terça-feira, junho 26, 2007

Apenas coincidências?

Há, na realidade portuguesa de hoje, sinais de um regresso a um passado não muito distante, que não podem deixar de nos provocar, para além da natural preocupação, uma séria reflexão.
Entre esses sinais, poderemos destacar o incentivo da delação, a punição pelo exercício do direito à crítica, entre muitos outros. Como o comprovam o caso Charruagate e o afastamento da APM do conselho de acompanhamento do Plano Nacional da Matemática (de que falarei em próximo post).
Começa a regressar, também, o elogio da pobreza, o paradigma do conformismo perante o "sacrifício" a bem da nação, que eram a norma nos "velhos tempos".
Dantes, na célebre "Casa Portuguesa" dizia-se:
"A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente. "

ou
"No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho. "
Agora, veja-se a quadra premiada em primeiro lugar, em 2007, no velho concurso que o JN promove todos os anos no S. João:
O pobre que faz cantando
Do lar cascata modesta
Vê nos seus filhos brincando
Os balõezinhos da festa.

E, já agora, este espantoso 10º prémio:


Viver num bairro de lata,
Que excelência em S. João!
Do casebre fiz cascata,
Dos filhos-figuração"

Que haja gente que faça este tipo de quadras, já começa por ser algo inquietante. Mas, haver quem as destaque, premeie e consagre, é ainda bem pior.
Já agora, talvez seja curioso saber quem era o júri do concurso: Carlos Daniel (jornalista da RTP), Júlio Magalhães (jornalista da TVI), Germano Silva (jornalista e historiador) .

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