sexta-feira, julho 20, 2007

quarta-feira, julho 18, 2007

Era assim

No final dos anos 60, em Portugal, uma mulher que quisesse viajar no estrangeiro e pedisse passaporte, tinha de ter autorização expressa do marido.
Quem não acreditar, pode ver o exemplo que a seguir vos mostro.
Não é montagem. É (era) mesmo a realidade.
Mas, pelos vistos, ainda há por aí pessoas a desejarem o regresso a esse passado...
(se necessário, clicar na imagem para a aumentar)


terça-feira, julho 17, 2007

Desumanidades...

Nos últimos tempos, têm-se repetido as notícias que dão conta de trabalhadores a quem as juntas médicas da CGA não concedem aposentação antecipada por incapacidade para o desempenho da função, apesar de padecerem de doenças graves, designadamente do foro oncológico.
Todos conhecerão os casos gritantes, de professores com cancro, obrigados a regressar às escolas, em situações físicas e psíquicas desastrosas.
Hoje (Sábado), vem no JN, mais um desses casos. E este, com contornos dantescos, já que, numa primeira fase a junta até reconheceu a incapacidade mas depois, alguém, presume-se que o médico-chefe, riscou a palavra "sim" que afirmava a incapacidade permanente para o serviço, escrevendo depois "não". O mais ridículo e absurdo é que, no impresso, em baixo, justifica-se a rasura por "engano no preenchimento do auto".
De notar que as notícias para já conhecidas, dizem respeito a docentes.
Não será por acaso.
E não me venham dizer, como já aqui se tem pressentido em alguns comentários, que os profissionais desta área têm a mania da perseguição e que querem ter mais direitos do que os outros.
Mas o que parece é que se ignoram as especificidades da função docente, as suas exigências. Parece que há quem pense que um homem sem voz, pode continuar a dar aulas, se calhar imaginando que basta escrever coisas no quadro para que o trabalho fique feito. Ou que com parte da língua cortada ou desfigurada por quimioterapias, pode continuar a enfrentar uma turma de trinta alunos.
Mas há muitos mais casos...
Na escola onde trabalhei, há um funcionário não docente que, enquanto pôde, desempenhou as suas funções de modo dedicado e empenhado. Sempre pronto para fazer o que fosse necessário, mesmo os serviços mais exigentes do ponto de vista físico.
Depois, adoeceu, com problemas pulmonares graves e outras complicações, que determinaram longos períodos de internamento, intervenções cirúrgicas, implantação de um pacemaker.
Entretanto voltou ao serviço, mas solicitou aposentação por incapacidade, dado que os médicos lhe recomendaram o máximo de precauções, nomeadamente o não poder apanhar frio ou muito calor, não fazer o mínimo esforço físico, e ter uma vida muito calma e regrada.
Foi à junta, após alguns meses de espera, entretanto pontuadas com novas crises, com sangramentos e crises de apneia, dado que o serviço que tinha na escola, passava pela presença na portaria, local que dispõe apenas de uma pequena e inóspita guarita como abrigo.
Na junta quase não olharam para ele, limitando-se a dizer que deixasse os relstórios médicos (tinha diversos, bem como exames vários) e que aguardasse.
O homem, a quem eu ia perguntando notícias, estava confiante de que lhe iria ser concedida a aposentação (até porque era esse o parecer dos clínicos hospitalares que o tinham acompanhado).
Quando não é o seu espanto ( e o meu) quando conheceu a decisão de "apto para o serviço", sem quaisquer limitações.
Acabrunhado, revoltado, mas resignado, lá se teve de conformar.
Perante esta desumanidade, prevaleceu o bom senso do órgão de gestão, que acabou por colocar o funcionário na biblioteca da escola, onde, apesar de tudo, está um pouco mais resguardado.
Agora, que a comunicação social tem divulgado estas manifestações de insensibilidade de clínicos e administrativos, pressionados pelos que querem reduzir despesas e défices, nem que seja à custa do sofrimento alheio, o Governo lá apareceu a dizer que as coisas vão mudar (o próprio PM surgiu a dizer que tinha pessoalmente dado instruções para que isso sucedesse-pudera, com as vaias a aumentarem e os índices de popularidade a cairem, ...)
Por isso, pode ser que o tal funcionário possa, em breve, ver resolvida a sua situação.

PS- Já depois de ter escrito o texto anterior, veio à luz do dia mais um caso: desta vez, o de uma funcionária (novamente ligado ao ensino, estão a ver?) com quatro tumores que teve de ir para a escola, onde passou a"trabalhar" acamada, permanecendo durante o seu horário de serviço, num gabinete.

Em que país vivemos!

segunda-feira, julho 16, 2007

Como o tempo, afinal, não passa...

Nos tempos da "velha senhora", de vez em quando, eram organizadas manifestações "espontâneas" de apoio ao Salazar.
Assim, embarcavam-se uns milhares de pessoas em camionetas e outros meios de transporte, recolhidos por esse Portugal fora e despejados depois no Terreiro do Paço.
Numa dessas jornadas, estava a então Emissora Nacional a fazer a cobertura em directo quando a locutora se abeirou de uma anciã e a interrogou:
-Então, minha senhora de onde vem?
-Pois eu cá venho de....(já não sei o nome da terra).
-E então diga aos nossos ouvintes: por que veio até Lisboa?
-Ó minha senhora é... foi... Parece que é por causa de um tal Baltazar...
A solícita locutora emendou a situação embaraçosa, conforme pôde:
-Como reparam, a emoção desta simpática senhora pelo facto de estar presente nesta patriótica manifestação é tal que até se engana ao proferir o nome de Sua Excelência o Presidente do Conselho!


Muitos anos mais tarde, à porta do Hotel Altis, um grupo reduzido de pessoas, presentes para darem colorido à vitória de um candidato à Câmara de Lisboa.A um canto, um monte com largas dezenas de bandeiras, no chão, sem mãos para as empunharem...
O repórter da televisão, vai interrogando, ao acaso, algumas pessoas, todas já de avançada idade.
Mas de onde vinham?
De Cabeceiras de Basto... Do Alandroal...Uma ou outra, por acaso, até morava em Lisboa...
Algumas delas dizendo que não sabiam ao que vinham, pois tinham sido convidadas para uma excursão que passaria por várias terras, incluindo Lisboa. Onde, por acaso, havia uma eleição.
Mas um homem, também vindo de fora, acabaria por manifestar-se mais informado:
-Foi o Partido que pagou as camionetas para a gente vir.

Como o tempo, afinal, não passa...