Desde há muitos anos que sou sócio da APM, Associação de Professores de Matemática, que é, certamente, a maior e mais dinâmica associação profissional de professores. Como o comprova, para além de tudo o mais, o riquíssimo manancial de acções e de publicações (com destaque para a excelente revista trimestral "Educação e Matemática") que se associa ao seu já longo historial.
Os Profmat (o próximo será o 21º) são, anualmente, um invulgar espaço de reflexão, debate, troca de experiências e de formação, onde mais de um milhar de docentes , se empenha em encontrar novos rumos para o ensino/aprendizagem desta disciplina.
Ora, em Setembro de 2006, a APM, decidiu aceitar o óbvio convite para integrar a Comissão de Acompanhamento dos Planos da Matemática, iniciativa do ME lançada para tentar corrigir o conhecido grau de insucesso escolar nesta área.
Entretanto, foram tornadas públicas declarações da Ministra da Educação, a propósito do exames do 9º ano de Matemática afirmando, designadamente, :"Pela primeira vez, o país associará os resultados não apenas à performance dos alunos mas também ao trabalho das escolas e dos professores, para o melhor e para o pior".
Perante este tipo de afirmações, a APM reagiu em comunicado, insurgindo-se contra esta visão redutora das coisas da educação, que pretende colocar apenas nas escolas e, sobretudo nos professores, a culpa dos eventuais insucessos.
Devo dizer, e recorrendo à experiência própria, que este célebre Plano Nacional da Matemática, começou muito mal. Com efeito, o ME foi surpreendido pelo facto de mais de mil escolas terem apresentado projectos de trabalho, com propostas de actuação concreta, tais como a criação de laboratórios de matemática, reforço do equipamento tecnológico e implementação de accções de formação de professores.
Perante a avalanche inesperada de projectos, o ME foi, usando linguagem popular, "empaleando". Deste modo, no início do ano lectivo, havia apenas a indicação de cerca de uma centena de escolas com projectos aprovados ( mas ainda sem contratos assinados). A escola onde eu trabalhava, por exemplo, teve o projecto inicialmente aprovado mas com a condição de apresentar reformulações (que só foram expressamente referidas em Dezembro). Para não alongar este post (para quem quiser documentar-se melhor, sugiro a leitura do referido comunicado da APM), apenas referirei que todo o processo foi correndo a conta-gotas, e que ainda está longe de poder dar frutos imediatos, conforme a Ministra parece querer exigir.
Perante a avalanche inesperada de projectos, o ME foi, usando linguagem popular, "empaleando". Deste modo, no início do ano lectivo, havia apenas a indicação de cerca de uma centena de escolas com projectos aprovados ( mas ainda sem contratos assinados). A escola onde eu trabalhava, por exemplo, teve o projecto inicialmente aprovado mas com a condição de apresentar reformulações (que só foram expressamente referidas em Dezembro). Para não alongar este post (para quem quiser documentar-se melhor, sugiro a leitura do referido comunicado da APM), apenas referirei que todo o processo foi correndo a conta-gotas, e que ainda está longe de poder dar frutos imediatos, conforme a Ministra parece querer exigir.
De facto, esta teimosia em sacudir a àgua do capote, pretendendo fazer passar a ideia de que, que os males da Educação estão sempre a juzante do Ministério, parece já ser endémica.
Deste modo, a Ministra, fez saber que não tolerava a crítica da APM, e a associação "foi convidada a sair" da referida comissão de acompanhamento.
Ou seja, para este Governo, só contam os "yesman", que não fazem ondas, e acenam sempre afirmativamente com a cabeça.
Quem ousa contestar o dogma da infalibilidade governamental, arrisca-se a ir para a prateleira.
Como já disse no texto anterior, são tristes estes sinais dos tempos que correm...
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