Na passada quarta-feira, a Fatyly referia-se á crise que se vive e à forma como alguma gente habilidosa e sem escrúpulos se aproveita dela para "se encher".
É bem verdade.
As épocas de crise, são sempre excelentes oportunidades para se fazerem bons negócios.
Eu nasci num tempo em que a Segunda Guerra Mundial ainda grassava na Europa (vejam lá como sou cota...).
Pois, embora Portugal (graças ao "nosso" Salazar) não vivesse directamente o conflito, foi claramente afectado por carências várias, designadamente em bens de primeira necessidade.
Ouvi várias vezes os meus pais falarem do racionamento do azeite, do açúcar, do pão.
Havia senhas que eram distribuídas às famílias, para irem às lojas comprarem o que aparecesse.
É claro que tais carências foram aproveitadas para alguma gente vender esse tipo de artigos no "mercado negro" obtendo com isso chorudos lucros.
Lembro-me também de me contarem que tinham um amigo proprietário de uma padaria. Vivíamos, então no Alentejo. E sabe-se como o pão é essencial aos alentejanos.
Então, o povo acorria a essa padaria, onde se formavam filas de gente á espera de poder levar alguns nacos de pão para matar a fome.
O meu pai ia ajudar o amigo. Este, ao reparar que o meu progenitor deixava parar a balança onde pesava o pão, logo lhe fez ver que esse procedimento não deveria ser seguido. Ou seja, o pão deveria ser posto no prato da balança e ser retirado quando o ponteiro atingia o máximo. Assim se ganhavam mais uns gramas que o cliente , afinal, não levava para casa.
Esse amigo do meu pai, quando a guerra acabou, ainda teve o desplante de dizer:
-Se a guerra tivesse durado mais uns dois anitos, ninguêm tivesse pena de mim!
Mesmo assim, acabado o conflito, já era proprietário de um bairro inteiro na cidade onde vivia.
E, quando o conheci, já só vivia dos rendimentos.
1 comentário:
Há muita gente que se aproveita.
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