Anteontem, o fogo andou por aqui perto. Demasiado perto. Deu para assustar.
Neste sítio onde moramos, há matas, há terrenos por urbanizar e há incúria.
Há lixo, há vegetação seca, há árvores muito perto das casas.
E ninguém toma medidas para prevenir situações de risco.
Como a que aconteceu anteontem.
As autarquias, mesmo quando pressionadas, não ligam nenhuma, nem fazem cumprir as leis que obrigam os respectivos proprietários a limpar os terrenos.
Mas, autarcas, governantes e outros políticos, quando as tragédias acontecem, são férteis em palavras. Palavras. Palavras.
O fogo andou aqui, junto das casas. O fumo entrava-nos pelos olhos, pelo nariz. As faúlhas, incandescentes ou mesmo já cinza, caíam como chuva.
E todos nós nos sentíamos impotentes.Com simples mangueiras de rega, tentávamos humedecer as casas e os matos.
Acabámos por ter sorte, pois as chamas apenas chegaram a lamber os muros de algumas habitações.
Os bombeiros foram eficientes.
Mas ficamos todos à espera de outras ameaças. Pois sabemos que, passada a "época dos fogos" (a época deve ser encarada como durando todo o ano), os responsáveis vão esquecer o que se tem passado.
E deixa-se aqui uma pergunta: estamos a recorrer a outros países para nos emprestarem os meios aéreos que não temos. Comprámos dois submarinos que custam milhões. Proteger os nossos recursos naturais, a vida e os haveres dos nossos cidadãos não será mais importante do que ter barcos que mergulham, de vez em quando, para fazerem não se sabe bem o quê?
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