quarta-feira, junho 06, 2007

Insignificantes e insignificantes

Há por aí personagens que, de um momento para o outro ficam na moda e, quase diariamente, nos entram pela casa dentro como se fossem gurus detentores da verdade.
O psicólogo Eduardo Sá é uma dessas personagens.
Pessoalmente, não vou muito à bola com este opinion maker. É demasiado delicodoce para o meu gosto, e, na sua aparente afabilidade esconde uma boa dose de autosuficiência. Por vezes é mesmo algo arrogante, quando passa atestados de menoridade a outras pessoas. E, com alguma frequência, fala sobre questões de que não dispõe de todos os dados.
Não discuto, porque me falta preparação para tal, a sua competência técnica e científica.E respeito quem o coloca num patamar elevado.
O que me incomoda um tanto é mais a sua postura.
Ontem, ouvi um pouco do programa que mantém com Isabel Stilwell, na Antena 1 (um espaço onde diariamente se ouvem comentários sobre assuntos diversos, coalhados por risadas constantes de ambos o intervenientes, um pouco ao estilo dos shows americanos, em que tem de haver uma gargalhada de dez em dez segundos).
Nesta rubrica, falava-se do caso do ex-militar da GNR que está a ser julgado por suspeitas de assassínio de três jovens.
Eduardo Sá, tentando explicar por que razão o indivíduo inicialmente terá confessado os crimes para agora se desdizer, afirmou algo como: "um insignificante cabo da GNR, vê-se, de um momento para o outro projectado mediaticamente, e por isso, ...".
Ou seja, já não bastavam aqueles mirabolantes anúncios da Campanha "Novas oportunidades" a denegrir determinadas profissões, tais como a de empregada de um quiosque de jornais, em detrimento de uma jornalista licenciada, e aparece um senhor importante a referir-se, depreciativamente, a um ramo profissional, que considera como menor.E, é claro que, não está aqui em causa o facto de podermos estar perante o caso de um impiedoso delinquente.
O que aqui ressalta, é que, para este eminente psicólogo (como para muitas outras excelsas personalidades), há profissões insignificantes e profissões significantes.
É claro que ele se considera significante. Por isso, tem direito a ser ouvido com alguma reverência.
No meu caso, não o escuto com reverência .
E muitas vezes, nem sequer com paciência.

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