sexta-feira, julho 31, 2009

O gosto do "grande público" também se pode formar

Muitas vezes se supõe que determinados produtos culturais, como, por exemplo, a ópera e o canto lírico em geral, não têm vocação para chegarem ao chamado "grande público".
Esta é uma ideia feita que carece de rigor.
Sabemos de muitos países em que concertos de música clássica ou récitas de ópera concitam a atenção e o entusiasmo de grandes multidões.
Dir-se-à que isso "é lá fora".No entanto, penso que, entre nós, também se poderão ter espectáculos de música "dita clássica", sem serem servidos a um público "erudito"e "conhecedor".
É claro que um investimento na formação cultural de base dos cidadãos (com as escolas na primeira linha) daria aqui muito jeito. Mas, ainda assim, é possível "dar uma certa volta à situação".
Tudo depende da forma como esses produtos são apresentados.
Aqui vos deixo um exemplo. Trata-se de uma noite de ópera e canções napolitanas, que o Município de Valongo apresenta, há alguns anos, em auditórios ao ar livre, onde comparecem os munícipes que o desejam. Não há selecção. Mais novos ou mais velhos,com formações culturais diversificadas, ali vão.
E participam. E aderem. E "comportam-se" correctamente.
Ou seja, o gosto do "grande público" também se pode formar, para que não seja apenas preenchido por Carreiras, Emanueis ou Sintras.

Nota- No sábado, 1 de Agosto, realiza-se a edição 2009 desta iniciativa.

quinta-feira, julho 30, 2009

Chuva de recordes em Roma


Como já aqui tenho dito, estive ligado à natação de competição durante mais de uma dúzia de anos. Fui árbitro nacional de natação pura e fui mesmo presidente do Conselho Distrital da Associação de Natação do Norte de Portugal.
É, então, compreensível que, no momento em que estão a decorrer os Campeonatos Mundiais da modalidade, na cidade de Roma, vá seguindo, sempre que possível, as excelentes transmissões a cargo da Eurosport.
Estes campeonatos estão a ser marcados por auma autêntica "chuva" de recordes. No momento em que escrevo, ao terceiro dia de provas, já lá vão 21 máximos mundiais.
Que justificação para tal pulverização de tempos?
Para além de cada melhor marca mundial render ao nadador qualquer coisa como 25 mil dólares, a explicação está na tremenda evolução tecnológica dos fatos de natação.
Hoje as marcas (que vendem milhões por ano) investem na descoberta de equipamentos que aumentem ao máximo o poder de flutuação e reduzam drasticamente o atrito do corpo na água. Digamos que passam a constituir uma "segunda pele" do nadador.
Há muito quem conteste a verdade desportiva de performances obtidas desta maneira. Aliás, há uma regra dos regulamentos da natação (havia, pelo menos) que diz que é vedado ao atleta munir-se de quaisquer dispositivos ou equipamentos que aumentem a o poder de flutuação e de impulsão na água.
Por tudo isso, tem havido uma assinalável polémica no que se refere à utilização destes fatos.
Ao que ouvi, no início do próximo ano, eles irão ser proibidos em competições oficiais.
Se assim for, certamente que irá ser bastante mais difícil baterem-se recordes.
Mas, ou muito me engano, ou essa proibição será episódica.
Há demasiados interesses, tanto desportivos como financeiros (com as grandes marcas a pesarem fortemente) para que se possa viver muito tempo sem o espectáculo das grandes vitórias e dos grandes tempos.
Mas há que pensar que a capacidade humana de se superarem limites de velocidade e resistência, há-de ter um fim.
Ou não?
Nota- enquanto escrevia este texto, decorria mais uma jornada dos Campeonatos. Assim, acabo de ver mais um recorde mundial batido.
E vão 22!
Se assim continuar, iremos chegar a mais de meia centena de tempos "do outro mundo".

quarta-feira, julho 29, 2009

Soluções...

