segunda-feira, novembro 09, 2009

Há muros que são mais difíceis de destruir

Faz, então, 20 anos, que caíu o "Muro de Berlim".
Acontecimento simbólico que assinala, indelevelemente, a História do século XX e que, em todo o mundo, está a ser relembrado e comentado.
Ontem, na Antena 1, ouvi uma excelente reportagem sobre este marco histórico que, entre outras coisas interessantes, insistiu na ideia de que, para lá da destruição material da barreira que impedia a livre circulação entre as duas partes da Alemanha, o muro ainda persiste. Ele está ainda implantado nas mentalidades dos alemães. Permanecem desigualdades (até salariais) entre as duas regiões agora unificadas, designadamente a nível salarial. E subsistem desconfianças mútuas entre as populações que, durante décadas, foram doutrinadas por sistemas políticos antagónicos.
E levará provavelmente muito tempo até que esses muros "mentais" se abatam completamente.
É um pouco como o que se passou e se passa no nosso país.
O 25 de Abril assemelha-se, de certo modo, à queda do muro de Berlim. No entanto, passados 35 anos, esse muro ainda vigora em muitas mentalidades. Há quem se situe, mais ou menos convictamente, de ambos os lados. E o que é mais intrigante é que, alguns que não aceitam o saltar desse muro, nem sequer eram nascidos quando ele implodiu.
O que leva a concluir que mais do que as barreiras físicas, cuja destruição é fácil de conseguir, é muito mais difícil eliminar os obstáculos ideológicos e mentais que impedem a verdadeira comunhão entre os povos.

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