita

"São os que dão a cara pela classe e que toda a gente, nomeadamente Pais e/ou Encarregados de Educação conhece.
Têm assento em salas/gabinetes, normalmente sem quaisquer condições de trabalho e, mesmo, em localidades bem longínquas da sua residência, originando, por vezes, dramas familiares.
Ahhh... são os que leccionam, a grande maioria realizando um ensino dedicado, eficaz, inovador e empenhado.
Mas também pensam em estratégias para minimizar o insucesso escolar, preparam e planificam aulas, e elaboram exercícios e testes, e planos de recuperação, e também fichas de actividades para as aulas de apoio e de substituição, em horário pós-laboral.
Desempenham ainda múltiplas funções, inerentes a outros parceiros profissionais, tornam-se psicólogos, sociólogos, assistentes sociais, pedagogos, burocratas, bibliotecários, técnicos de informática, contabilistas, enfermeiros ou até mesmo,substitutos de Pais e/ou Encarregados de Educação, quantas vezes ausentes.
Mas face à legislação em vigor (ou falta dela), estão votados diariamente. a ser tratados sem a mínima consideração e o respeito que merecem, sendo por isso humilhados, menosprezados, desrespeitados, culpabilizados, achincalhados, denegridos, desvalorizados, desautorizados, insultados e até..."pontual e isoladamente(!) agredidos fisicamente.
E por mais esforço que façam, infelizmente não se conseguem transfigurar em alquimistas, no intuito de transformar "estudantes" que não querem estudar (...nem tão pouco frequentar a escola) em Imperativos, sendo por isso rotulados de "incompetentes"."
Este excerto, transcrito "tal e qual" de um texto mais longo,publicado numa folha informativa, não é, contra o que se poderia supor, escrito por um professor ou um sindicalista.
É, antes, assinado pelo Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação de uma Escola E.B. 2.3, que tem acompanhado, ao longo do seu mandato, de modo atento e interveneiente, a vida do estabelecimento onde tem os filhos a estudar.
Por isso mesmo, pode constituir um documento bastante insuspeito, sobre o que é a verdadeira realidade das escolas.
Só mais um pormenor: o autor do depoimento, confessa-se em completo desacordo com a ideia de os Encarregados de Educaçaõ intervirem no processo de avaliação dos docentes.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Mia Couto


"Preocupa-me a maneira como estamos cedendo à tentação de olhar a tecnologia como solução global para os nossos múltiplos males.Muitos de nós acreditamos que é a técnica que nos vai salvar da miséria. Essa crença nos deixa vulneráveis a uns tantos vendedores de produtos mágicos.O futuro não seria apenas melhor- como diz o slogan - mas fácil, tão fácil como digitar um teclado.Para sermos como eles, os desenvolvidos, basta preencher uns tantos indicadores nos critérios de consultores e, num ápice, entramos no clube.
Sabemos que não é verdade.Desconheço por que motivo queremos tanto ser como "eles" e não como nós mesmos, seguindo caminhos nossos para destinos que nós próprios inventamos. O que nos separa da riqueza são, sobretudo,questões de natureza não técnica. São atitudes, vontades,uma determinação política e uma postura do domínio da cultura. Digitalizar não nos converte em seres produtores de coisa nenhuma. Caso não venhamos a exercer alguma soberania em actos que, afinal, são de cultura, entramos nesse universo a que chamamos sociedade digital como um mercado menor, um pequeno parceiro da periferia."
Mia Couto, palestra em Moçambique, Abril de 2001

O escritor referia-se a Moçambique.
Apenas? - digo eu. Estas palavras não serão aplicáveis a realidades portuguesas dos nossos dias?