segunda-feira, março 23, 2009

Debate sobre a violência 1


Começo hoje a publicar as contribuições para o debate que me foram chegando, pelas mais diversas vias.
Quem abre "as hostilidades" é a querida Fatyly.
Eis o que ela escreveu sobre a matéria em análise:

1- Sempre houve violência nas sociedades mas a meu ver, hoje são estupidamente mais mediatizadas/ampliadas e por vezes com informações destorcidas.

2- Aqui vou buscar "duas passagens" de um livro "Voltei à escola", de um mestre sabedor e entendido na matéria, Daniel Sampaio, que para mim foi uma enorme ajuda na minha tarefa de mãe-pai/educadora:
"A indisciplina na escola tem múltiplas causas, estando também associada a comportamentos agressivos de crianças e jovens (...), que carregam desde a primária sentimentos mal-estar em relação à escola, têm experiências de vida quase sempre pesadas que o sistema escolar tem dificuldade em integrar, raramente têm na escola experiências que as valorizem, que as ajudem a desenvolver sentimentos de auto-estima, na escola são muitos professores, muitos alunos, há falta de tempo e disponibilidade para aprofundar e trabalhar uma tal diversidade de problemas. Quase todos os alunos têm atracção pela escola, é um sítio onde estão com os seus amigos...mas está por vezes também carregada de factores de rejeição.(...) tudo isto passa por um diálogo muito grande entre pais e professores, sobre qual o papel da escola, o que entendemos como educação, o que é isto e responsabilização dos alunos(...)"
Agora sou eu: hoje tudo é permitido ao aluno para que não seja afectado psicologicamente, ou seja "os mais rebeldes e que não querem estudar" e obrigados/integrado no e com o facilitismo actual por parte do ME para ficarem bem nas malditas estatísticas, levam para a escola as práticas da rua que era o seu espaço, onde o governo actual e conomicista optou por essa via, em vez de investir noutros espaços lúdicos, aprendizado e de ordem!

3- Cada indvíduo tem o seu lado escuro, mas aqui ponho quatro factores que a meu ver são a base de sustenção de tanta violência:
- quando crianças e abandonadas ou retiradas por serem sujeitas a tantas sevícias, ficam à guarda de entidades estatais que muitas vezes e imperdoavelmente falham, falham, falham...na afectivadade, carinho e valores morais e educacionais. Aos 18 anos vão para a sociedade...e começa a escalada de tudo, onde uns se integram e refazem as suas vidas e outros continuam a escalada da "ausência de tudo"...
- alcool e drogas que os levam a enveredar pelo mundo da criminalidade, influências sociais bem nocisas para terem tudo de mão beijada.
- stress traumático de guerra
- acesso fácil às armas de fogo e brancas.
- o factor genético prediposto a cometer atrocidades debaixo de uma capa de anjo protectoe e amigo do seu amigo
As carências económicas só são predominantes se falhar a base educacional ...terem o que podem e não o que pretendem ter (aqui a minha geração é a maior culpada por os ter educado dessa forma).

4- Aqui poderia incluir um rol de prevenções...mas resumo numa só: de pequenino é que se torce o pepino, pais e professores devem estar atento, muito atentos e de mãos dadas, os amigos e confidentes têm um papel importante, ajudar e intervir sempre que preciso e denunciar...denunciar...denunciar...mas além de tudo isto é fundamental credibilizar organismos estatais, tal como a EDUCAÇÃO e JUSTIÇA!
Fatyly

2 comentários:

Andreia disse...

Uma boa semana para ti!

Anónimo disse...

Estou completamente de acordo consigoe vou juntar mais alguma reflexão ao seu texto.

