segunda-feira, outubro 30, 2006

A parábola dos rebuçados


Era uma vez um menino que gostava de comer rebuçados.
Não por gulodice desenfreada, mas porque se sentia no direito, de vez em quando, de saborear alguns dos prazeres que, no seu entender, lhe coloriam a vida.
Certo dia, a mãe, que até ali não se tinha verdadeiramente apercebido daquele gosto inocente, decidiu que o menino não mais poderia comer rebuçados.
A criança. desgostosa, tentou perceber a razão daquela interdição.
A progenitora, encolhendo os ombros disse apenas que eram ordens do papá e que o papá tinha todo o direito de dar ordens. E, por outro lado, era perfeitamente natural que nem todos pudessem comer rebuçados.
O menino, naturalmente triste, foi chorar o desconsolo para um canto da rua.
Os amigos do menino, ao saberem da história, juntaram-se todos e foram fazer um grande barulho à porta da casa do menino, chamando alguns nomes pouco bonitos à mãe e ao pai.
Nesse dia, quando o menino chegou a casa, a mãe esperava-o de dedo em riste.
- Diz lá aos teus amigos que não quero barulhos aqui à porta.
E, ouve bem, enqunto eles fizerem barulho, é que não comes mesmo mais nenhum rebuçado.
Se eles estiverem caladinhos, daqui por um mês, é possível que te dê um.
O menino bem argumentou que não fora ele a instigar a manifestação dos amigos, que nada adiantou.
Ficou, no entanto, a pensar que não era bonito a mamã fazer aquela chantagem com ele.
A palavra era forte. Mas com que outro nome poderia ele qualificar aquela atitude?

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