terça-feira, maio 20, 2008

Basta!

Vi, na televisão, uma reportagem macabra que mostrava uma vítima do terramoto na China, que já estava soterrado há cinco dias.
As equipas de salvamento tentavam retirá-la dos escombros, mas com as equipas de televisão sempre de câmaras apontadas. Chegaram mesmo a filmar o momento em que o homem falou, através de um telemóvel, com a mulher, numa dramática e pungente última mensagem de amor.
Depois, faleceu e as televisões captaram imagens do corpo inerte.
Tudo isto demonstra que há um certo tipo de "jornalismo" que está a "bater no fundo".
Imagens de sofrimento são passadas com um realismo e uma crueldade quase obscenas, para gáudio das audiências.
De tal forma isto se está a repetir, que mais parece que os media estão a "vulgarizar o sofrimento".
E perante esta vulgarização, não há que admirar que as sociedades se tornem cada vez mais insensíveis perante a dor alheia.
É claro que, no meio disto tudo, lá aparecem umas campanhas de solidariedade, para "aliviar consciências". Mas é sempre uma minoria que adere, pois a maior parte fica-se apenas pelo voyeurismo, quando muito acompanhado por umas frases de comiseração.
Sempre defendi a liberdade de expressão como um valor fundamental de qualquer sociedade. Bati-me pela existência dessa liberdade, nos tempos em que ela era ferozmente condicionada no meu país.
Mas, tudo tem limites.
Os limites da decência.
Os limites do repeito pela dignidade da vida humana.
Ganhar audiências à custa de macabros e dantescos espectáculos de sofrimento?
Isso não!
Há tanta coisa para falar, tanto problema a resolver, tanta injustiça a denunciar, tanto erro a corrigir e a generalidade dos media prefere ocupar os seus tempos "de antena" com esta forma primária de "informar"?
Já chega!

1 comentário:

Andreia disse...

E' muito mau!:S