sexta-feira, maio 29, 2009

Tudo é relativo...

Como acontece com muitas outras coisas, as noções de luxo e qualidade de vida, são muito relativas.
Para uns, viver luxuosamente é habitar uma mansão enorme, rodeada de grandes relvados, com uma marina privativa onde está ancorado um grande iate.
Ou, então, uma destas sumptuosas moradias no Dubai, com entrada directa nas praia.

Para outros, basta um pequeno quintal, com uma mesa para piqueniques, com um murmurante e manso ribeiro aos pés, na companhia de umas pachorrentas cabrinhas.
É o caso deste cidadão, que dispõe, nas traseiras da sua casa, destes equipamentos que, certamente para muitos serão ridiculamente modestos, mas que, para si, são um requinte de qualidade de vida que não dispensa.

foto Peciscas Comparem as duas imagens e digam-me lá se não há pontos de convergência.

quinta-feira, maio 28, 2009

O meu Quim

Estamos em 1971.
Entre os meus meninos da primeira classe estava o Joaquim.
Era dos mais novos de quase um dúzia de filhos. O pai era mineiro, no Pejão. A mãe era mãe. E Deus sabe como era Mãe.
Viviam perto do cemitério de Rio Mau, numa coisa chamada casa, feita de lajes sobrepostas e coberta de telhas portuguesas, tão gastas como os carreiros que nos deixavam chegar ao Alto de S. João.
O homem chegava com o nascer do Sol e encontrava a mulher no aido do porco ou no galinheiro, dando de comer à bicharada. Era aí que, amiudadas vezes, se "servia" dela. Aí tinham o seu espaço de intimidade.
Os "bichos" não tinham linguagem de gente e o seu testemunho não tinha força de lei.
Na "casa" os cachopos começavam a acordar. Antes da escola, havia erva para dar aos coelhos, estrume para tirar dos aidos e a bacia de zinco cheia de roupa suja para levar até à margem do Rio Mau, porque a mãe levava um carrego de filhos pequenos.
Um ao colo, outro pela mão, outro ainda numa giga à cabeça, deitado sobre a roupa menos suja e, se calhar, um outro na barriga, porque Deus a fizera boa parideira e viver em pecado...nunca!
Todos os filhos desta casa eram lindos e não se lhe encontravam piolhos nem "colares" de ferradelas de pulgas no pescoço. Brilhavam de asseio. Mas o Quim tinha um ar angelical que fazia dele "o meu" Quim.
Aprendia com alguma lentidão e desesperou-me algumas vezes.
Um dia achei-o demasiado calmo e ainda mais bonito, mas a sua palidez arrepiou-me. Levei-o ao posto médico, que ficava mesmo ao lado da escola. O doutor Amorim olhou-me assustado e mandou chamar a mãe do menino.
O Quim foi levado para o Hospital de S. João no mesmo dia.
Estava muito doente. Terrivelmente doente.
Isolaram-no durante algumas semanas. Ia visitá-lo ao sábado à tarde. Perguntava-me pelos pais, pelos irmãos, pelos amigos. Queria muito a sua mãe, mas não havia dinheiro para pagar a "carreira" para o Porto, depois o táxi até o hospital e ainda o bilhete de ingresso para a visita.
A pobreza era tão pobre que, hoje, tudo isto é impensável, quase ridículo.
A minha angústia crescia com o sofrimento do Quim, mas havia barreiras que não podia transpor.
Chegou o tempo de férias.
Casei num domingo de Agosto.
Faltei dois sábados à visita.
Quando voltei ao hospital, procurei o meu rapaz e não o encontrei. Regressara a casa naquela semana, mas teve ainda tempo, antes da partida, para falar à enfermeira sobre a "sua professora" e da saudade que sentia dela.
Enterraram-no junto do muro que separava o cemitério da leira dos seus pais, onde tantas vezes brincou e foi menino e, onde, de foicinha na mão, cortou erva para os animais e foi homem.
Não consegui deixar, na pequena sepultura, as flores brancas que levava. O meu Quim não estava ali. Não podia ser a sua última morada. Fui levá-las à sua mãe.
Pousei-as na soleira da cozinha.Sei que as encontrou e adivinhou logo que eram da professora do seu menino.
Tenho a certeza de que, desde então, o presépio da capela de S. João de Rio Mau (Sebolido) tem um Menino Jesus lindo, lindíssimo, e eu sei que ganhei um Anjo Protector.
Sinto-o muitas vezes.

