Nos tempos que correm, é raro o dia em que não apareçam uns iluminados com um pacote de soluções milagrosas para se resolverem os problemas do país.
Desde a sustentabilidade da Segurança Social, à crise do Sistema Educativo passando pelo problema da Administração Pública, tudo ficaria resolvido em duas penadas, a avaliar pela convicção e grau de infalibilidade com que determinadas propostas são apresentadas.
Eles são fóruns, eles são simpósios, eles são relatórios, onde tudo é evidente e inequívoco.
Diminuir o peso da Administração Pública ?E fácil! Acaba-se com o Estado.
A Segurança Social está com problemas ? É linear! O Estado deixa de assegurar esse encargo e cada um que se desenrasque noutros sítios.
O Serviço Nacional de Saúde está em défice permanente? É óbvio. Cada cidadão que faça o seu seguro de doença e a coisa resolve-se.
Ontem apareceram mais algumas notícias nessas áreas.
Assim, diz-se que quase metade dos impostos vai para salários da Função Pública. O que levaria a crer que esta parte da população vive à custa da outra metade. Só que, por acaso, os funcionários públicos também pagam impostos, que inexroravelmente lhes são descontados no salário, facto de que, muito boa gente (que se escapa ao fisco com enguias), e que até subscreve essas críticas, não se pode gabar.
Também apareceu um relatório, dizendo que, ainda na Função Pública, há excesso de pessoal auxiliar.
Se isto fosse levado à letra, cegamente, lá veríamos, por exemplo, serem dispensados Auxiliares de Acção Educativa das escolas, quando, toda a gente sabe, que, aí, se vão acumulando défices crónicos que já obrigaram Encarregados de Educação a irem, voluntariamente, para as escolas, assegurarem as funções auxiliares mínimas para que os seus filhos pudessem ter aulas.
E, nos hospitais, os auxiliares, que ajudam a colmatar as carências de enfermeiros, iriam também para a rua?
A não ser que os médicos, os professores, os juízes, passem as limpar as salas onde trabalham, os empresários a passar a esfregona nos seus escritórios e os ministros a despejarem os cestos de papéis dos seus gabinetes. Se assim for, de facto, teremos de concordar com esses "salvadores da Pátria" e acreditar que eles sempre descobriram a pólvora e , afinal, ninguém sabia...
Sem comentários:
Enviar um comentário