segunda-feira, junho 16, 2008

Adeus, M.

A vida , por vezes, prega-nos partidas de todo inesperadas e injustas.
Conheci-te, M., há 25 anos, quando entrei para a tua família, através de uma das tuas irmãs.
A princípio, houve alguma reserva da tua parte, relativamente ao "intruso" que se ia acrescentar a esse pequeno clã que vocês constituiam e que funcionou, ao longo de muitos anos, como uma defesa, perante as ondas e marés por onde teve de navegar.
Mas, pouco a pouco, fomo-nos entendendo. Porque fui "entrando na tua pele" e, também, porque concluiste que eu não correspondia à ideia, que inicialmente formulaste, de que devido à pequena diferença das nossas habilitações académicas, te iria manter "à distancia".
E fomo-nos aproximando. Até porque descobrimos um gosto comum pelo futebol e pelo clube que ambos escolhemos.
Mas, há cerca de um ano, a vida pregou-te (pregou-nos) uma dessas absurdas partidas que são difíceis de aceitar. A ti, um dos membros mais novos da família.
E neste último ano foi muito doloroso conviver com a degradação física que a implacável doença te trouxe.
Acabas, M. de partir. Quando ainda tinhas tantos sonhos por cumprir. Agora que tinhas estabilizado na profissão. Agora que tinhas uma vida mais calma e fazias projectos para acompanhar mais os teus pais e o teu sobrinho.
Não poderás concretizar mais nenhum desses projectos.
A tua cadeira no Estádio do Dragão, ali mesmo ao pé da minha, vai ficar estupidamente vazia da tua presença. Já não te terei ali para te abraçar quando o nosso clube marcar um golo.E para conversar sobre as incidências do jogo, quando me davas boleia para casa.
Nunca mais poderemos repetir aquela aventura que foi termos ido a Sevilha ver o nosso FCP vencer a taça UEFA e virmos, de regresso, numa alucinante e eufórica viagem de quase oito horas, comigo ao volante e tu ao meu lado, tentando desesperadamente não dormir e a cada passo a recomendar-me que parássemos para eu descansar, enquanto os companheiros de viagem iam a sono solto.
Custa muito acordar para a realidade da tua ausência. Para o lugar vazio (mais um) que vai sobrar na próxima mesa de Natal.
Mas a vida é assim. Por vezes, prega-nos partidas tão inesperadas como injustas.
Adeus, M.

1 comentário:

Andreia disse...

=(

A vida prega-nos partidas...
Os meus sentimentos!