segunda-feira, novembro 26, 2007

Poema para Galileu, revisitado 1




António Gedão é um dos meus poetas preferidos.
E, dentro da sua obra, o "Poema para Galileu", é, para mim, um dos mais belos e mais fortes.
A quem, eventualmente não conheça este belo texto, recomendo, vivamente, a leitura pausada e integral (deixo aqui um link a partir do qual se pode encontrar o poema).
Por agora, transcrevo a parte final, que irá servir de mote, aos posts que irei publicar ao longo da semana:

Ai, Galileu!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andava a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.

Tu é que sabias, Galileu Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.


Por isso, estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão direta dos quadrados dos tempos.

1 comentário:

Andreia disse...

Não é que eu goste muito de poesia, mas até é giro!