Pimeiro a culpa era dos livros de banda desenhada violenta, depois dos filmes violentos e agora dos jogos violentos. A verdade é que todos os machos jovens sentem o impulso e a necessidade de afirmação perante os seus iguais para subirem na hierarquia do poder e de domínio das fêmeas e a violência para com os seus rivais é a forma mais natural de atingir o objectivo. Isto é observado em todo o reino animal, sejam: cães, bois, veados, peixes, macacos e, obviamente, o homem. Porém, este impulso natural era condicionado na espécie humana desde a infância em virtude das regras sociais que balizavam os comportamentos dos jovens sob pena de ficarem sujeitos a castigos severos. Mas a afirmação do jovem era feita de outras formas: o poder económico, a marca do automóvel, tratando de forma pouco digna os mais fracos, chamando-lhes alcunhas, muitas vezes relacionadas até com defeitos físicos, como: zarolho , maneta, etc...
Actualmente as crianças nascem e criam-se sem estarem sujeitas a grandes castigos, diria até na maior das impunidades e assim os instintos naturais não são condicionados pela socialização que condicionava antes os comportamentos dos jovens, daí a passarem a proceder como qualquer outro animal, agredindo fisicamente os seus rivais para se imporem perante eles e sobretudo as fêmeas, eis o que hoje chamamos de bullying ".

As actuais formas de educação estão erradas: "está tudo de pernas para o ar", a violência e o "bullying" são o resultado de tudo isso.

Os professores estão hoje impedidos de castigar fisicamente os alunos, mas não só: os próprios pais estão hoje sujeitos a duras penas se o fizerem em muitos países, incluindo em Portugal, por isso começou já a dar-se uma inversão em termos de autoridade que passou dos professores para os alunos e até dos pais para os filhos. Por isso não é de espantar que os professores tenham muita dificuldade em manter a ordem na sala de aula e por vezes nem o consigam, chegando até a ser severamente agredidos por alguns alunos. Começam também a surgir casos de pais que são duramente castigados pelos seus filhos quando não lhes satisfazem os caprichos, o que chega a acontecer em público, tendo sido já mostrado na televisão. Isto prova que os actuais conceitos de educação estão errados e um dia as ideias que agora dominam, de não aplicar quaisquer castigos físicos em quaisquer circunstâncias, terão que mudar. O Governo Português também não os admite por serem condenados pelo ocidente e pela EU, onde as mudanças terão que ocorrer primeiro. O problema nesses países é até mais grave do que por cá, por isso, em breve, deverão chegar à conclusão que alguns castigos físicos terão que ser repostos pelos pais e até pelos professores, sob pena de estarmos a criar cada vez mais pessoas inúteis, que não se adaptarão a cumprir nem ordens, nem horários, nem quaisquer outras regras, e que viverão sempre à custa dos outros porque é mais fácil, até porque foram habituados a fazer sempre apenas o que lhes dá prazer. Na vida real não é assim e como diz o ditado “de pequenino é que se torce o pepino”...
Os castigos físicos eram bem tolerados pelas anteriores gerações de pais e no futuro voltarão a sê-lo porque compreenderão a necessidade de ser dada autoridade aos professores para castigarem os alunos mal comportados para a protecção dos seus filhos que são as primeiras vítimas dos colegas delinquentes. Actualmente as escolas não têm meios de os proteger. Há até um abuso de linguagem ao se apelidar de "crianças" a todos os jovens de menor idade. Até parece que a inteligência e a capacidade de distinguir o bem do mal chega na noite em que completam dezasseis anos. Mas uma “criança” de três anos terá a mesma capacidade de entendimento de uma de uma outra treze? Agora já não temos um vocábulo que as distinga a não ser que continuemos a chamar “bebé” à de três anos, o que também não me parece correcto! Fazendo um esforço para compreender a extensão do termo “criança” a todos os rapazes e raparigas apenas concluo que é apenas para menosprezar o aumento da delinquência e da criminalidade nas camadas jovens, porque sendo praticada por crianças não se lhes dá tanta importância.
Afinal nem tudo é mau porque a maioria das crianças continua bem comportada e não necessita de tareia. Mas só o facto de se saber que o castigo é possível é só por si um desincentivo ao mau comportamento.
É claro que quando apoio os castigos físicos em casa e nas escolas me refiro apenas até cerca dos dez ou doze anos, o que deverá ser suficiente para socializar o aluno, mas, se não for, os jovens em causa deverão ser encaminhados para casas de "correcção" (ou outro nome que julguem mais conveniente) onde, com apoio psicológico, sejam habituados compulsivamente a cumprir regras, como: levantar, comer e deitar a hora certa e tratarem eles próprios das suas necessidades pessoais, aí as actividades de lazer deverão ser permitidas mas canceladas em caso de mau comportamento. Se até isso falhar então deverão ser casos perdidos.

Zé da Burra o Alentejano