Temos a tendência, por determinismo genético, por imposição educacional ou por qualquer outro motivo, a valorizar mais os nossos defeitos (que os temos às carradas) do que as nossas virtudes (que também as temos, e são bastantes).
Às vezes, é preciso que aconteça algo de mais mediático, para percebermos que, afinal, também há portugueses, entre aqueles que têm dados novos horizontes à Humanidade.
A recente operação do Eusébio, atendendo ao justificado prestígio mundial de que o genial jogador desfruta, fez trazer ao de cima, um facto, ignorado pela maioria dos portugueses. É que a técnica que foi usada na desobstrução da carótida do "Pantera Negra" foi originalmente criada , há quase 60 anos, por um médico nosso concidadão e no nosso país: João Cid dos Santos. Hoje é usada em todo o mundo.
Apesar de nessa altura se viver sob o comando do "maior português de sempre", que considerava que, para a generalidade dos compatriotas, chegava muito bem "saber ler escrever e contar" e não dava nenhuma importância a insignificâncias tais como a investigação científica. Aliás, há uma frase de Cid dos Santos, que é esclarecedora a esse propósito :"Quando há propensão para a investigação, ela pode ser conseguida com garfos, facas e colheres". Este insígne médico, teve, mesmo, complicações com o regime, apesar de não ser propriamente um opositor declarado. Mas como lhe fez algumas críticas, acabou por lhe ver ser aplicada uma punição que lhe limitava a actuação clínica ...
Cid dos Santos é apenas um dos muitos exemplos que, felizmente, temos possibilidade de referir, de portugueses que deixaram a sua marca no mundo.
Lembram-se de Pedro Nunes, grande matemático que, no século XVI, inventou um aparelho, o nónio, que haveria de revolucionar, designadamente, as técnicas de navegação?
E há outras coisas, mais modestas, mas que também têm a "nossa marca". Sabiam que aquela carapuça que se coloca nos microfones, quando se fazem reportagens ao ar livre, para evitar o ruído do vento, foi inventada por um português?
E muito mais se poderia citar.
Portanto, é possível que sejamos pequeninos, mas, contudo, não exagremos...
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