quinta-feira, maio 10, 2007

quarta-feira, maio 09, 2007

1

Há dias, o PR afirmou que era necessário quebrar a rotina das comemorações do 25 de Abril. Designadamente, para explicar aos jovens quais foram os objectivos e motivações da Revolução.
Pela minha parte, decidi colaborar nessa campanha.
Assim, de vez em quando, aqui contarei algumas histórias verídicas, que aconteceram, nos tempos em que se sonhava com a Liberdade.
Quanto mais não seja, para que não se perca a memória desses tempos e para que, quem os não viveu, possa saber que a opressão e medo que Portugal então vivia, não são invenções históricas.
Aconteceram mesmo!


Em 1962, designadamente no dia 24 de Março, ocorreram em Lisboa importantes lutas estudantis, com cargas policiais, prisões de jovens, em massa.
A partir daí essa data passou a ser consagrada como Dia do Estudante, sendo anualmente comemorada, embora sempre alvo de proibições governamentais.Em cada ano era lançado um emblema (actualmente chama-se "pin") do respectivo Dia, que usávamos, como forma de protesto.
Certa vez, houve movimentações na Universidade do Porto, tendo os estudantes protestado (creio que contra a guerra no Vietname). A polícia carregou, e a zona da Praça dos Leões esteve em estado de sítio durante algumas horas.
Entretanto, tive de ir a uma estação de correios que ficava perto, na rua de Ceuta.Estava na fila para ser atendido, quando vi um sujeito, a olhar fixamente para mim, com os olhos a faiscarem ódio.E disse:
-Isso que tem aí no peito, é muito perigoso. Pode mesmo causar a morte!
Eu sabia que trazia no casaco o emblema do Dia do Estudante desse ano.
Secou-se-me a garganta, pois não tinha dúvidas de que aquela personagem pertencia à sinistra polícia política do regime (eles acorriam em bandos, quando "lhes cheirava a esturro").Balbuciei:
-Deixe lá. Não faz mal!
E ele a insistir.
-Isso é mesmo muito perigoso. Tenha cuidado!Veja bem !
E desceu os olhos para a lapela do meu casaco.
Instintivamente, baixei também os olhos. Foi então que vi, junto do emblema, uma grande abelha, que tinha entrado na estação dos correios e pousado perto do meu pescoço, facto que o indivíduo aproveitou para me fazer sentir que eu estava a "transgredir".
Era assim! A gente vivia permanentemente sob o signo do medo, acossado por esses indivíduos que, por todo o lado, vigiavam os nossos passos.

terça-feira, maio 08, 2007

Já não são o que eram...


Em meu entender, actualmente, as noites eleitorais perderam a emoção que outrora conseguiam despertar.

Agora, com as sondagens quase diárias e mesmo no dia das eleições, salvo raras surpresas, tudo já está mais ou menos antecipadamente conhecido.

Nas primeiras eleições a seguir ao 25 de Abril, fui para casa de um amigo, onde se juntou um grupo, que foi acompanhando, pela madrugada fora, o andamento da contagem dos votos.

A coisa era morosa. Mas a gente estava ali e não desandava, a ver a evolução dos partidos, décima a décima. Só lá para as cinco da manhã é que debandámos.

E aquilo, além do mais, era um convívio, pois íamos bebendo uns copos e aconchegando o estômago com uns petiscos, já que a noite era longa.

Dirão que é melhor assim, que é mais rápido e menos maçador. O que também poderá ter a ver com o desencanto que as pessoas vão crescentemente sentindo pela política.

Por algum motivo o Sarko, depois de falar para as televisões, logo após as projecções lhe darem a vitória, foi calmamente jantar, antes de assomar à varanda, como é costume, para falar às massas.

segunda-feira, maio 07, 2007


A Lúcia, atribuiu-me esta distinção, que agradeço, com amizade.
Entretanto, sendo suposto nomear, também, gente de que gosto, verifiquei, com agrado, que a maioria dos que poderia citar já foi, e bem, lembrada.
De qualquer modo, vou referir-me à Aldina Duarte, porque tem um espaço onde coloca, diariamente, poesia de grande qualidade, muita dela pouco conhecida do chamado "grande público". Também ao Zé "Prisas" Amaral, cujos escritos, dada a situação em que se encontra, me fazem mesmo pensar em outras faces da vida. E ao Eduardo que, muito embora nem sempre tenha muito tempo para andar por aí, tem uma sensibilidade e um espírito de solidariedade que aprecio particularmente.
E porque vou cometer a injustiça de não nomear muita outra gente boa, deixo aqui um espaço onde podem caber todas e todos os/as que o Google descobrir. E, se calhar, a lista não se esgota aí.