Numa das minhas caminhadas reparei numa ramada em que um numeroso bando de chilreantes pardais pousava. Pelo que me pareceu, as irrequietas aves, procuravam debicar folhas, rebentos ou mesmo os cachos ainda em formação nesta época do ano.
Será difícil ver alguns desses passarinhos, mas, se clicares na imagem para a ampliar e espreitares para o interior daquelas marcas vermelhas, talvez os descortines.

foto Peciscas Passados uns metros, confirmei que, afinal, por aquelas bandas, os pardais estão mesmo a ameaçar as videiras.
No entanto, como, para tudo (ou quase) há solução, o dono de uma outra pequena ramada, resolveu, enfiar uma touca na folhagem e assim, presume-se terá impedido a pardalada de atacar as suas preciosas uvas...

foto Peciscas

terça-feira, julho 28, 2009

Cidadãos com necessidades especiais- 2

(conclusão do post ontem iniciado)

Ainda estamos muito longe de corresponder, em legislação e em acção, à obrigação de respeitarmos os direitos dos cidadãos com necessidades especiais.
No entanto, pouco a pouco e mercê da intervenção de activistas que defendem esses direitos e, em particular, das associações que integram esses cidadãos, algumas medidas, aqui e ali, vão sendo tomadas.
Um destes dias, ao ver uma reportagem na televisão, fiquei a saber, com particular satisfação que a Ópera de Paris tem, nos seus espectáculos, previsto o apoio a cidadãos com limitações auditivas e visuais.
Assim, para, aos cegos, emprestam-se, no início da récita, uns auscultadores, através dos quais, eles têm acesso a uma descrição audio do que se passa em cena (cenários, evolução das personagens, ...).
Para os cidadãos de baixa visão, os programas e os textos de apoio são fornecidos em ampliações convenientes.
Para os surdos, estão previstos pequenos monitores onde, através da linguagem gestual são transcritas as palavras interpretadas pelos artistas.
Este é um bom exemplo de que, num mundo onde a tecnologia "pula e avança" a cada dia que passa, muito se pode fazer para ajudar a que os cidadãos com necessidades especiais fiquem mais perto de uma integração equilibarda na sociedade de que fazem parte.

segunda-feira, julho 27, 2009

Cidadãos com necessidades especiais - 1

Não concordo com o termo "deficiente" para designar pessoas que têm limitações de ordem física, sensorial ou mental.
Porque, no fundo, se calhar a maioria de nós teria de ser considerada dessa forma.
Por exemplo: eu uso óculos. Portanto,nessa perspectiva, serei portador de uma deficiência visual.
Prefiro usar "cidadão com necessidades especiais" para falar dessas pessoas.
Poder-se-á dizer que isso se será um eufemismo. Mas eu sustento que não, pois ao falarmos nestes termos estamos a manifestar a atitude de considerarmos estes homens e mulheres como seres com direitos, dignidade e não como alguém que merece comiseração.
Há quem encare estes cidadãos como alguém a quem apenas se concedem pequenos gestos de "caridade" tais como ajudar a atravessar uma rua, ceder o lugar num transporte ou empurrar uma cadeira de rodas.
Quem assim encara a situação, não se indigna quando vê as cidades e as construções cheias de obstáculos que impedem a circulação desses cidadãos. Ou constata serem ocupados os lugares destinados a essas pessoas por outras que deles não necessitam.Ou sente que há descriminação negativa na maioria de serviços que não prevêem o correcto atendimento desses indivíduos com necessidades especiais.
Fui professor de alunos com algum tipo de limitações e aprendi muito com eles. A descobrir as potencialidades de que qualquer ser humano dispõe para vencer, com mais ou menos facilidade, desafios e obstáculos.
Por isso fui levado, cada vez mais, a respeitá-los e a considerá-los como credores de carinho e apoio.

(para não tornar o post demasiado extenso, publicarei, amanhã, a parte restante deste texto).