Nos meus 45 minutos (quase) diários de marcha pedestre, passo por pequenas hortas que se intercalam com espaços urbanos, maiores ou menores.
Entre elas, chama-me particularmente a atenção, uma que é cultivada por um casal de anciãos, que, faça sol ou frio ou chova, lá andam, à volta das verduras, das flores, do milho, das batatas. Com carinho e com esmero, apesar dos danos físicos com que o tempo já marcou aqueles corpos tisnados.
São um exemplo. Que demontra um apego à Natureza que está muito para lá das palavras profundas e bonitas que tantas vezes por aí ouvimos.
Este casal não quererá muito saber de férias, de subsídios. Não se preocupará com o Tratado de Lisboa ou com a contenção do défice ou com a localização do novo aeroporto.
Mas sabe o que é o amor à terra e à vida. E isso lhe basta.
Só que dou por mim a pensar que, em breve, o ciclo de vida deste casal de agricultores estará terminado. E, o mais certo é que aquele espaço verde , que, teimosamente, ainda resiste à voracidade da especulação imobiliária, vai ter o destino traçado.
Deixará de ser vivo e verde, para dar lugar ao betão.
Deixará de ser vivo e verde, para dar lugar ao betão.
1 comentário:
Os meus avós também cultivavam assim muitas coisas, e ainda cultivam, mas menos.
Enviar um comentário