As atribuições do "venerando" eram, sobretudo, andar por aí a fazer inaugurações, a abrilhantar cerimónias, acenar às pessoas e a fazer discursos.
Ficavam na história esses discursos. Não porque fossem excelentes peças oratórias ou porque o que dizia se revestisse de decisiva importância política. Antes pelo contrário. Essas charlas eram, em geral, perfeitamente anedóticas.Tomás era perito em falar sem dizer nada.
Por exemplo, depois de dizer que era a décima sétima vez que visitava aquela cidade (frase com que, invariavelmente iniciava o uso da palavra, divagava, por exemplo, sobre os periquitos do senhor presidente da câmara ( foi mesmo verdade, acreditem) ou algo do mesmo teor.
Os tempos passaram e hoje o Presidente da República já não se confina a esse papel decorativo.
No entanto, por vezes, dou por mim a recordar essa época. Porque o actual Presidente também, com certa frequência, vai falando de minudências, ignorando as questões fundamentais.
Assim, ou se refere detalhada e dramaticamente às preversidades do novo estatuto autonómico dos Açores ou às graves consequências das recentes alterações da lei do divórcio. Sobre a crise económica profere vulgaridades e sobre os problemas políticos do país, acha sempre uma forma de se desviar.
Ou seja, os "periquitos" de Cavaco poderão não ser os mesmos do Tomás, mas, no fundo, acabam por ter um significado semelhante.
1 comentário:
É para ter um discurso mais comprido! hehehe
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