Contrariamente ao que aconteceu nas quase quatro últimas décadas, este meu Setembro, não foi marcado pelo início de mais um ano escolar.
De facto, desta vez, não tive de reencontrar colegas, perguntar como foram as férias, retomar o pulso à profissão, delinear as expectativas no que se refere aos alunos novos que iria ter.
Agora, limito-me a ver as coisas "de fora". Com os ecos que me chegam, através da comunicação social e, sobretudo, através da professora que vive comigo cá em casa e que continua no activo.
Há uns anos, imaginava que um Setembro assim, sem aquele sentimento de recomeço que sempre vem ter com o docente no dealbar de um novo ano escolar, me deixaria melancólico e tristonho.
Em circunstâncias normais, assim seria.
No entanto, estranhamente, o que respiro nestes dias, é uma intensa sensação de alívio. Porque, afinal, ainda está muito presente em mim, a frustração, a raiva, o desânimo, que me acompanharam, nos últimos tempos da profissão.
Mas esse alívio, não quer dizer alheamento. Porque, mesmo aposentado, continuo e continuarei a ser aquilo que sempre desejei ser. Quando, ainda menino, uma das minhas brincadeiras preferidas era imitar os meus mestres. Copiar os seus tiques, "escrever sumários", marcar notas na caderneta, passar "sermões" aos que se portavam mal. Afinal, ensinar foi sempre o que eu quiz fazer na vida.
Por isso, no início deste Setembro diferente, não posso deixar de expressar aqui a minha solidariedade para com todos os colegas que, no activo ou no desemprego, estão a sofrer, de muitas formas, os efeitos de políticas insensíveis, injustas, meramente economicistas que, ainda por cima, se hão-de revelar como pouco mais do que ineficazes.
E espero que esses colegas saibam encontrar, na união e na tolerância mútua, as armas com que irão resistir às ratoeiras de divisão que lhes colocaram no caminho. O mais fácil será sempre cada um virar-se contra o colega do lado. Porque é titular e eu não sou. Porque me vai avaliar. Porque está no topo.Porque...
Há sempre que ter em conta que os ministros poderão mudar, mas os profissionais e a sua missão, terão sempre de permanecer.
Para todos, em mais esta etapa da carreira, votos de boa sorte!
A sorte possível!
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