Quando se diz que a matemática é uma ciência exacta parece que se está a afirmar uma verdade indiscutível.
No entanto...
No entanto, as construções da linguagem matemática (que, essencialmente, pretende descrever o mundo e a vida), assentam em convenções arbitrárias. O que se pretende é que essas convenções funcionem de modo coerente, sem contradições.
Um exemplo: quando se diz "tão claro como dois e dois serem quatro", esquece-se que isso só é verdade se estivermos a utilizar o nosso habitual sistema de base dez. Porque, por exemplo no sistema de base dois (ou binário) utilizado, designdamente pelos computadores e outras gringonças, já não de pode falar nesses termos. Neste sistema, essa frase transformar-se-ia em 10+10 =100... (atenção que não se lê "dez mais dez ... mas sim "um zero mais um zero é igual a um zero zero... o que pode parecer estranho para quem está menos dentro desta área) .
E querem mais? Peguem na Estatística, que é um ramos mais interessantes da Matemática.
Pois aí, há que ter um particular cuidado com as "exactidões" .
Ainda agora, a propósito desse flagelo dos nossos dias que é a SIDA, apareceu uma rectificação operada pela ONU, que reviu "em baixa" (um esquisito chavão agora muito em voga...), o número mundial de infectados que passou de cerca de quarenta milhões, para pouco mais de trinta e três milhões.
Porque estão a dar resultado as políticas de combate à epidemia?
Nada disso. Este abaixamento significativo, acontece, apenas porque se mudaram os critéros estatísticos que conduzem à elaboração das estimativas.
Já agora, ficou também a saber-se que Portugal continua a ser o país da Europa Ocidental a registar maior número de casos declarados em termos proporcionais e o quarto em termos absolutos.
Ora aí está um dado estatístico que não vamos certamente ver referido nos discursos oficiais.
Ou seja, ouvimos falar na descida do défice, nas estatísticas que "ficam bem na fotografia", mas as outras...
Enfim, só é declarado exacto, o que convém.
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