sexta-feira, setembro 07, 2007

Mochos

Segundo algumas crenças populares, o mocho é uma ave que traz "mau agouro", pressagiando desgraças.
Por isso, em certos locais foi (é) perseguido.
Cá em casa, não é assim, pois a cara-metade, desde criança, tem uma grande admiração pelos mochos. De tal modo que a família e os amigos, lhe oferecem com certa frequência, representações deste animal, nos mais variados materiais.
Aqui ficam cinco exemplares da colecção que é bastante mais fornecida.
O último desta série, tem a particularidade de mudar a coloração das asas e da crista, de acordo com a previsão do tempo.
Neste caso, como estava azulinho, queria agourar tempo quente e seco.
E tinha razão!





quinta-feira, setembro 06, 2007

Um Setembro diferente 2

Conforme disse no post anterior, o facto de ter chegado à aposentação, não me distancia de tudo daquilo que foi a minha profissão.
Assim, a cada passo me vejo a ficar irritado, quando ouço ou leio gente que fala sobre Educação e da Escola portuguesa e seus profissionais em particular, a propagar distorções da realidade ou mesmo mentiras .
Essa gente, faria muito melhor se, antes de afirmar disparates, tentasse informar-se um pouco melhor. Lendo, por exemplo, um relatório publicado pela OCDE, denominado " Education at a Glance". Aliás, a Senhora Ministra referiu, na Segunda-Feira este documento, mas de relance, e apenas citando aquilo que lhe interessava de momento.
É um extenso estudo, que confronta realidades educativas dos 30 países da OCDE e de outros países considerados como relevantes.
Abordarei aqui cinco pontos desse estudo.

Nùmero de alunos por turma
Em Portugal, anda à volta dos 24, estando o nosso país numa posição intermédia.Coreia, Japão, Brasil, Chile e Israel, têm mais de 3o alunos por turma. Mas há 11 países que têm menos alunos por turma do que nós. A Irlanda, o Luxemburgo, a Federação Russa, a Dinamarca, a Suiça e a Islândia, têm 20 ou menos.
Em recente intervenção, a Ministra , ao falar no "ratio" professor/aluno, que se situará em 7 ou 8, contribuiu para iludir a opinião pública, que facilmente pensará que cada professor só tem 7 ou 8 alunos para ensinar.
É facil de ver que se está a falar de coisas diferentes. Um exemplo: na escola onde eu trabalhava, há cerca de 8oo alunos e cerca de 100 professores. Ou seja, há um professor para cada 8 alunos. Mas, as turmas variam entre 20 alunos (se tiverem Educação Especial) e os 26 a 28 ( a quase totalidade). É que cada aluno tem professores de diversas especialidades. É uma ilusão pensar-se que um dia, haverá um só professor que, nos 2º, 3º ciclos ou Secundário, leccionará, Música, Inglês, Matemática , Educação Física...
Duração do trabalho docente
Portugal, neste indicador, está mais uma vez, e contra o que muitas vezes por aí se ouve dizer, a meio da tabela. Trabalham mais horas por ano do que os docentes portugueses, os de 13 países, com destaque para os Estados Unidos, o México, a Nova Zelândia e o Chile. Trabalham menos horas em 14 dos países estudados, estando no limite inferior, países como o Japão , a Coreia e... a Finlândia, que são tantas vezes evocados como exemplos de sucesso.
Carga horária dos alunos
Os alunos portugueses são dos que passam mais tempo na escola.Neste indicador só somos suplantados por 9 países.
A tal Finlandia dos nossos sonhos, é, afinal, a que tem menos horas de carga escolar...
Gastos com a Educção
Contra o que também muitas vezes se arenga, Portugal tem gastos com a Educação, muito abaixo da média da OCDE. A gastar menos do que nós, só há 10 países, tais como o Brasil, a Turquia, o Chile...Acima de nós, nada menos do que 22 países, com destaque para a Suiça, Estados Unidos, Noruega Dinamarca, Suécia...
Salário anual dos professores
Para professores no início da carreira o salário anual dos portugueses só é superior ao de colegas de ...5 países, havendo 23 com maiores vencimentos
Para professores com 15 anos de carreira, melhoramos um pouco, pois passa a haver 7 países piores do que nós.
Só quando se chega ao topo da carreira é que as coisas melhoram, sendo este dado que é lançado, quando se pretende fazer passar a ideia de que os professores portugueses são privilegiados. Neste escalão, de facto passa-se a ter 9 países em que os vencimento são superiores, e 18 onde o salário anual é inferior . Mas, mesmo assim, a média anual dos portugueses é de 49 644 dólares para uma média OCDE de 45 277.

Estas breves notas que são, repito, retirados de um estudo credível, mostra como, tantas vezes, se atiram para o ar pressupostos, que muitos depois repetem, sem o mínimo fundamento.Tal como:os professores portugueses são os que trabalham menos, os que ganham mais, têm poucos alunos por turma, num país que gasta muito com o Sistema Educativo
Em Educação, como em tudo na vida, quando se fala, tem de se saber do que se fala...

