Ontem, na sala de espera do meu centro de saúde, entra uma mulher, ainda jovem, que, sorridente, me interpelou:
-Olá, professor! Ainda se lembra de mim?
Nestas situações pressinto logo que estou perante uma ex-aluna. Mas, entre tantos milhares, é impossível que reconheça todas. Ainda para mais, após as inevitáveis transformações físicas que o decorrer do tempo acarreta.
-A cara não me é estranha, mas...
-O senhor foi meu professor de Matemática há mais de 20 anos. Eu sou a J.
E ali ficou a conversar longamente comigo. Disse-me o que fazia, qual foi o seu percurso escolar (abandonou o ensino "normal" para depois o retomar em curso nocturno) mostrou-me a fotografia do filho. Falou das diferenças entre a escola do seu tempo e a de hoje.
Há uma semana , tinha encontrado, a vender na rua, uma outra ex-aluna que não reconheci, mas que também falou comigo amigavelmente, dando a entender que me recorda com alguma simpatia.
Num momento em que tanto se fala de avaliação dos docentes, não serão estes acontecimentos, também, uma forma de um professor (ou ex-professor) se sentir avaliado? Sentir que "deixou algo pelo caminho"?
2 comentários:
Isso já aconteceu com o meu pai também!
Vim fazer companhia para Andreia, já que não estou consguindo comentar na outra opção.
Uma sensação agradável, alguém lembrar-se de nós depois de tantos anos. Mas alguns professores são mesmo inesquecíceis.Você deve ser um deles.
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