O espectáculo teatral que mais me marcou em toda a vida foi a representação do poema de João Cabral de Mello Neto "Morte e Vida Severina", a que assisti nos anos sessenta no Teatro de S.João do Porto, levada à cena pelo Teatro de Estudantes da Universidade Católica de S. Paulo.
O texto, de uma intensidade dramática particularmente forte, conta a história de Severino, um nordestino do Brasil, retirando das suas inóspitas e ressequidas terras, em busca de uma vida melhor.
A peça, que se desenrolava num cenário muito simples e com figurinos minimalistas, prendia a atenção e a emoção do espectador desde a primeira cena.
A música foi criada expressamente para esta representação, por Chico Buarque que, então iniciava a sua vida artística.
Aqui vos mostro uma das cenas mais fortes da peça: "O Funeral do Lavrador", numa versão apresentada pela Tv Globo há uns anos.
O texto, de uma intensidade dramática particularmente forte, conta a história de Severino, um nordestino do Brasil, retirando das suas inóspitas e ressequidas terras, em busca de uma vida melhor.
A peça, que se desenrolava num cenário muito simples e com figurinos minimalistas, prendia a atenção e a emoção do espectador desde a primeira cena.
A música foi criada expressamente para esta representação, por Chico Buarque que, então iniciava a sua vida artística.
Aqui vos mostro uma das cenas mais fortes da peça: "O Funeral do Lavrador", numa versão apresentada pela Tv Globo há uns anos.
Funeral de um Lavrador
Composição: Chico Buarque de Hollanda / João Cabral de Mello Neto
Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada, não se abre a boca.
1 comentário:
Bom fim-de-semana!
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