quarta-feira, setembro 05, 2007

Um Setembro diferente 1

Contrariamente ao que aconteceu nas quase quatro últimas décadas, este meu Setembro, não foi marcado pelo início de mais um ano escolar.
De facto, desta vez, não tive de reencontrar colegas, perguntar como foram as férias, retomar o pulso à profissão, delinear as expectativas no que se refere aos alunos novos que iria ter.
Agora, limito-me a ver as coisas "de fora". Com os ecos que me chegam, através da comunicação social e, sobretudo, através da professora que vive comigo cá em casa e que continua no activo.
Há uns anos, imaginava que um Setembro assim, sem aquele sentimento de recomeço que sempre vem ter com o docente no dealbar de um novo ano escolar, me deixaria melancólico e tristonho.
Em circunstâncias normais, assim seria.
No entanto, estranhamente, o que respiro nestes dias, é uma intensa sensação de alívio. Porque, afinal, ainda está muito presente em mim, a frustração, a raiva, o desânimo, que me acompanharam, nos últimos tempos da profissão.
Mas esse alívio, não quer dizer alheamento. Porque, mesmo aposentado, continuo e continuarei a ser aquilo que sempre desejei ser. Quando, ainda menino, uma das minhas brincadeiras preferidas era imitar os meus mestres. Copiar os seus tiques, "escrever sumários", marcar notas na caderneta, passar "sermões" aos que se portavam mal. Afinal, ensinar foi sempre o que eu quiz fazer na vida.
Por isso, no início deste Setembro diferente, não posso deixar de expressar aqui a minha solidariedade para com todos os colegas que, no activo ou no desemprego, estão a sofrer, de muitas formas, os efeitos de políticas insensíveis, injustas, meramente economicistas que, ainda por cima, se hão-de revelar como pouco mais do que ineficazes.
E espero que esses colegas saibam encontrar, na união e na tolerância mútua, as armas com que irão resistir às ratoeiras de divisão que lhes colocaram no caminho. O mais fácil será sempre cada um virar-se contra o colega do lado. Porque é titular e eu não sou. Porque me vai avaliar. Porque está no topo.Porque...
Há sempre que ter em conta que os ministros poderão mudar, mas os profissionais e a sua missão, terão sempre de permanecer.

Para todos, em mais esta etapa da carreira, votos de boa sorte!
A sorte possível!

terça-feira, setembro 04, 2007

Crónicas de uma viagem 7

Termino, por agora, este breve relato de uma recente passagem por terras beirãs, com o Museu do Pão.
Fica em Seia e é um complexo museológico privado onde se exibem e preservam as tradições, história e arte do pão português.
Está organizado em diversas salas:"Ciclo do Pão", "Pão Político Social e Religioso", "Arte do Pão" e "O Mundo Fantástico do Ciclo do Pão". Estas salas, percorrem-se com particular agrado, recolhendo-se interessantíssimos dados e observando-se curioosos e significativos documentos sobre a importância do pão, que, mais do que um simples e mero alimento, pode ser considerado como uma arma política e social.
Por exemplo: sabiam que, durante o Cerco do Porto, no auge das lutas entre absolutistas e liberais, os géneros alimentícios, encarecerem, em alguns casos, mais de dez vezes? Mas, ainda assim, uma libra de bacalhau era mais barata do que uma libra de arroz. Parece mentira, se compararmos com os tempos de hoje. Os mais novos nem devem acreditar que, em tempos idos, o bacalhau era um alimento das classes menos favorecidas.
Outro exemplo: no início do século XIX, um edital do Intendente Geral do Reino, obrigava que os vadios, fossem empregues, compulsivamente, em trabalhos agrícolas. Talvez não fosse mau de todo recuperar a ideia...
Queria, ainda, destacar, o modo extremamente cuidado como o Museu está organizado, com pessoal jovem, bem preparado e simpático, que guia o visitante com amabilidade e profissionalismo.
Aqui vos deixo algumas imagens do exterior deste espaço ( já que, no interior, não é possível fotografar), como sugestão a uma visita que, garanto-vos, vale bem a pena.


foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas

segunda-feira, setembro 03, 2007

Crónicas de uma viagem 6

Um dos locais que o Manel sugeriu que visitasse era Linhares da Beira.
Já tinha ouvido falar, sobretudo na revista do INATEL, de que sou sócio e que ali tem uma estrutura de apoio para os praticantes de parapente. Mas nunca lá tinha ido.
Linhares é uma das chamadas aldeias históricas, a quem D. Afonso Henriques concedeu foral em 1169.
A estrutura de ocupação do espaço desta localidade conjuga um tipo de povoamento medieval com o desenvolvimento significativo que obteve no período quinhentista.
Aqui vos mostro, então, algumas imagens que recolhi durante esta visita.

foto Peciscas Logo à entrada , vê-se o que resta de uma calçada romana, por onde circulariam almocreves e que, provavelmente, ligaria a Mangualde:
foto Peciscas Depois, ao lado da Igreja da Misericórdia, encontramos a Casa Fortaleza, que funcionou como albergaria, hospital e casa dos expostos:

foto Peciscas Caminhando por ruas e ruelas, descobrem-se recantos carregados de história:

foto Peciscas Debaixo deste passadiço, encontra-se a Casa do Judeu, que se inseria na judiaria da aldeia, e na qual funcionava a sinagoga :


foto Peciscas Na Travessa dos Penedos, podem observar-se diversas casas em que há, como o nome indica, penedos, mais ou menos grandes, a constituirem parte das paredes:

foto Peciscas Mas ainda há, por ali,belas casas à espera de quem as queira recuperar:

foto Peciscas O Castelo, erigido, bem no alto, sobre rochedos, domina a aldeia e a região:

foto Peciscas Tem um curioso relógio, cujos pêndulos são duas grandes massas graníticas:

foto Peciscas
É claro que estas breves imagens, são apenas uma pequena amostra daquilo que é Linhares da Beira. O melhor é mesmo, um dia, passarem por lá.

Aqui fica o convite e o agradecimento ao Manel, pela valiosa sugestão que me deu.



foto Peciscas