quinta-feira, abril 27, 2006

Aloquete ou cadeado?



A propósito de outro texto que aqui publiquei recentemente, relembrei a velha e eterna discussão que,há alguns anos atrás, era protagonizada, por gente do norte e gente do sul, quando cumpria o chamado "serviço militar obrigatório".
Tratava-se de determinar a denominação correcta daquele utensílio que servia para manter fechado o armário de metal onde se guardavam os haveres, em (relativa) segurança.
Que era aloquete, dizíamos nós, "os de cá de cima".
Que era cadeado, afirmavam convictamente os de "abaixo do Mondego".
Eram disputas verbais intermináveis, às vezes agressivas e que, em certa ocasião, quase descambaram em vias de facto.
Este acaba por ser, entretanto, um bom exemplo do que pode ser uma disputa, estéril e inconsequente.
É que, consultando o "Dicionário da Língua Portuguesa contemporânea":
aloquete, loquete - fechadura móvel = cadeado
cadeado - corrente formada por elos de ferro; objecto formado por uma peça provida de fechadura e por outra semi-circular que encaixa na primeira = loquete.
Quer dizer, ambas as denominações são correctas e aceitáveis, pois querem dizer a mesma coisa . O que também significa que as referidas discussões redundaram em mero gasto inútil de saliva...
Já agora, e a propósito.
Ao fazer uma breve pesquisa no Google, encontrei uma meia dúzia de imagens para a palavra "aloquete" e 32 páginas quando introduzi o termo "cadeado". Para loquete, apareceram umas poucas imagens de ...cavalos.
Donde se conclui que o Google "é do Sul".

quarta-feira, abril 26, 2006

Em muitas coisas, o País em que vivemos, cada vez mais se parece com a tira de Moebius.
Anda-se, anda-se, mas volta-se sempre ... ao princípio...

terça-feira, abril 25, 2006



Há muitos anos atrás, havia quem, pela calada da noite, arriscando a segurança ou até mesmo a vida, procurava muros brancos, para escrever, quase sempre com nitrato de prata (um produto que era mais difícil de apagar) uma palavra que hoje nos parece tão simples e banal, mas que então, era considerada como subversiva.

Tão subversiva que, logo que os zelosos guardiões do templo a descobriam, não descansavam enquanto a não safassem ou não a cobrissem com a tinta da censura.

Pssados 32 anos, ainda é preciso recordar esses tempos.

Para que não se esqueça que houve gente que lutou para que hoje essa palavra seja banal.

Tão banal que até permite que se ergam vozes que, paradoxalmente, a ponham em causa.