Maria de Lourdes dos Anjos
Professora Aposentada do 1º Ciclo e escritora
(in "Nobre Povo" ed. Gailivro 2008)

quarta-feira, maio 27, 2009

Parece impossível, mas há quem acredite...

Todos nós recebemos, quase diariamente, mensagens de correio electrónico, com apelos, avisos, denúncias, quase sempre acompanhadas pela palavra URGENTE e a solicitação para reencaminhar !
Na quase totalidade dos casos, essas mensagens veiculam informações totalmente falsas, alarmistas , trágicas.
Alguns exemplos (que já circulam há bastante tempo:
-A menina Maria Emília (ou outro nome), que desapareceu e os pais estão desesperados (exibe-se uma foto, sempre a mesma, de uma criança, que parece ter traços orientais). A última versão traz um nome e número de telefone de uma agência bancária de Braga. No entanto, no corpo da fotografia há um número de telefone completamente diferente e com ...dez dígitos.
- O vírus que vai destruir o disco rígido e que vem numa mensagem que diz "bom dia".
- O anestesista (na última versão é do hospital de Aveiro) que viola uma doente na sala de operações (são apresentadas fotos de ...uma câmara oculta...). Já viram alguma operação decorrer com uma única pessoa no bloco operatório?
- A campanha dos pijaminhas para o IPO (que já desmentiu, por diversas vezes o boato).
- O apelo para dádivas urgentes de sangue (nunca os hospitais usam esse meio nem, felizmente, nos tempos que correm há falhas graves...).
-"Avisos" de teor alarmista sobre assaltos feitos por gente de leste (para criar focos de xenofobia?) assinados por um tenente Alonso (na PSP não há tenentes;essa é uma patente militar...) do "Comado Central" do Porto (não existe tal comando; há sim o Comando Distrital do Porto). E nunca a polícia utilizaria correntes de mails para divulgar estes "apelos" quando tem meios muito mais eficazes para o fazer.
E a lista seria interminável.
Algumas destas histórias são tão evidentemente pueris que me espanta como alguns amigos que considero gente intelectualmente favorecida, reenvia estas coisas, sem reflectir um momento.
Ou sem fazer uma coisa elementar: uma breve pesquisa no Google, com palavras chave da mensagem. Quase sempre se conclui que a patranha já é velha.
Mas, o pior disto tudo, é que muitos destes logros, vão causar danos a terceiros. Quando estas mensagens trazem nomes de pessoas e números de telefone, que até são verdadeiros, tornam a sua vida num inferno, com as catadupas de telefonemas ou mails que desabam sobre si.
Enfim, na internet continua a circular muito lixo.

terça-feira, maio 26, 2009

IV Grande Corrida de carros artesanais não poluentes

foto Peciscas Realizou-se, mais uma vez, aqui bem perto.
Com carros de todos os modelos, dos mais simples aos mais elaborados.

foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas Com concorrentes de diversas gerações.
foto Peciscas
foto Peciscas Houve velocidade e emoção.

foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas Infelizmente, também aconteceram acidentes que, em dois casos, obrigaram à evacuação para o hospital.

foto Peciscas
foto Peciscas Uma modalidade interessante mas não isenta de riscos.

segunda-feira, maio 25, 2009

EU profiler- um teste curioso


Eis mais um teste, dos muitos que nos são propostos na internet.
Este releciona-se com o posicionamento político face às próximas eleições europeias.
Trata-se de responder a 30 questões sobre diversos temas para, no final, nos dizerem de que partido nacional ou de outro país europeu estamos mais próximos e, no fundo, qual é o nosso perfil de eleitor..
Este teste, como todos os outros, vale o que vale.
Eu experimentei, tentei responder o mais honestamente possível e as conclusões surpreenderam-me pelo inesperado. Afinal parece que, politicamente, sou o que não suspeitava ser...
Para quem não conheça o teste , elaborado pela Euranet (european radio network, que, ao que suponho é um organismo ligado à União Europeia) e queira experimentar, aqui fica o link :


http://www.euprofiler.eu/

Eu experimentei e achei curioso.

Não mais do que isso...