quarta-feira, novembro 07, 2007

O velho Spectrum


Em Abril deste ano, fez 25 anos que começou a ser comercializado na Inglaterra o Spectrum, que foi o mais famoso percursor dos modernos computadores pessoais.
Era uma máquina muito pequena e elegante, pouco mais do que um teclado.
Ligava-se a um mero aparelho receptor de televisão. Os programas e os jogos, eram carregados através de cassetes de fita magnética (usadas normalmente para gravações audio) com um simples leitor que se ligava ao computador.
Foi o primeiro computador que usei.
Aliás, a escola onde trabalhei em quase toda a minha vida profissional, foi uma das primeiras a adquirir uma destas máquinas.
Os meus conhecimentos sobre a informática eram, nessa altura, mais do que rudimentares. Mas nunca me esqueceu a "fórmula mágica" que fazia iniciar o Spectrum:
load, "" enter
Nessa altura, leccionava na minha escola, um colega de Inglês, cego (é este o termo que ele quer que se use para designar a sua falta de visão; "eu sou cego, não sou invisual" costuma dizer...)
Pois este professor, que é um homem reconhecidamente inteligente, sentiu, desde logo, que aquele utensílio poderia ser-lhe particularmente útil no seu trabalho docente, como forma de compensar as naturais dificuldades oriundas da sua deficiência física.
Assim, em breve, dominava já as potencialidades do micro-computador, sabendo programar e tudo.
Inclusivamente, construiu-me um software para leccionação de um conteúdo matemático que então se dava no 5º ano, que ficou espantosamente funcional. Eu só lhe expliquei o que queria e ele materializou a minha ideia em termos informáticos.
Aliás, este professor, tornou-se mesmo um especialista nesta área, tendo, designadamente, trabalhado muitos anos na DREN, como técnico informático, de onde foi obrigado a sair em tempos recentes.
No meu último ano de serviço, ainda trabalhei com este colega durante uns meses, numa disciplina chamada Estudo Acompanhado, leccionada, em simultâneo, por dois professores.
Pois o colega, dispõe de uma parafrenália de equipamentos informáticos e de projecção, incluindo teclados em braille, sintetizadores de voz que lhe permitem "ler" frases que estão escritas no monitor e por aí fora.
Quantas vezes, ao ajudá-lo, no fim das aulas, a guardar todo esse material, não recordámos aqueles tempos heróicos do velho Spectrum, que, apesar de hoje parecer um simples brinquedo, veio dar um gigantesco passo no caminho do progresso, em muitos sectores da nossa vida.

1 comentário:

Andreia disse...

O meu namorado também tinha uma coisa dessas!