sexta-feira, novembro 13, 2009

Uma decoração viva

foto Peciscas
Acho que já vos disse que, actualmente, não tenho nenhum animal doméstico. Mas sou diariamente visitado por alguns bichanos que, usando do conhecido espírito de independência bem própria destes animais, não reconhecem muros, portas ou outras quaisquer barreiras.
Um destes dias, ao chegar a casa, deparei-me com destes "amigos" que achou por bem quebrar a eventual monotonia da fachada, postando-se no pilar, mesmo acima do número da minha porta.
Achou que ficaria bem ali.
Há quem ponha leões, águias, cães, dragões, de louça, de metal...
Mas, naquele dia, àquela hora, eu podia dar-me ao luxo de ter um elemento decorativo vivo, animado e imponente.
Fotografei, para que conste em memória futura.
E pronto... Já ficam a saber que moro no nº 31...

terça-feira, novembro 10, 2009

Tutear é pecado...

Li, por acaso, um destes dias, uma citação de um excerto de uma entrevista dada por uma tal senhora Bobone, que ganha a sua vida a fofocar sobre o chamado jet-set e a arengar sobre regras de etiqueta. Como se vê, é uma senhora cujo labor é mesmo indispensável à nossa felicidade colectiva.
E ssa frase da senhora diz:
- Acho um horror os filhos tratarem os pais por tu. Tira o respeito. O respeito dá jeito.
Esta afirmação, poderosa e definitiva, cilindrou-me e abateu-me por completo. Desde que a li, já não posso ser o mesmo.
É que dei conta de que vivi anos e anos no horror de tratar os meus pais por tu.
E que, ainda hoje, persisto no culto desse horror. Porque o meu filho trata a mãe e o pai por tu. E trata os avós, tios e demais familía também desse modo horroroso.
Finalmente, após tantos anos de vida, dei conta da verdadeira razão que explica tanta falta de respeito que navega neste mundo.
Afinal, o pecado original está nesse pecaminoso tutear que algumas famílias devassas continuam a alimentar.
Bobone dixit.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Há muros que são mais difíceis de destruir

Faz, então, 20 anos, que caíu o "Muro de Berlim".
Acontecimento simbólico que assinala, indelevelemente, a História do século XX e que, em todo o mundo, está a ser relembrado e comentado.
Ontem, na Antena 1, ouvi uma excelente reportagem sobre este marco histórico que, entre outras coisas interessantes, insistiu na ideia de que, para lá da destruição material da barreira que impedia a livre circulação entre as duas partes da Alemanha, o muro ainda persiste. Ele está ainda implantado nas mentalidades dos alemães. Permanecem desigualdades (até salariais) entre as duas regiões agora unificadas, designadamente a nível salarial. E subsistem desconfianças mútuas entre as populações que, durante décadas, foram doutrinadas por sistemas políticos antagónicos.
E levará provavelmente muito tempo até que esses muros "mentais" se abatam completamente.
É um pouco como o que se passou e se passa no nosso país.
O 25 de Abril assemelha-se, de certo modo, à queda do muro de Berlim. No entanto, passados 35 anos, esse muro ainda vigora em muitas mentalidades. Há quem se situe, mais ou menos convictamente, de ambos os lados. E o que é mais intrigante é que, alguns que não aceitam o saltar desse muro, nem sequer eram nascidos quando ele implodiu.
O que leva a concluir que mais do que as barreiras físicas, cuja destruição é fácil de conseguir, é muito mais difícil eliminar os obstáculos ideológicos e mentais que impedem a verdadeira comunhão entre os povos.