Teresa Machado foi campeã nacional e atleta olímpica no lançamento do disco.
4 participações nos Jogos Olímpicos,56 títulos de campeã nacional, 43 recordes nacionais.
Hoje, que a sua carreira desportiva está a terminar, limpa casas e escadas de condomínios, já que a bolsa que actualmente recebe da Federação (350 euros mensais é exígua e só é recebida quando o rei faz anos).
Já concorreu para dezenas de outros empregos, sem sorte.
Diz que não quer "passar à frente dos outros", mas julga-se credora de um pouco mais de atenção.
De facto, o país só parece ter olhos para o desporto-espectáculo. Só acarinha os atletas enquanto estão "na crista da onda". Nessas alturas, são homenagens, condecorações, palmadinhas nas costas, fotografias para a galeria ver.
Mas, depois, tudo passa e tudo se esquece.
E isso tem um nome: ingratidão.
Aqui há uns anos, quando um dos grandes clubes da nossa praça ganhou, na mesma época, diversos títulos, em várias modalidades, a televisão fez um programa com atletas dessas modalidades. Nos bastidores do programa, o treinador da equipa profissional de futebol, conversando com o capitão da equipa de natação, perguntou-lhe como decorriam os treinos. Quando soube que os nadadores treinavam das 6h30 às 8 e das 17 às 20.30, perguntou-lhe, logo a seguir, qual era o subsídio que recebiam. Quando a resposta veio, a dizer "nem um cêntimo" o treinador arregalou os olhos de espanto e disse algo como "Então vocês treinam dez vezes mais do que os futebolistas profissionais, só por amor à causa? Não acredito!".
De facto, mesmo no desporto, há filhos e há enteados.
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