Sobre este triste acontecimento, já quase se disse tudo.
Por isso, se ainda aqui evoco, é porque quero afirmar, peremptoriamente, que, casos como este, estão longe de serem únicos. Aqui, apenas aconteceu o facto de ter transposto as paredes da sala de aula. E, se calhar, ainda bem que o vídeo foi feito e apareceu "cá fora". Porque muita gente não acreditava que coisas desse tipo acontecessem.Mesmo aqui, quando uma vez falei sobre as condições de risco em que a função docente se exerce, houve vozes a sugerir que eu estava a exagerar.
Por isso, se ainda aqui evoco, é porque quero afirmar, peremptoriamente, que, casos como este, estão longe de serem únicos. Aqui, apenas aconteceu o facto de ter transposto as paredes da sala de aula. E, se calhar, ainda bem que o vídeo foi feito e apareceu "cá fora". Porque muita gente não acreditava que coisas desse tipo acontecessem.Mesmo aqui, quando uma vez falei sobre as condições de risco em que a função docente se exerce, houve vozes a sugerir que eu estava a exagerar.
Esta minha afirmação, para além do conhecimento da realidade que se vive hoje nas escolas, tem, também, a força de um testemunho directo.
Deixei de dar aulas no início de 2007. Mas, nos últimos anos da minha carreira, fui, muitas vezes, confrontado com o som de telemóveis a tocar na sala. Normalmente, após a primeira ocorrência deste tipo numa dada turma, avisava solenemente que, à próxima, haveria confiscação do aparelho.
Mas havia, quase sempre, reincidência. Então, lá retirava o utensílio, entregando-o, de seguida, ao director de turma, sugerindo que o devolvesse directamente ao encarregado de educação. Mas, sabem o que normalmente acontecia ? Pois esse encarregado de educação, usualmente, demonstrava enfado por ter sido chamado à escola, acrescentando que o professor não tinha nada que tirar o aparelho ao menino ou à menina... Aliás, nos tempos que correm, muitas vezes,o aluno já tem "télélé" quando anda no 1º ciclo.
Nunca tive casos em que o aluno me confrontasse, resistindo à confiscação. Talvez porque os "meus" eram, ainda, relativamente novos. Mas, por vezes, quando era chamado para as célebres aulas de substituição no 3º ciclo, tinha, com alguma frequência, no início da aula, jovens "mais crescidos" que entravam ainda a enviarem sms ou de auscultadores nos ouvidos,a ouvirem música e se assim sentavam , como se isso fosse a atitude mais natural do mundo, e que só muito relutantemente e com grande insistência minha, lá guardavam "aquilo"...
É preciso dizer que, cada vez mais, esta postura de desrespeito pelo professor, este modo de encarar o docente como uma "figura decorativa", se implanta no dia a dia das salas de aula.
E isso tem muito a ver com o desprestígio que a classe docente tem acumulado ao longo dos anos, em grande medida pelas odiosas campanhas de intoxicação pública que instituições governamentais e "fazedores de opinião" têm despejado nos "media", contando, é bom dizê-lo, com alguns "telhados de vidro" com que uma minoria de docentes, pela sua postura pouco profissional, tem armadilhado a classe. Ao que agora se acrescenta a avaliação do desempenho que o ministério está a decretar. Onde um professor que denuncie "demasiados" casos de insoburdinação ou tenha alunos que abandonem a escola, corre o risco de ter uma classificação menos positiva. Porque será considerado como tendo uma "deficiente relação pedagógica com o discente" ou será apodado de "não se esforçar suficientemente pela redução das taxas de abandono escolar".
E, perante este estado de coisas, o que está a acontecer, é que uma boa parte dos colegas, prefere "fazer que não vê" o comportamento inadequado, o acto de indisciplina, e demite-se, pura e simplesmente da sua missão de educador.
Dir-se-á que é uma aititude errada. Mas, ela nasce de uma questão de sobrevivência. Porque a retaliação, está ali ao canto da esquina. No carro que aparece riscado. No pai ou irmão ou amigo que vem "ajustar contas" à saída, ou mesmo, como agora se viu, na "resposta directa e na hora" do aluno.
Poderia relatar aqui inúmeros casos que comprovam o que estou a dizer. Aliás, posso mesmo referir, que aquela frase que o governo tantas vezes repete, "temos mais alunos nas escolas", tem atrás de si um cenário inquietante. É que a maioria desses alunos, que foram "repescados" para voltarem , já tem um passado de insucesso esolar que lhes instilou uma imagem muito negativa da escola. Não gostaram de lá andar e não é agora que passaram a gostar. Até porque a instituição escolar não tem mudado o suficiente para se adaptar a novas exigências e novos desafios. Mas isso seriam contas de um enorme rosário a que, talvez um dia regresse.
Sei de situações em que esses tais alunos a quem foi dada uma "nova oportunidade", andam a passear-se pela escola, a fazer a vida negra aos professores, a destruir material...Mas, no fim, sairão com um diploma...
É claro que sei que estes graves actos de indisciplina, têm atrás de si, montes de problemas sociais e económicos. Que a escola, isoladamente, pouco pode atenuar.
Mas, assim como um delinquente que "aí fora" assume comportamentes marginais, tem de ser punido, para além do que, em paralelo possa ser feito para que esses comportamentos não se repitam, também, estes jovens que derespeitam rofessores, que sabotam o clima de trabalho nas aulas, impedindo, em última análise, que aqueles que querem aprender o façam com calma e tranquilidade, não podem gozar de impunidade ou tolerãncia conivente.
E aquilo que li, oriundo de uma federação de pais do distrito do Porto, não me sossega (embora, posteriormente, a Confap tenha "emendado a mão"). Pois, para além da condenação do acto (pudera, se não haviam de condenar) já estão a adiantar que está a haver aproveitamento político e sindical da ocorrência. Aliás, discurso semelhante está a ter o ministério.
E este será um primeiro passo para que, "assentando a poeira", tudo fique na mesma.
1 comentário:
Que palhaçada, essa miuda devia ser expulsa!
Concordo inteiramente com o teu post.
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