segunda-feira, agosto 25, 2008

O direito à ilusão

Entre os anos cinquenta e oitenta, circulou , em Portugal, uma revista de "artes e espectáculos" (assim se auto-designava) que teve, a dada altura, bastante circulação.
Entre as várias iniciativas que promovia, contam-se as famosas eleições do "Rei" e da "Rainha" da Rádio, através da votação dos leitores.
Pois, a dada altura, a "Plateia" decidiu criar uma espécie de"ficheiro de artistas" (salvo erro denominado mesmo "Ficheiro Artístico Nacional") em que, semanalmente, publicava algumas páginas com os nomes, fotografias( grande parte delas tipo "passe", por vezes obtidas nas máquinas automáticas"), endereços e descrição das supostas capacidades de candidatos a uma carreira artística, nas mais diversas mosalidades. Do teatro ao cinema, da música à dança.
É claro que a publicação de cada ficha era paga pelo leitor.
Foram centenas, milhares, as fichas publicadas. De todo esse número arrisco-me a dizer que, na melhor das hipóteses, um ou dois participantes lograram "fazer carreira". E, mesmo neste caso, duvido que a publicação tivesse qualquer influência no facto.
A maior parte das descrições e fotografias apontavam para pessoas que dificilmente poderiam aspirar a singrar no mundo dos espectáculos.
Aquele "ficheiro artístico" alimentou, seguramente, muitas ilusões, sonhos e esperanças.
Mas, como costumo dizer, nesta sociedade, tudo se compra, tudo se vende.
Até o direito à ilusão, ao sonho, à esperança.

2 comentários:

Andreia disse...

É como aqueles cursos de modelo, quanquer pessoa pode fazer, desde que pague bem!!

Anónimo disse...

amadeu r. laranjeira bros