sábado, março 15, 2008

O espólio que resta

foto Peciscas No ocaso de uma vida,tantas vezes sofrida e ingrata, um pouco de sol e a companhia de um pachorrento animal doméstico, são, para muitos, o espólio que resta.

sexta-feira, março 14, 2008

Quatro anos!

Faz hoje quatro anos que me deixaste.
Naquele canto sombrio do grande hospital. Sozinha, frágil, indefesa. Com os teus olhos azuis que eram os mais belos que já alguma vez vi, a conformarem-se com o fim.
Como tu, por vezes me dizias, "E assim se passou a vida".
Uma existência sofrida, penosa, em que foste mais uma vítima silenciosa de uma violência doméstica que, nesse tempo, era desculpada, sustentada, ou até incentivada, por uma ideologia hipocritamente designada como sendo de "brandos costumes".
Foi por isso que te agarraste aos filhos de quem fizeste um projecto de vida. A quem deste tudo o que podias e o que não podias.
Por quem passaste fome. Por quem choraste. Por quem temeste.
Foi, também por ti, que, acordei para a luta contra uma ditadura e uma opressão, que sufocavam o país onde nascemos.
E, foi, também por isso, que, tantas vezes, andaste "com o coração nas mãos", com o medo de, numa qualquer madrugada, baterem à porta aqueles homens sinistros, para te levarem o filho.
E dizias: " Se um dia te levarem, eu vou lá e arranho-os todos".
Com o olhar determinado de uma leoa ferida que luta pelas suas crias.
Já passaram quatro anos... Tanto tempo, ou foi ontem?
Mas ainda não me conformo.

Ainda me fazes muita falta, Mami!

quinta-feira, março 13, 2008

Quem foi que disse?

"Num sistema de administração em que predominava a falta de sinceridade e de luz, afirmei, desde a primeira hora, que se impunha uma política de verdade. Num sistema de vida social em que só direitos competiam, sem contrapartida de deveres, em que comodismos e facilidades se apresentavam como a melhor regra de vida anunciei, como condição necessária de salvamento, uma política de sacrifício."





Quem foi que disse?










Pensa lá...










Quem terá sido?













Não! Não foi esse em que estás a pensar.













Pensa ainda mais um pouco...













Está bem! Não te zangues, que eu digo já.













Este é um exerto de um discurso feito em 21 de Outubro de 1929.














E o seu autor: António de Oliveira Salazar.

quarta-feira, março 12, 2008

Uma ajuda do amigo da onça...

Quando andava na Faculdade de Ciências a tirar o meu cursito, tinha um colega cujo perfil se enquadrava no velho "amigo da onça", a imortal personagem criada pelo cartoonista brasileiro Péricles. Aliás, mesmo a sua aparência física, designadamente o rosto, se assemelhava bastante ao desenho.
Entre os seus tiques, estava a abordagem que fazia a quem estava, nervoso e tremelicante, à espera da entrada para um exame oral.
Então este embirrante colega, com voz mais ou menos sibilina e com um ar superior, fazia uma daquelas perguntas de algibeira, normalmente sobre os subterrãneos da matéria que pouca gente dominava. Mas ele, dedicava-se a "pescar" esses pontos obscuros, só para aterrorizar que já estava suficientemente ansioso.
Por exemplo:
-Sabes o que é uma crocidolite?
Normalmente, não se sabia e esse facto fazia acrescer o temor pelo sacrossanto chumbo.
Mas, uma vez, este "amigo da onça", detestado um pouco por toda a gente, até me foi útil.
Estava eu a cerca de meia hora da oral de Zoologia, quando o L. (o tal...) me inquiriu ao seu jeito:
- Mas tu sabes o que é o escafognatito?
A princípio , perante aquele palavrão atirei-lha uma resposta azeda do género:
-Olha lá. Vai mas é pentear símios!
E o L. afastou-se, com aquele risinho sarcástico que sempre exibia, quando a gente não sabia responder às perguntas que seleccionava.
Mas, porque, apesar de tudo, ele tinha conseguido abanar-me, lá peguei na "sebenta" (para quem desconheça o termo, direi que eram os apontamentos policopiados que se utilizavam para a aprendizagem) e gastei a meia hora que faltava para o exame a tentar descobrir o significado da tal "obscenidade".
E lá encontrei, num cantinho, a tal palavra e o que queria dizer.
E não é que, estando o exame naquela fase em que o professor ainda está com dúvidas sobre se o aluno se preparou convenientemente ou não, ouço:
-Então diga-me o senhor se sabe o que é o escafognatito.
E eu, exibindo o ar triunfal que Vasco Santana exibiu na "Canção de Lisboa" quando disse o que era o esternocleidomastoideo, lá lhe papagueei a resposta pretendida.
A partir daquele momento, senti que tinha a passagem no exame na palma da mão.
Foi a única vez que alguém terá agradecido a intervenção cínica do "amigo da onça L..
PS- Já estou a ver, alguns dos meus amigos e amigas, após a leitura deste post a irem ao Google para verem se crocidolite e escafognatito, realmente existem...
Vão ver que sim!

terça-feira, março 11, 2008

Foi você que falou em alta tensão?

Um destes dias, no jornal que comprei, vinha um destacável elaborado pela REN, sobre as linhas de alta tensão.
Claro que entendi logo que se tratava de uma resposta de marketing às crescentes movimentações populares contra as linhas que atravessam determinadas povoações.
Li, com alguma atenção, o referido folheto. E às tantas comecei a ficar um bocado confuso.
Transcrevo:
As linhas são perigosas para a saúde?
Não.
A Organização Mundial de Saúde, através da Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), classifica os Campos Electromagnéticos ao nível do consumo do café ou de pickles.
As linhas provocam cancro?
Não.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que não há relação entre as linhas de transporte de energia e as doenças cancerígenas em seres humanos.
Mas existem dúvidas?
Continua a haver estudos sobre uma doença muito rara, a leucemia infantil linfoblástica aguda. Os resultados obtidos pelos estudos epidemiológicos são contraditórios e de elevada incerteza devido à muito pequena dimensão das amostras.
Podemos quantificar este risco em termos de saúde pública?
Na hipótese de haver uma relação causal entre as linhas de transporte e esta doença, estima-se que esta relação seja de um óbito em cada meio século.
Depois da leitura do papel, e perante os contraditórios "nãos" e os "mas" que ali se encontram a única conclusão segura que pude tomar é esta:
Vou deixar de tomar café e de comer pickles...

segunda-feira, março 10, 2008

Novas tecnologias

Não há dúvidas de que o país está a modernizar-se a passos largos.
Novas oportunidades e novas qualificações estão a percorrer os vários domínios da vida nacional. Por exemplo na construção civil
Ora vejam estes documentos que obtive numa obra que está a ser contruída algures.
Naquilo que vai ser a futura casa de banho, já estão assinaladas as localizações dos utensílios a utilizar.
Lá está o lugar onde vai funcionar a trivial e vulgar sanita. Mas também haverá lugar para um novo utensílio, quem sabe se oriundo da mais recente tecnologia nacional. Nem mais nem menos do que um VIDE.
Ora embrulhem!

foto Peciscas
foto Peciscas
foto Peciscas