sexta-feira, novembro 03, 2006

Variações sobre o mesmo tema 4

Conforme já disse, a partir de certa altura, o fado assistiu a um esforço de renovação no que se refere, fundamentalmente, aos textos.
Amália começou a perceber que não se podia quedar pela linearidade e falta de ambição artística de algumas das letras que interpretava e foi incluindo no reportório poetas como Camões, David-Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Pedro Homem de Mello e outros.
Aliás, os próprios poetas começaram a entender que serem cantados por cançonetistas ou fadistas, não era desprestígio, sendo, muito antes pelo contrário, uma das formas de tornar a poesia mais viva, mais partilhada, porventura mais actuante.
Depois dela, muitos outros fadistas foram apostando na qualidade da mensagem poética, o que contribuiu, inegavelmente, para que o fado recuperasse o prestígio que, a dada altura, estava um tanto afectado por anos e anos de conformismo e estagnação.
Artistas como Carlos do Carmo, Camané, Mariza, Kátia Guerreiro, para só citar escassos exemplos oriundos de várias gerações, têm construído uma carreira que demonstra que se podem prosseguir as raízes musicais deste género que é, de facto, nacional, sem cair no mau-gosto e na banalidade.
O seu exemplo, vai frutificando. Novas vozes vão aparecendo, com iguais exigências de qualidade. Por vezes, ainda não tão conhecidas do chamado "grande público" como deveriam ser.
Mas esse será assunto para a última destas variações com que vos tenho vindo a enxofrar esta semana.


Rosa vermelha (J.C. Ary dos Santos- Alain Oulman) Kátia Guerreiro

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