sexta-feira, março 14, 2008

Quatro anos!

Faz hoje quatro anos que me deixaste.
Naquele canto sombrio do grande hospital. Sozinha, frágil, indefesa. Com os teus olhos azuis que eram os mais belos que já alguma vez vi, a conformarem-se com o fim.
Como tu, por vezes me dizias, "E assim se passou a vida".
Uma existência sofrida, penosa, em que foste mais uma vítima silenciosa de uma violência doméstica que, nesse tempo, era desculpada, sustentada, ou até incentivada, por uma ideologia hipocritamente designada como sendo de "brandos costumes".
Foi por isso que te agarraste aos filhos de quem fizeste um projecto de vida. A quem deste tudo o que podias e o que não podias.
Por quem passaste fome. Por quem choraste. Por quem temeste.
Foi, também por ti, que, acordei para a luta contra uma ditadura e uma opressão, que sufocavam o país onde nascemos.
E, foi, também por isso, que, tantas vezes, andaste "com o coração nas mãos", com o medo de, numa qualquer madrugada, baterem à porta aqueles homens sinistros, para te levarem o filho.
E dizias: " Se um dia te levarem, eu vou lá e arranho-os todos".
Com o olhar determinado de uma leoa ferida que luta pelas suas crias.
Já passaram quatro anos... Tanto tempo, ou foi ontem?
Mas ainda não me conformo.

Ainda me fazes muita falta, Mami!

2 comentários:

Andreia disse...

As mães fazem sempre falta!

Anónimo disse...

um abração!
maray