sexta-feira, outubro 02, 2009

O nome até era pomposo...

Brincadeira?
Já tinha passado algumas vezes por este local e julgava que aquele dístico pintado no muro, seria mais uma daquelas pichagens de teor mais ou menos humorístico que por aí abundam.

Mas um destes dias, parei mesmo e descobri que ali não há propriamente humor nenhum, mas simplesmente mais um daqueles negócios imobiliários em que as promessas não são cumpridas.
Aqueles tapumes e aqueles muros de blocos, seriam, supostamente, a imponente entrada de um condomínio privado. Com um nome bastante pomposo.
E o letreiro, em vez de pintado à mão, deveria, talvez, ser constituído por letras de metal dourado, cravadas numa bonita parede de granito.
Ou seja, os sonhos dos compradores dos andares ficaram a meio caminho da concretização.
O prédio existe, mas o que falta fazer também. Para além da entrada do condomínio, faltarão os equipamentos prometidos (pois o que se entrevê para lá dos tapumes é só mato) e mesmo as aberturas das garagens mostram que, por ali, a obra não acabou.

De passagem, pode-se apreciar a qualidade da construção, com o edifício, ainda recente, já a mostrar claros sinais de degradação.
Enfim, mais um exemplo de como há cidadãos que continuam a ser enganados, com falinhas mansas e muita impunidade.





quarta-feira, setembro 30, 2009

Obrigado Laura!


Há tempos, na última página do JN, vinha uma notícia que inevitavelmente me chamou a atenção. A Laura de Jesus, a "Laurinha da Unicepe" ia-se reformar, após 40 anos de trabalho.
Para quem não saiba, a Unicepe- Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, foi fundada em 1963, por um grupo de jovens estudantes que assim quiseram criar mais uma âncora de resistência cultural à ditadura.
Orgulho-me de ser um dos seus primeiros sócios, de ter sido seu dirigente e funcionário, até perto dos anos setenta.
E lembro-me muito bem da chegada da Laura à Unicepe. Primeiro, como empregada do pequeno bar que tínhamos, fazendo também limpezas. Entrando timidamente para um meio de gente com habilitações literárias de nível superior e, ainda por cima, não muito bem vista pelas "autoridades" de então.
Mas, apesar da sua escolaridade não ser elevada, a Laurinha, mulher inteligente , foi-se integrando no espírito da cooperativa, foi aprendendo mais e mais sobre livros e cultura, até se tornar uma peça-chave do funcionamento da Unicepe.
Agora, a Laurinha, aos 64, vai embora, com muitas recordações para evocar.
Sobre muitos vultos da cultura nacional que passavam por aquelas salas de um vetusto edifício da Praça de Carlos Alberto, onde ainda hoje se encontram as instalações.
E sobre um tempo de medos e coragens, que por ali vivíamos, sempre com a perspectiva de nos entrarem pelas portas adentro, aqueles vultos cinzentos e sombrios, para quem a cultura, como a Goebells, fazia "puxar da pistola".
Foi com pessoas como a Laura de Jesus que a Unicepe conseguiu resistir a muitas crises e a muitos obstáculos.
Em nome dos pioneiros da Unicepe, em memória desses tempos que agora recordamos, por toda a tua dedicação, por teres sabido sempre "vestir a camisola" da nossa Cooperativa,
OBRIGADO LAURINHA!

domingo, setembro 27, 2009

O costume...

Estou em frente ao televisor a ver a "noite eleitoral".
Como, é costume, ouço quase toda a gente a dizer que ganhou. Ou a dizer que não perdeu.
Mas, para lá das palavras, sabemos que, por isto ou por aquilo, todos tiveram as suas frustrações. Ou porque não ganharam tanto como queriam. Ou porque outros ganharam mais do que eles.
Por isso, quando ouço os dirigentes a falar, dou pouca importância ao que dizem.Prefiro imaginar o que pensam, lá no seu íntimo.
Mas, mais do que tudo isso, acabo a noite a pensar naquilo que vai acontecer. Em que medida a minha vida e a dos outros, vai mudar depois desta noite.
Se vai haver mais emprego. Se vai haver mais segurança. Se vai haver mais esperança.Se vai haver mais cultura. Se vai haver mais futuro.
Provavelmente nada de substancial vai mudar.
Aguardemos.