sexta-feira, junho 06, 2008

Mulheres ao Espelho


Quem por aqui passa com alguma regularidade, sabe que, entre as minhas tão diversificadas preferências musicais, incluo o fado.
Mas, como em tudo na vida, há música boa, há música má, há música assim-assim. O fado não foge a essa regra.
Assim, de acordo com os meus próprios critérios, faço uma filtragem que só deixa ficar o fado que cumpre os requisitos de qualidade poetica e musical que funcionam como "as minhas referências".
Entre os fadistas que amo, a Aldina Duarte ocupa um lugar especial.
Não só porque tem um
espaço na blogosfera, onde passo com muita frequência, pois ali há sempre poesia de excelente qualidade, criteriosa e diligentemente seleccionada pela autora do blog
A Aldina Duarte tem sabido percorrer os degraus da sua carreira, de uma forma particularmente digna. Nem sempre fácil, pois a artista não escolhe os caminhos da facilidade.
Exigente na selecção dos textos que interpreta. Muitos deles da sua autoria. Que quase sempre coloca sobre músicas tradicionais de fado.
Aldina acaba de lançar o seu terceiro disco: “MULHERES AO ESPELHO”. Que, é, para além de tudo, em si mesmo um acto de coragem, pois resulta de uma produção independente, já que a fadista criou a sua própria editora.É que as chamadas "grandes editoras" parecem entender a arte musical,unica e simplesmente, como um mero "produto de mercado".
É um trabalho para ouvir, devagar; para saborear.
Para sentir o crescimento artístico desta mulher que aqui nos surge mais madura, mais segura de si e dos seus objectivos no campo musical que é o seu.
Interpreta os temas que seleccionou, de uma forma digamos, depurada, sem recurso a jargões estilísticos que, muitas vezes, vemos e ouvimos associar a uma "autenticidade fadística" que a mim, particularmente, não me convence.
“Mulheres ao Espelho”, com belíssimas palavras de apresentação de Maria João Seixas, vale pelo seu todo artístico. Poderia, entretanto, destacar, um poema de Maria do Rosário Pedreira, dito pela autora e que Aldina Duarte incluiu no seu disco. É um texto intenso, dramático, que me tocou particularmente.
Para quem gosta de fado, aqui fica a viva recomendação para que descubra este disco. E, mesmo para quem não costuma gostar, a sugestão de que, talvez, ao ouvi-lo, possa começar a mudar de opinião.
“E, para provar o que digo”, aqui vos deixo a faixa 1:
Letra de Aldina Duarte, música de Alfredo Duarte (Marceneiro)
“No fim”


quinta-feira, junho 05, 2008

Tudo paga imposto.

Num destes dias li uma frase, atribuida a uma fiscalista com a qual imediatamente tive de concordar:
"- Pagamos IVA desde que nos levantamos".
Claro que tem razão. Saltamos da cama, e a água que gastamos na nossa higiene, paga imposto, assim como o sabonete. Se nos damos ao luxo de pôr um perfume, já demos mais uns dinheiritos ao estado.
Vamos comer o pequeno almoço e tudo o que consumimos pagou IVA.
O mesmo acontece quando usamos um transporte.
E quando telefonamos.
E quando lemos o jornal.
E quando estamos na internet.
E...
Só acrescentaria ao que disse a fiscalista, que, até quando dormimos, pagamos imposto. Nos lençóis em que encostamos ocorpo, na própria cama, já por lá andou o tal IVAzinho.
Se calhar, o simples acto de existir, de respirar, de viver, está incontornavelmente ligado a impostos.
Será que até o próprio amor e a solidariedade também são taxados fiscalmente?
Dada a cada vez menor abundância destes produtos no mundo em que vivemos, sou levado a crer que, se calhar, as pessoas se afastam o mais que podem desses sentimentos, por uma questão de"evasão fiscal"...

quarta-feira, junho 04, 2008

As falibilidades da Estatística

Como ex-professor de Matemática, conheço o importante papel que a Estatística desempenha na vida das sociedades.
Designadamente, creio que as sondagens e os estudos de opinião e de mercado, são imprescindíveis à tomada de decisões e a um melhor conhecimento da realidade.
No entanto, também sei das limitações a que este tipo de estudos está sujeito.
E sei-o, não só a nível teórico, como por experiência própria.
Talvez já vos tenha acontecido terem sido solicitados a responder a inquéritos, por exemplo via telefone.
A mim, já me sucedeu algumas vezes e, a menos que esteja muito pressionado pelo tempo, acedo a responder.
No entanto, não raras vezes, acabo o inquérito com a clara sensação de que, a muitas das questões, se elas me fossem colocadas de novo, amanhã ou depois, responderia de modo diverso.
E mais ainda. Decidi anuir ao convite para fazer parte do painel de eventuais inquiridos, ao dispor de uma conhecida empresa de estudos de mercado. Já tenho respondido a alguns inquèritos, que me chegam por mail.
Um destes dias era sobre campanhas publicitárias de perfumes.
Uma das questões tinha a ver com o meu conhecimento sobre marcas e sobre anúncios televisivos.
Acontece que, quando inicialmente me foi solicitada a referência a nomes de marcas, lembrei-me de algumas, mas deixei de lado muitas outras que conheço. Mas o problema é que, após ter respondido, na questão seguinte era referida uma longa lista de marcas, apara assinalar as que conhecia. Aí dava conta das que me tinham escapado. Mas, como era possível regressar à questão anterior, teria podido acrescentar mais umas marcas à minha resposta inicial. Se o tivesse feito, já estava a modificar a opinião primitiva.
E o mesmo sucedeu com a evocação das campanhas publicitárias.
Dir-me-ão que, como as amostras de inquiridos são diversificadas e suficientemente vastas para serem representativas, tudo se vai diluir e, por isso, aumentar a fiabilidade das conclusões.
No entanto, tudo isto me serve para não me deslumbrar com as conclusões deste tipo de estudos, que, muitas vezes, nos são apresentados com a infalibilidade que não podem ter.

terça-feira, junho 03, 2008

Enquanto escrevia este post...


Quando comecei a escrever este post, coloquei o cronómetro em marcha.

Não porque estivesse particularmente preocupado em testar a minha rapidez a teclar.

A razão é outra.

Foi recentemente divulgado que, a cada 5 segundos, morre, algures, uma criança com fome.

Ou seja, quando eu acabo de escrever este breve texto, uso uma crua e elementar matemática, para calcular que já morreram, desde que o iniciei,

31 CRIANÇAS.

Até quando?

segunda-feira, junho 02, 2008

Frigideiras do cantinho


Quem for a Braga, não deve deixar de passar pela confeitaria onde se podem provar as seculares "frigideiras do cantinho" .
Para além do mais, através do chão envidraçado do estabelecimento, podem observar-se restos de ruínas romanas, da Braccara Augusta.
Mas, para quem ainda não teve oportunidade de lá ir, aqui fica um exemplar desta especialidade local que de lá trouxe, para vós.
Provem e, depois, digam-me se gostam...