sexta-feira, outubro 16, 2009

Letreiros 17

foto  Addiragram A presente edição da série "letreiros" é composta apenas por uma imagem.
Por uma razão: trata-se de uma foto que a amiga Addiragram teve a gentileza de me oferecer.Este divertido, sugestivo e original documento foi obtido pela amiga, numa das suas muitas deslocações à vizinha Espanha.
Quando passava por uma das ruas de Gijón, a Addiragram deparou-se com este cartaz que chama a atenção dos munícipes para o problema dos cocós caninos (já aqui temos falado disso), de uma forma particularmente apelativa. Então, lembrou-se dos letreiros que aqui vos vou deixando e remeteu-me a imagem.
O meu muito obrigado à autora da foto.

quinta-feira, outubro 15, 2009

Todos nós vivemos no corredor da morte, mas...

Um homem, equatoriano de origem, mas vivendo nos Estados Unidos foi condenado à morte pelo suposto assassinato de duas pessoas. A sentença baseou-se sobretudo no depoimento da sua ex-mulher, com a qual mantinha um litígio pela custódia das filhas.
O homem passou cinco anos numa prisão de alta segurança, três dos quais no corredor da morte.
Depois de muitas petições e pressões internacionais, o cidadão foi devolvido à liberdade, depois de a justiça norte-americana ter concluído ter havido um erro judicial neste caso. É que tanto os testes de ADN como as impressões digitais que se obtiveram a partir de materiais recolhidos no cenário do crime nada tinham o ver com o condenado.
Mas há em toda esta história um paradoxo assinalável.
É que Joaquin, o envolvido nesta história, era adepto incondicional da pena de morte para crimes de homicídio. É claro que depois de viver esta arrepiante experiência mudou radicalmente de opinião e hoje é um activista na luta contra a sua abolição.
Depois de tomar conhecimento de mais este erro que poderia ter sido irremediável, mais se consolidou em mim a convicção de que a pena capital é uma das barbáries que ainda subsiste no nosso mundo.
E fiquei a pensar que, afinal, todos nós, desde que nascemos, permanecemos num "corredor da morte", pois desde esse momento estamos condenados à pena sem retorno.
Mas há uma diferença. Enquanto, supostamente, o corredor da morte de quase todos nós, vai sendo trilhado em liberdade (por vezes mais suposta do que real, é bem verdade...) e não sabendo ao certo quando chegará o momento decisivo, há quem o tenha de o suportar, numa tenebrosa angústia diária, entre as quatro paredes de uma cela, sabendo, ainda por cima, que a sua vida tem um horizonte próximo para terminar.
Acho isto maquiavélico. E por isso inaceitável.

terça-feira, outubro 13, 2009

Consolidar o...futuro?


Durante a recente campanha eleitoral, muitas foram as frases postas a circular. Mais ou menos bombásticas. Mais ou menos criativas. Mais ou menos bem escritas.
Uma delas, chamou-me particularmente a atenção.
Porque nos propõe um raciocínio profundo, de pendor filosófico. Ou, então, obriga-nos a percorrer complexos caminhos da Física.
Com efeito, será possível

"Consolidar o futuro?"

Se presumirmos que o futuro é algo que ainda não existe, será difícil que possa ser consolidado.
Ou será que o futuro é já palpável e, por isso, pode-se agir sobre ele?
Ou, então, será que já existirá alguma teoria física que prevê a possibilidade de criar mecanismos de consolidação de qualquer coisa que existe num tempo que ainda "não é"?
Seja como for, duvido muito que o autor da frase se tenha preocupado minimamente com estas conjecturas.
Para mim, esta frase, usando terminologia algo rasteira, não foi mais do que "uma bojarda" que saíu, disparada mesmo sem apontar.

segunda-feira, outubro 12, 2009

A propósito dos tempos que correm ou Como era a informação nos velhos tempos...

No dia 24 de Agosto de 1957, o Diário de Notícias transcrevia um comunicado da Direcção-Geral de Saúde a tranquilizar a população portuguesa sobre a eventual ameaça de uma epidemia de gripe asiática. “Não há motivo para alarme no nosso país” assegurava o título da primeira página. Todas as providências para enfrentar o perigo tinham sido tomadas pelo Governo, informava o comunicado, e nenhum caso havia sido registado até àquele momento. Não era verdade. Já no início daquele mês alguns doentes passíveis de serem identificados como contaminados pelo vírus H2N2, o causador da doença, tinham ficado internados nos hospitais. Os primeiros casos só foram publicamente reconhecidos cinco dias depois, na primeira página do DN. “A gripe asiática chegou a Portugal, mas não há motivo para alarme".
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Mesmo sendo público, e cientificamente comprovado pelos laboratórios internacionais, que a gripe era causada por um tipo de vírus, o H2N2, até então desconhecido dos humanos, o Diário de Notícias não resistiu à tentação de divulgar uma outra interpretação, mais em sintonia com a atmosfera política internacional: “A gripe asiática terá sido provocada por uma grande potência comunista para enfraquecer o mundo livre?”, questionava o DN em letras gordas em 17 de Agosto daquele ano.
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Durante toda a primeira quinzena de Setembro de 1957 a gripe asiática ausentou-se misteriosamente dos jornais portugueses, para retornar a 19 daquele mês. Um artigo no Diário de Notícias relatava que estava debelado o surto de gripe que chegara a atingir 4 mil soldados no Campo Militar de Santa Margarida, no concelho de Constância.


Excertos do Volume 14 de “Os Anos de Salazar” ed. Planeta DeAgostini