quarta-feira, setembro 26, 2007

Quem foi Helenio Herrera?

Se fizesse esta pergunta por aí, ao jeito dos inquéritos de rua que as televisões costumam realizar, quantos saberiam responder?
No entanto, nos anos 60, este treinador de futebol, nascido na Argentina, era apelidado de "O Mago" e as iniciais do seu nome eram consideradas como uma marca: HH.
Na sua longa carreira, coleccionou títulos. Entre os quais: duas vezes campeão de Espanha, com o Atlético de Madrid, outras duas, com o Barcelona, três vezes campeão em Itália, com o Inter de Milão e, a nível internacional, duas vezes campeão europeu e vencedor de duas taças intercontinentais.

Qual dos treinadores, no presente ou no passado, se pode gabar de tal palmarés?

Foi, talvez, o primeiro a usar a psicologia para motivar os seus jogadores e desestabilizar os adversários. Conseguia, como ninguém, mobilizar os adeptos no apoio às suas equipas (terá sido quem começou a incentivar a formação de claques organizadas) e proferia frases bombásticas, de que toda a imprensa fazia eco tal como :"Ganharemos sem sair do autocarro".

Aliás, ele incutia nos seus futebolistas um espírito ganhador, de tal modo que, uma vez, puniu um atleta que afirmou "Vamos jogar em Roma" quando ele exigia que se dissesse: "Vamos ganhar em Roma".
Era o Mago, tinha o mundo do futebol a seus pés embora, nesse tempo, os media não fossem tão poderosos e tão massacrantes da opinião pública como são hoje.
Mas ele sabia gerir a sua imagem e a sua carreira, de molde a atingir um estatuto especial no mundo do futebol.
Não consta, entretanto, que tenha participado em campanhas publicitárias de grandes marcas.
Retirou-se em 1980 e faleceu em 1997.
Nos seus tempos áureos, era "o maior".
Hoje, quem sabe quem ele foi?

Tudo isto nos mostra quão relativos são os qualificativos que, em cada época, se atribuem às "figuras públicas" e quão efémera é a sua passagem pelos cumes da fama.
E que, como já disse algumas vezes, tirando alguns génios que marcam, de facto indelevelmente, a história da Humanidade, como Shakespeare, Leonardo da Vinci, Picasso, Aristóteles, Miguel Ângelo, continuamos a fabricar ídolos de pés de barro que, tal como os foguetes nas romarias, sobem, brilham, pintam o céu, explodem num momento de glória, mas logo tombam, para ficarem reduzidos a insignificantes destroços, escondidos num qualquer desconhecido recanto.

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